O crescimento de individualismo no mundo.
As possíveis e principais causas do crescimento do individualismo no mundo.
Por: Paulino Intepo
Diversos autores concordam que o individualismo é uma característica central da modernidade, impulsionada por factores como o capitalismo, a globalização e as mudanças nas relações sociais.
Embora possa trazer benefícios, como maior liberdade pessoal, também apresenta desafios, como a erosão dos laços comunitários e a fragmentação social.
O que é o individualismo?
Segundo Dumont (1985, p. 37), o individualismo pode ser definido como "uma ideologia que valoriza o indivíduo e negligencia ou subordina a totalidade social". Ele argumenta que o individualismo é um produto da modernidade e está relacionado ao desenvolvimento do capitalismo e da democracia liberal.
Já para Bauman (2001, p. 39), o individualismo é uma consequência da "modernidade líquida", caracterizada pela fluidez e incerteza das relações sociais. Ele afirma que "a apresentação dos membros como indivíduos é a marca registrada da sociedade moderna". Interessante, pois não?
Nesse contexto, as pessoas são encorajadas a se concentrar em seus próprios interesses e desejos, em detrimento dos laços comunitários. Este autor mexe com muita sensibilidade, por exemplo, quando olhamos no comportamento dos dirigentes políticos moçambicanos.
Lipovetsky (2005, p. 11) também aborda o tema, afirmando que vivemos em uma "era do hiperindividualismo", marcada pelo culto à autonomia individual e pela busca da realização pessoal.
Segundo ele, "o individualismo hedonista e personalizado se tornou legítimo e já não encontra oposição; ainda que seus efeitos não sejam unicamente positivos, só a esfera privada parece importar aos indivíduos".
08 razões para o seu crescimento no mundo
Dentre várias possíveis razões para o crescimento do individualismo no mundo moderno, achamos 08 e que apenas se limitamos pela quantidade das fontes, disponíveis e em nosso poder até então. Sendo:
1. Avanços tecnológicos
A tecnologia permitiu ou permite que as pessoas sejam mais autossuficientes e independentes, diminuindo a necessidade de depender de grupos, comunidades, associações e outras colectividades.
2. Urbanização
A migração para grandes cidades, vilas e urbes, enfraquece os laços comunitários tradicionais e estimula o foco no indivíduo, criando certo desiquilibrio nas relações humanas.
3. Secularização
Parecendo que não, pode-se notar nos últimos tempos um claro declínio da religião em muitas sociedades, o qual reduz a importância de instituições comunais e enfatiza a autonomia individual. Aliás, principalmente em métropoles evoluídas e não no caso onde o nível de educação ainda é baixo como na maior parte dos países africanos, onde o povo é adormecido e ainda deposita a salvação nas religiões.
4. Cultura do consumo
Esta é uma razão subtil. O consumismo encoraja as pessoas a se concentrarem em desejos e satisfações pessoais em vez de no bem colectivo. Aqui é onde reside a detiorização de algumas relações humanas, principalmente entre os que detém o poder e os que não.
5. Mobilidade social e geográfica
Quase igual à urbanização, mas está difere pelo facto de visualizar a possibilidade de mudar de classe social e o aumento das viagens que enfraquecem as raízes e identidades colectivas.
6. Ênfase nos direitos individuais
Às vezes inocentemente ou sob cumprimento de alguma agenda, movimentos políticos e sociais têm destacado a importância das liberdades e direitos do indivíduo. Claro, ignorando completamente ou em partes as bases tradicionais e culturais dos povos.
7. Mudanças na estrutura familiar
Famílias menores e mais fragmentadas diminuem a interdependência. Pior se tratar-se de serem compostas por indivíduos egoístas e reservados, ainda deterem poderes sobre os demais.
8. Globalização
Finalmente, o grande bem e caos ao mesmo tempo. A globalização oferece uma exposição a diferentes culturas e modos de vida, bem como relativiza valores e crenças colectivas.
Para terminar, pode-se notar que a combinação de forças sociais, econômicas, tecnológicas e culturais parece estar impulsionando o individualismo. Embora tenha benefícios, como maior liberdade pessoal, também traz desafios, como solidão e fragmentação social.
Não obstante, manter um equilíbrio saudável entre autonomia individual e laços comunitários permanece um desafio nas sociedades modernas.
Créditos: Joel Muapulango, sociólogo.
Referências
- Bauman, Z. (2001). Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
- Dumont, L. (1985). O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: Rocco.
- Lipovetsky, G. (2005). A era do vazio: ensaios sobre o individualismo contemporâneo. Barueri: Manole.
Comentários
Enviar um comentário