É HORA DE INVESTIR NAS FADM PARA GARANTIR SOBERANIA.

Moçambique Prefere ser Refém da: Dependência Externa ou Soberania Interna com as FADM?

Se dependesse do povo, as forças ruandesas saiam do país em 72h. Mas se dependemos da Frelimo então a Ruanda ficará com a Província de Cabo Delgado e Portugal vai nos des'organizar' até ao ponto de nos tornarmos uma colónia disfarçada de nação soberana.

Esta reflexão, que ecoa nas ruas de Maputo e nas aldeias de Cabo Delgado em vozes e nos ouvidos de qualquer moçambicano, excepto aos que governam e dirigem, bem como os seus simpatizantes e apoiantes, capta a essência da frustração popular com a estratégia de defesa moçambicana: uma dependência excessiva de aliados externos que, em vez de fortalecerem a nossa autonomia, perpetuam vulnerabilidades e comprometem a soberania

Como moçambicano preocupado com o futuro do país, defendo que é hora de priorizar investimentos sérios e autónomos nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), em vez de nos rendermos a parcerias que servem mais interesses alheios do que os nossos. Sabemos que há muito receio em reflectir e observar a lupa os contornos e históricos dos envolvimentos, por exemplo da França ou mesmo de Portugal em outros quadrantes, onde tudo se resume em patrocínio de forças desistabilizadoras em nações africanas. Mas, vamos tentar arriscar dissecar isso, partindo da realidade no terreno e do recente relatório do Gabinete de Informação Financeira de Moçambique (GIFIM), que expõe o cancro financeiro por trás da insurgência.

A cooperação com Portugal, em particular, embora útil no papel, revela-se uma muleta que nos mantém desequilibrados. Desde o acordo de defesa de 1988, renovado até 2026, Portugal tem fornecido treinamento em forças especiais, marinheiros e controlo aéreo táctico, com até alguma presença de militares no terreno e cerca de 40 milhões de euros via missões da União Europeia (UE), como a EUMAM-MOZ, que se estende até junho de 2026. Isso ajuda na regeneração de forças de reação rápida e na manutenção de equipamentos, contribuindo para o combate à insurgência em Cabo Delgado. Pelo que se diz. 

No entanto, esta assistência é dependente de doadores europeus e foca-se em capacidades imediatas, sem construir uma verdadeira independência. É uma "desorganização" subtil: Portugal, com o seu legado colonial, molda as nossas forças à imagem europeia, mas não nos dota de ferramentas para operarmos sozinhos. Análises estratégicas internacionais, como as do CSIS e do ISS Africa, alertam que tais parcerias estabilizam o curto prazo, mas distorcem prioridades nacionais, criando desconfiança local e impedindo reformas profundas nas FADM, incluindo integração civil-militar e respeito pelos direitos humanos.

Pior ainda é a presença das forças ruandesas (RDF), que se assemelham a uma ocupação amigável com prazo indeterminado. Desde 2021, entre 1.000 e 5.000 soldados e polícias ruandeses operam em Cabo Delgado, com rotações recentes em setembro de 2025 para substituir contingentes actuais. Eles recuperaram territórios chave como Palma e Mocímboa da Praia, reduzindo os insurgentes do Estado Islâmico-Moçambique (ISM) de 2.500 para cerca de poucos homens combatentes, que já não podem fazer ataques simultaneamente em vários locais aos mesmo tempo, apoiados por 20 milhões de euros extras da UE. Mas então, nessas incursões, os nossos estavam fora ou longe da zona? Será que não conseguiram por incapacidade táctica? Claro que não, foi só um simples hábito de que o nosso soldado actual não pode estar melhor equipado por os seus dirigentes nunca estiveram melhor que o que ele exige actualmente para combater. 

Mas as críticas acumulam-se ainda: falta de coordenação com as FADM, respostas lentas a ataques – como os de Chai e Litamanda em março de 2025, que deixaram civis à deriva – e suspeitas de que priorizam interesses ruandeses, como acesso a recursos minerais ou influência regional. Se o povo decidisse, essas forças sairiam em 72 horas, pois representam uma perda de soberania: Ruanda não está lá por caridade, e o risco de "ficar com Cabo Delgado" não é hiperbólico, dado o controlo efectivo que exercem sobre zonas estratégicas. Sem investimentos autónomos nas FADM, Moçambique torna-se um peão em jogos geopolíticos, vulnerável a chantagens diplomáticas se Ruanda decidir retirar-se ou exigir mais concessões.

