COISAS QUE NUNCA ME ENSINARAM

Como cuidar da saúde mental sem dinheiro

A saúde mental não é um luxo reservado para quem tem dinheiro. Esta é uma mentira que a sociedade nos vendeu, criando a ilusão de que apenas pessoas com recursos financeiros podem cuidar do seu bem-estar emocional. Você também pode cuidar de si, bastando para isso, ter um pouco de paciência, um pouco de esforço e coragem de seguir as próximas linhas dedicadas a te mostrar o caminho para a o efeito desejado. 

A verdade é que muitas das ferramentas mais poderosas para manter e melhorar a nossa saúde mental são gratuitas e estão ao nosso alcance, independentemente da nossa situação financeira. E quanto mais partilharmos o que aqui está apresentado, mais efeito e sentido para fazer nas nossas vidas e mudar o mundo caótico ao ideal que almejamos. 

 O mito da terapia cara

Fomos condicionados a acreditar que cuidar da saúde mental significa necessariamente pagar consultas caras a psicólogos ou psiquiatras. Embora a terapia profissional seja valiosa e, idealmente, deveria ser acessível a todos, a nossa saúde mental não precisa de ficar refém da nossa carteira. Existem centros de saúde públicos que oferecem apoio psicológico gratuito, organizações não-governamentais que prestam serviços de saúde mental, e até universidades que oferecem atendimento por estudantes supervisionados.

Mas mesmo quando estes recursos não estão disponíveis, podemos desenvolver práticas poderosas de autocuidado mental que não custam nada além do nosso tempo e dedicação. Então, estás pronto para saber quais são esses recursos? 

 A respiração: o remédio que sempre temos connosco

A respiração consciente é uma das ferramentas mais subestimadas para a saúde mental. Quando estamos ansiosos, deprimidos ou stressados, a nossa respiração torna-se superficial e rápida. Aprender a respirar profundamente activa o nosso sistema nervoso parassimpático, que é responsável por nos acalmar.

Uma técnica simples é a respiração 4-7-8: inspira durante 4 segundos, segura a respiração por 7 segundos, e expira durante 8 segundos. Repete este ciclo algumas vezes e notarás uma diferença imediata no teu estado mental. Esta técnica pode ser feita em qualquer lugar, a qualquer hora, e é completamente gratuita.

 O poder da natureza

A natureza tem um efeito terapêutico comprovado na nossa saúde mental. Não precisamos de viajar para destinos exóticos ou pagar entrada em parques caros. Uma caminhada matinal no bairro, sentar-se debaixo de uma árvore, ou simplesmente observar o céu podem ter efeitos profundos no nosso bem-estar.

A luz solar natural ajuda a regular os nossos ritmos circadianos e aumenta a produção de serotonina, o neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar. Mesmo 15 minutos de exposição ao sol podem fazer uma diferença significativa no nosso humor.

O exercício como antidepressivo natural

O exercício físico é um dos antidepressivos naturais mais poderosos que existem. Não precisamos de uma inscrição no ginásio ou equipamento caro. Caminhar, correr, fazer exercícios de peso corporal em casa, ou até mesmo dançar sozinho no quarto podem liberar endorfinas que melhoram naturalmente o nosso humor.

O exercício também ajuda a reduzir o cortisol, a hormona do stress, e melhora a qualidade do sono, que está directamente ligada à saúde mental. Estabelecer uma rotina simples de movimento físico pode ser transformador.

A importância do sono

O sono é o momento em que o nosso cérebro se repara e processa as experiências do dia. A falta de sono adequado está directamente ligada a problemas de saúde mental como ansiedade e depressão. Criar uma rotina de sono saudável não custa dinheiro, mas requer disciplina.

Isto significa ir para a cama e acordar sempre à mesma hora, evitar ecrãs pelo menos uma hora antes de dormir, criar um ambiente escuro e silencioso, e desenvolver um ritual relaxante antes de dormir. Estas práticas podem melhorar drasticamente a qualidade do nosso sono e, consequentemente, a nossa saúde mental.

A alimentação como medicina

O que comemos afecta directamente como nos sentimos. Alimentos processados, açúcar em excesso e cafeína podem contribuir para a ansiedade e instabilidade emocional. Por outro lado, uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras pode estabilizar o nosso humor e energia.

Não precisamos de alimentos caros ou suplementos. Alimentos simples como bananas (ricas em triptofano, que ajuda a produzir serotonina), aveia (que estabiliza o açúcar no sangue), e vegetais de folha verde (ricos em ácido fólico) podem ter efeitos positivos na nossa saúde mental. Talvez seja até por isso dizem por aí que pobre (do campo ou zonas rurais) não zanga nem fica stressado, pois os seus alimentos oferecem um conforto nesse quesito. 

A escrita terapêutica

Nós Africanos nunca foi o nosso forte até mesmo à leitura. Mas escrever sobre os nossos sentimentos e experiências é uma forma poderosa de processamento emocional. Não precisamos de ser escritores ou ter material caro. Um caderno simples e uma caneta são suficientes para começar uma prática de escrita terapêutica.

