COISAS QUE NUNCA ME ENSINARAM

Pode Uma Relação de Jovens Durar na Pobreza Extrema?

Não se tratando da futilidade novelesca, nem do sensacionalismo material baseado no "a pobreza bate na porta e o amor sai pela janela", na série Coisas Que Nunca Me Ensinaram (CQNME), enfrentamos a vida como ela é, sem ilusões nem suavidades, ainda que numa lógica questionável. A pergunta crua é: o que faz uma relação de jovens durar, mesmo abaixo da linha da pobreza extrema, na actualidade? Respondo sem rodeios: simplesmente o amor e a esperança, e sim, é possível uma relação durar sem teto e com estômagos vazios. E não é um conto de fadas; é uma batalha suja, onde o tal amor real é menos poesia e mais ferramenta de sobrevivência. O argumento forte, nu e cru é este: a relação perdura se for construída sobre resiliência, lealdade e uma visão partilhada, mesmo quando o mundo desaba.

Primeiro, a pobreza extrema não é só falta de dinheiro – é fome, doença e humilhação diária. Hoje, com crises económicas globais e desemprego a alastrar, jovens enfrentam um teste brutal. Mas culpar a miséria pelo fim das relações é fugir à responsabilidade. Dura se houver um pacto implícito de luta conjunta. Estudos mostram que casais pobres sobrevivem mais quando trabalham lado a lado – seja na machamba, no mercado informal ou a vender qualquer coisa na rua. É o esforço mútuo que une, não as promessas vãs. Sem isso, a relação apodrece.

Segundo, a comunicação sem filtros é a espinha dorsal. Na pobreza, não há espaço para orgulho ou silêncios tóxicos. Falar abertamente sobre a falta de comida, as dívidas ou os sonhos adiados evita que o rancor cresça. Casais que gritam a verdade – "não temos nada, mas temos-nos" – constroem uma fortaleza mental. Em Moçambique, onde a informalidade sustenta milhões, isso é visto: maridos e mulheres que planeiam juntos como pagar a escola dos filhos ou consertar a casa. Argumento cru: se não se dizem as coisas na cara, a miséria ganha.

Terceiro, a partilha de valores é inegociável. Fé, família ou a crença num futuro melhor podem ser o fio que segura tudo. Jovens pobres que rezam juntos ou criam filhos como prioridade criam laços que o dinheiro não compra. Mas se um busca atalhos – como abandonar a relação por uma miragem de riqueza –, o fim é certo. É uma lei da selva: só os que resistem em dupla vencem.

Quarto, o sexo e o afecto são armas de resistência. Na pobreza, onde o prazer é raro, usá-los como escape fortalece o vínculo. Mas se virar manipulação ou desinteresse, destrói. Casais que se tocam, riem e encontram alívio na intimidade criam um refúgio contra a desgraça. É biológico: o contacto humano combate o desespero.

Sem panos quentes: a pobreza extrema quebra muitos. Brigas por comida, doenças sem cura e a pressão social de redes que mostram luxo podem corroer a alma. Muitos desistem, separam-se ou traem. Mas dizer que é impossível é rendição. Dura se houver carácter – lealdade, paciência e um plano, mesmo que pequeno, como poupar para um negócio. Em países como o nosso, casais saem da lama com um tabuleiro de venda na cabeça e união no coração. Não é mito; é realidade.

A verdade nua: amor não é luxo, é instinto. Dura se forem alicerce um do outro, se aguentarem a fome e o frio juntos. Riqueza compra coisas; pobreza revela quem fica. Aprendam isto que nunca vos ensinaram: na miséria, o "nós" é a única riqueza. Fim de papo.



Comentários

  1. Pessoalmente concordo que e possivel um casal de jovens pobres durar eternidade. O amor e algo maior do que tudo. Tenho tantos exemplos de casais que superaram a pobreza. Eu sou exemplo disso, nao sou rico mas passei um pouco o limite de pobreza.

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  2. Concerteza quem tem valores morais e mais facil resistir em casal do que separadamente

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