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QUANDO O PÃO FALTA, ATÉ A FÉ COMEÇA A SANGRAR.

O povo busca a salvação no Senhor, mas o governo retribui com terror

Está acontecer agora no Camarões e na Tanzânia, o que tentaram os venancistas em Moçambique e 'aparentemente' falharam, mas talvez, um outro Madagáscar aparecerá sob contestação da União Africana, o bastião da repressão Ocidental. Em poucas palavras e parágrafos curtos dará para rever o nosso recente passado desde Janeiro de 2025 até então. Nos templos, o povo dobra os joelhos. Ora, chora, clama. Busca em Deus a força que o Estado lhe nega, a justiça que a lei não cumpre, e o pão que o trabalho honesto já não garante. 

Mas, enquanto o povo se ajoelha, o governo celebra contratos duvidosos, multiplica viagens inúteis e transforma o erário em pasto para os seus eleitos. O contraste é brutal: o povo suplica pela salvação; o governo retribui com terror — o terror da fome, do desemprego, da impunidade e da humilhação nacional.

E sobre Cabo Delgado, esqueça, que as redes sociais cada vez mais frustram moçambicanos com revelações bombásticas sobre o percurso esquisito dos recursos até aos patrões e o terrorismo que até convidámos ao diálogo político antes mesmo dos Severinos Nguenhas e Venâncios serem parte da comissão técnica dessa fachada de Diálogo Inclusivo. Olha como o Tribunal Administrativo mostra-nos e não há nenhuma outra instituição para dar seguimento se não dezenas que negam primeiro, depois admitem, mas não há responsabilização. 

Escândalos Financeiros em Moçambique (9–30 Out 2025): A Anatomia de Um País Capturado

Em apenas três semanas, o país viu emergir quatro escândalos financeiros que, somados, ultrapassam 1,1 mil milhões em dólares e meticais. Quatro casos diferentes, mas com o mesmo padrão: o saque organizado do futuro nacional.

Um internauta até se perguntava, se esse dinheiro todo fosse minimamente bem aplicado na construção de infraestruturas: estradas, pontes, escolas e hospitais, não teríamos ligado o país com um trem de pelos 300km do Rovuma ao Maputo? Nem pensar, pois, teria havido sobre faturação desde a concepção de cada projecto das infraestruturas mencionadas até esse negócio de mobilidade. Moçambicano sabe retardar tudo que for promissor e fácil. 

Caso Valor Fonte Principal

1. Fundo Soberano (FSM) 33,6 mi USD desviados do gás para OE CIP (27/10);

2. LAM (Linhas Aéreas) 48 mi MZN em sobrefaturação DW África (24/10);

3. Contas do Estado (Nyusi/TA) Dívida recorde + 9 mi USD perdidos TA (17/10);

4. Saque no Tesouro (Nyusi & Lúcia Ribeiro) 561,7 mi MZN via empresa do filho Canal de Moçambique (29/10);

5. Etc (Aperto no coração, frustração, choque nacional), uma vez que outros casos já estão caindo no esquecimento, apesar de não terem feito nem 90 dias. Apenas, só os mais atentos, sentem a dignidade moçambicana ferida e é muita desilusão para um povo que ocupa um território rico. Aliás, esqueçam os congoleses - outros que dos quais Deus lhes abandonou. 

A Erosão da Dignidade Nacional

Estes casos não são acidentes administrativos. São expressões perfeitas de uma cultura de poder baseada no desvio, na mentira e na ausência de vergonha. Quando o Fundo Soberano — símbolo da esperança no gás natural — é transformado em caixa de emergência para tapar buracos do Orçamento, o que se diz é simples: o futuro do país foi penhorado para alimentar o presente de poucos.

Os 33,6 milhões de dólares desviados do FSM não são apenas números. São hospitais que não se constroem, escolas que não abrem, famílias que continuam a caminhar quilómetros à procura de água potável. É o roubo da esperança intergeracional de um povo que acreditou na promessa do gás como redenção — e recebe, no lugar disso, o silêncio cúmplice de quem governa.

A Corrupção como Norma, o Estado como Empresa Familiar

A LAM, símbolo do orgulho nacional, tornou-se um laboratório de sobrefaturação. Bilhetes caros para cidadãos pobres; viagens luxuosas para administradores que nunca sentiram o peso de um salário mínimo. Ao mesmo tempo, 561,7 milhões de meticais desapareceram do Tesouro, canalizados para uma empresa ligada à família de Lúcia Ribeiro — um saque que, em qualquer Estado sério, resultaria em prisões imediatas.