Há pessoas que têm milhares de rascunhos escrito e que nunca se identificaram como escritores ou qualquer coisa do género, pois só escrevem por naturalmente lhes fazer bem a alma. Escrever durante 15-20 minutos por dia sobre o que estamos a sentir, sem censura ou preocupação com gramática, pode ajudar-nos a compreender melhor os nossos padrões emocionais e a encontrar soluções para os nossos problemas.

A meditação sem misticismo

A meditação não precisa de ser uma prática espiritual complexa. No seu núcleo, meditar é simplesmente treinar a mente para se focar no momento presente. Isto pode ser feito sentado numa cadeira, concentrando-se na respiração, ou mesmo durante actividades quotidianas como lavar a loiça ou caminhar.

Existem aplicações gratuitas que podem guiar-nos nos primeiros passos, mas não são essenciais. Começar com apenas 5 minutos por dia de atenção plena à respiração pode, com o tempo, desenvolver a nossa capacidade de gerir o stress e a ansiedade de forma mais eficaz. 

A força das ligações sociais

O isolamento é um dos maiores inimigos da saúde mental. Manter ligações sociais saudáveis não custa dinheiro, mas requer esforço consciente. Ligar a um amigo, visitar um familiar, ou simplesmente ter uma conversa genuína com um vizinho pode ter efeitos profundos no nosso bem-estar emocional.

Numa era de redes sociais superficiais, as ligações humanas reais tornaram-se ainda mais preciosas. Partilhar as nossas preocupações com alguém em quem confiamos pode aliviar o peso emocional que carregamos sozinhos.

A gratidão como prática diária

A gratidão é uma das práticas mais simples e poderosas para a saúde mental. Não se trata de ignorar os problemas reais ou fingir que tudo está bem. Trata-se de treinar a mente para notar também as coisas boas, por mais pequenas que sejam.

Antes de dormir, pensa em três coisas pelas quais és grato naquele dia. Podem ser coisas simples como ter tido água para beber, ter recebido um sorriso de um estranho, ou ter conseguido resolver um problema. Esta prática simples pode, com o tempo, alterar a nossa perspectiva sobre a vida.

Criar estrutura no caos

Quando a vida parece caótica, especialmente durante períodos de dificuldade financeira, criar pequenas estruturas pode dar-nos uma sensação de controlo e estabilidade. Isto pode ser tão simples como fazer a cama todas as manhãs, estabelecer horários regulares para as refeições, ou criar pequenos rituais que marcam o início e o fim do dia.

Estas estruturas não custam dinheiro meus amigos, mas dão-nos pontos de referência numa realidade que pode parecer instável. São âncoras que nos ajudam a manter a sensação de normalidade e controlo.

A aprendizagem como terapia

Aprender algo novo estimula o cérebro e pode dar-nos um sentido de propósito e realização. Não precisamos de cursos caros ou equipamento especializado. Podemos aprender uma nova língua através de aplicações gratuitas, ver tutoriais no YouTube, ler livros da biblioteca, ou simplesmente observar e aprender com as pessoas à nossa volta.

O acto de aprender activa áreas do cérebro associadas ao prazer e à recompensa, o que pode ajudar a combater sentimentos de depressão e desesperança. Aliás, sendo concreto, tenho um amigo, inacreditável, puxa uma conversa em russo, fala inglês bem, francês um pouco, e adivinhem: parece solitário e fechado, felizmente tem uma incrível mulher e uma filha, ainda ostenta um ar de ser empreendedor - tudo feito à sós, pura autodidata. 

Aceitar a ajuda quando necessário

Por fim, é importante reconhecer que, embora possamos fazer muito pela nossa saúde mental sem dinheiro, há momentos em que a ajuda profissional é necessária. Se estás a ter pensamentos de autolesão, se sentes que não consegues funcionar no dia-a-dia, ou se as estratégias de autocuidado não estão a funcionar, procura ajuda.

Muitas vezes, a ajuda está mais próxima do que pensamos. Centros de saúde, linhas de apoio, organizações religiosas, e até mesmo professores ou chefes compreensivos podem ser recursos valiosos.

Conclusão

A saúde mental é um direito, não um privilégio. Embora seja verdade que o acesso a cuidados de saúde mental profissionais deveria ser universal, não podemos esperar que o sistema mude para começarmos a cuidar de nós mesmos. As ferramentas estão ao nosso alcance, custam apenas o nosso tempo e dedicação, e podem ser extraordinariamente poderosas.

Num mundo que frequentemente nos faz sentir impotentes face às circunstâncias, descobrir que temos o poder de influenciar significativamente a nossa saúde mental é libertador. Não precisamos de ser vítimas da nossa situação financeira. Podemos escolher, todos os dias, pequenas acções que nos aproximam de um estado mental mais saudável e resiliente.

A revolução da saúde mental começa connosco, com as escolhas que fazemos todos os dias, e com a compreensão de que o nosso bem-estar emocional é demasiado importante para ficar dependente do dinheiro que temos na carteira.

Como Cuidar da Saúde Mental sem Dinheiro


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