FÉ, CIÊNCIA E O DESENHO DO UNIVERSO

O QUE REVELAM OS DADOS GLOBAIS?

“A ciência sem religião é coxa, a religião sem ciência é cega.”
— Albert Einstein
Estamos basicamente a lidar com entendimento de que “a ciência investiga, a religião interpreta. A ciência dá conhecimento, a religião dá sentido.” Se a utopia de formar uma opinião equilibrada pairar em algum momento das nossas vidas. 

Uma vez que, o mundo está dividido entre os que acreditam num Deus ou ser supremo e os que rejeitam essa ideia. No entanto, quando olhamos mais de perto para os números, a história é mais complexa e surpreendente. Dados provenientes de uma pesquisa global realizada em 2010, abrangendo 23 países, revelam não só o mapa da fé, mas também nuances intrigantes da relação entre ciência e espiritualidade.


Acreditar em Deus: Quem Crê e Onde

Os países com maior taxa de crença em Deus ou num ser supremo situam-se principalmente no hemisfério Sul e no mundo em desenvolvimento. O top 5 inclui:

  1. 🇮🇩 Indonésia – 93%
  2. 🇹🇷 Turquia – 91%
  3. 🇧🇷 Brasil – 84%
  4. 🇿🇦 África do Sul – 83%
  5. 🇲🇽 México – 78%

Já entre os países mais industrializados do Ocidente, observa-se uma tendência clara de secularização. No fundo da lista estão:

  • 🇯🇵 Japão – 4%
  • 🇨🇳 China – 9%
  • 🇸🇪 Suécia – 18%
  • 🇫🇷 França – 19%
  • 🇧🇪 Bélgica – 20%

Por acaso, estes números não refletem apenas uma diferença de fé, mas sim uma reconfiguração cultural. A religião, nesses países, tem perdido espaço para o secularismo, influenciado por sistemas educacionais laicos e um foco racionalista na explicação da existência.


E Moçambique? Oh pátria amada! 

Embora Moçambique não tenha sido incluído nessa pesquisa de 2010, dados mais recentes indicam que o país está entre os de fé profunda:

  • Cristãos: entre 56 e 62%;
  • Muçulmanos: entre 18 e 19%;
  • Religiões tradicionais: forte presença, com crença num ser supremo Ancestral.

Com base nesse contexto, é plausível estimar que entre 85 e 90% dos moçambicanos acreditam em Deus ou num poder superior, número próximo ao da África do Sul (83%). Isto mostra que a fé continua a ser uma âncora espiritual e social, mesmo num Estado laico como Moçambique.


Ciência e Crença num Design Inteligente

Contrariando a visão comum de que ciência e fé são opostas, várias pesquisas indicam que muitos cientistas acreditam na possibilidade de um universo com ordem ou design inteligente, sem necessariamente atribuí-lo a um Deus religioso.

Percentagem de cientistas e físicos que acreditam numa ordem inteligente:

País % de cientistas com crença em ordem inteligente
🇺🇸 EUA 41%
🇩🇪 Alemanha 38%
🇯🇵 Japão 36%
🇷🇺 Rússia 33%
🇮🇳 Índia 31%
🇫🇷 França 28%
🇨🇳 China 24%
🇬🇧 Reino Unido 22%
🇰🇷 Coreia do Sul 19%
A Média global (Top 20 países) 29%

Aqui, o termo design inteligente não é sinónimo de religião. Muitos cientistas que partilham essa visão não frequentam instituições religiosas nem se identificam com dogmas. A crença é mais filosófica do que teológica: a ideia de que há uma lógica, uma ordem intrínseca e inteligente no cosmos — algo que desafia a aleatoriedade absoluta.


Religião e Ciência: Conflito ou Diálogo?

Este cruzamento de dados evidencia que:

  • A fé permanece vibrante em sociedades onde as questões existenciais ainda pesam sobre o quotidiano — pobreza, violência, falta de acesso à saúde e má governação. 
  • A ciência moderna, embora baseada em métodos empíricos, não eliminou completamente a intuição espiritual de muitos dos seus praticantes.
  • O mundo não se divide apenas entre crentes e cépticos, mas entre formas diferentes de compreender a existência — algumas teológicas, outras filosóficas, muitas vezes complementares.

Reflexão Final

Num tempo em que a polarização entre ciência e religião parece inevitável, os dados dizem-nos outra coisa: a humanidade ainda procura sentido, seja nos templos, seja nos laboratórios. E talvez o verdadeiro desafio do século XXI não seja escolher entre ciência ou fé, mas aprender a dialogar entre ambos.

"Não é sinal de fraqueza acreditar em algo maior. É, talvez, o mais humano dos actos: admitir que nem tudo pode ser explicado, e mesmo assim, seguir em frente.” - Paulino INTEPO.
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