Mas aqui, os culpados riem-se nas manchetes, e o povo engole a indignação com lágrimas. O Estado converteu-se num negócio de família, onde cada nome sonante tem uma empresa à espera de um contrato público, e cada escândalo é arquivado antes de chegar à justiça.

Instituições de Fachada, Justiça de Cartão

O Tribunal Administrativo ainda tenta erguer a voz, mas fala para um deserto de ouvidos surdos. O governo admite irregularidades, mas não devolve o dinheiro. As auditorias expõem, mas ninguém é preso. O que resta, então, senão o desespero e a resignação? O povo já não acredita que a lei o defenda. A lei, em Moçambique, é um muro que protege os ladrões e esmaga os pobres. Ah, existe a casa do povo! 

Os deputados contundentes que animavam o circo denominado Parlamento ou Assembleia da República não são aqueles habituais com algum teor investigativo, pelo contrário, os últimos dois integrantes fariam parte dos escândalos, se não se limitassemos em restringir no sector financeiro. Pois, os deputados que teremos nos próximos 4 anos são o que já se alegram de prosperidade por lá estar e não trabalho que o povo espera. 

Chapo, o Novo Rosto da Mesma Tragédia

Enquanto os números do desespero se acumulam, o Presidente Daniel Chapo, líder dos privilegiados na lista dos prósperos para esse quinquenio, percorre o mundo em busca de legitimidade internacional, porque de cooperação estratégica - só palavras, no concreto vamos gerir essa crise geral. Aparece sorridente em cimeiras, reuniões e jantares oficiais, falando de “cooperação”, “inovação” e “esperança”. Mas o país real não come diplomacia.

A busca de Chapo pela legitimidade no estrangeiro corre o risco de cometer erros grotescos em 10 meses que Nyusi levou 10 anos a cometer. Afirmam cidadãos que o acompanham na TVM. Porque cada viagem dispendiosa sem resultados concretos é um insulto a um povo que jejuou sem querer. As agendas vazias que carrega são um espelho de um poder que vive mais para ser visto do que para servir.

Enquanto o Presidente pousa para fotografias em Washington ou Bruxelas, em Tete, Sofala, Gaza, Niassa e Nampula há famílias que oram por um prato de xima. As orações do povo, antes cheias de fé, começam a sufocar — porque não se vive só de promessas nem se cura a fome com comunicados.

Um Estado sem Moral, um Povo sem Voz

Os dados são duros, mas verdadeiros:

A dívida pública está em nível recorde, alertada pelo FMI e Banco Mundial.

14% da população vive em extrema pobreza; 62% em pobreza multidimensional.

Moçambique ocupa o 127º lugar entre 180 países no Índice de Corrupção.

Desde o escândalo das Dívidas Ocultas, nenhum alto dirigente foi condenado.

71% dos jovens querem emigrar, não por falta de amor ao país, mas por excesso de vergonha.

Quando a juventude sonha com o exílio e não com o futuro, a nação está espiritualmente falida. E quando os fiéis lotam as igrejas não apenas por devoção, mas por desespero, é sinal de que o Estado perdeu completamente o rumo moral.

“Um povo sem pão não precisa de circo — precisa de justiça.”

Moçambique atravessa uma crise moral e espiritual, antes mesmo de ser económica. Há riqueza, mas é capturada; há leis, mas são seletivas; há instituições, mas estão ajoelhadas. O país que deveria ser farol de esperança transformou-se num palco de saques institucionalizados e promessas recicladas.

Se nada mudar — se os responsáveis não forem presos, se o dinheiro não for devolvido, se a Constituição não for reformada — o gás continuará a iluminar os palácios enquanto o povo segue às escuras.

O povo busca a salvação no Senhor porque não encontra mais justiça na terra. E quando a fé se torna o último refúgio, é sinal de que o governo já perdeu o direito de se chamar humano.

✍🏾 Lino TEBULO
Reflexões críticas sobre Moçambique, Outubro de 2025

Comentários

  1. Respostas
    1. Obrigado pelo resumo da disfunção governativa e iluminação mental popular africana.
      Ler com entendimento faz engordar a mente e muda vidas.
      Deus abençoe a fonte e que continuemos na esperança, de que o mundo vai acabar em breve e a paz de Deus Jeová sobrevirá pelo reino de Jesus.
      O homem não foi feito para governar o seu semelhante.
      Governe o que criou!!!

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