Esta dependência externa ganha contornos ainda mais alarmantes à luzEliight do Relatório de Análise Estratégica (RAE) do GIFIM, publicado na semana de 23 a 27 de Setembro de 2025, que revela fluxos suspeitos de mais de 7 milhões de dólares (cerca de 442 milhões de meticais) destinados ao financiamento do terrorismo entre 2017 e 2024. Esses fundos, detectados através de 86 comunicações de operações suspeitas (COS), 403 de actividades suspeitas (CAS) e milhares de relatórios de transferências bancárias e móveis, fluíram principalmente para Cabo Delgado, mas também para Nampula, Zambézia, Sofala, Manica e Maputo.

As técnicas de lavagem incluem depósitos em numerário, fracionamento de transações e "smurfing" via contas múltiplas, envolvendo financiadores locais como comerciantes, funcionários públicos, ONGs e empresas privadas, muitos de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, ligados a redes regionais africanas do Estado Islâmico.

Exemplos concretos incluem transações entre um comerciante estrangeiro e líderes do ataque a Mocímboa da Praia, ou uso de múltiplas carteiras móveis para dissimular fundos. Algo que deviam ser potenciado exclusivamente na inteligência das FADM, independentemente de existirem as outras forças de inteligência como o SISE e o SERNIC. 

O relatório sublinha vulnerabilidades sistémicas: o Banco de Moçambique tem apenas, se não quase uns oito inspetores para supervisionar o sector contra lavagem, o que é insuficiente num país com projectos de gás bilionários em risco.

Enquanto o dinheiro sujo circula internamente via bancos e serviços como M-Pesa, as FADM dependem de ruandeses para o combate armado e de Portugal para treinamento, sem uma inteligência financeira própria robusta para cortar essas veias do terrorismo. Aliás, o que se sabe sobre intercepção das vias de comunicação ou simplesmente sobre a capacidade dos meios de Comunicações nas nossas Forças? Como pode um país estar fazer uma guerra deslocando Forças a depender das comunicações civis e comerciais? Parece um pouco absurdo, mas é grave. Sem comunicação de cada homem com seu comando através de rádios ou outros meios sufisticados e independentes com capacidade de transmissão e emissão, até intercepção, é colocar filhos da pátria a mercê dos que devíamos combater e não proteger. 

O cerne do problema é claro: ignorar investimentos autónomos e secretos nas FADM é um suicídio nacional. Com o PIB projectado para crescer 5,2% em 2025, impulsionado por royalties do gás natural (projectos da TotalEnergies e ExxonMobil a retomar produção em meados do ano), há recursos para alocar pelo menos 2-3% do orçamento em defesa própria. Isso inclui criar centros de inovação secreta em Maputo, Sofala ou Nampula, desenvolver produção local de armas e munições, treinar agentes em cripto-rastreio e integrar o GIFIM directamente às operações militares com task forces de ciber-inteligência. As FADM recebem equipamentos da UE (85 milhões de euros via European Peace Facility até março de 2025), mas o foco deve transcender a manutenção para uma reforma endógena que aborde raízes da insurgência, como pobreza e exclusão em Cabo Delgado.

Em resumo, a estratégia actual da Frelimo – priorizar muletas externas enquanto o cancro financeiro e militar cresce internamente – condena-nos a um ciclo vicioso. Nossos generais merecem vozes autónomas e opiniões visionárias nas manobras das políticas feitas pelo governo. Coopere com Portugal para expertise e com Ruanda para fogo imediato, mas use isso como ponte para a soberania plena. Caso contrário, o relatório do GIFIM será apenas o primeiro de muitos, e Moçambique arriscará perder não só territórios, mas a sua essência como nação independente. O povo sabe: autonomia não se mendiga, constrói-se. É tempo de investir nas FADM como se o futuro dependesse disso – porque depende.


Comentários

  1. Concordo plenamente, que às forças armadas de Moçambique devem ser caprichada em equipamentos de alta tecnologia.

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  2. Estou C medo mesmo como anónimo.

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