André Ventura pegou pesado ou devia nos despertar!?

Opinião Pessoal sobre o pronunciamento do André Ventura Presidente do Partido CHEGA, aos 50 anos do massacre de Wiriyamu.

Fonte: Video do CHEGA (01:47)

Por: Paulino Intepo
intepo1607@outlook.com





























x

NOTA PRÉVIA

Começo por apresentar o Massacre de Wiriyamu - para Moçambique e por consenso mediático político ou Operação Marosca - para Portugal em homenagem às suas escaladas. É descrito pelos moderados como sendo um massacre da população civil em Wiriyamu, na província de Tete em Moçambique, por soldados portugueses durante a Guerra da Independência de Moçambique.


A seguir apresento-vos resumidamente o André Ventura que responde pelo nome completo de André Claro Amaral Ventura de Algueirão em Sintra. Nascido aos 15 de janeiro de 1983. É um jurista, professor universitário, político português e ex-comentador desportivo português. Atualmente desempenha as funções de presidente do partido CHEGA e deputado na Assembleia da República Portuguesa. Prontos.


E antes das minhas observações, importa referir que esse acto entra nas contas que das quais, de acordo com a investigação realizada pelo académico moçambicano Mustafah Dhada, professor de História Mundial e Estudos Africanos radicado nos Estados Unidos, as tropas portuguesas dizimaram um terço dos 1.350 habitantes de cinco povoações da província de Tete.


VAMOS AOS ASSUNTOS QUE PROVOCOU ALVOROÇO NAS REDES SOCIAIS.

Correu no Whatsapp um vídeo de 01:47 min. onde se pode assistir o discurso deste senhor que responde pelo nome de André Ventura, a questionar após suas alegações, que "porque raio no mundo é que nós (os portugueses) vamos pedir desculpas" se "Moçambique nunca pediu desculpa, as Forças Armadas moçambicanas nunca pediram desculpa"?.


A seguir nos comentários dos grupos por onde faço parte, vem as críticas sobre a postura desse deputado. Críticas e comentários que o rotulam como sendo racista, insensível, desumano e por aí adiante. Acompanhado de insultos e ofensas até, provavelmente, diabolizando o seu destino. 


ANÁLISE DO DISCURSO

Na minha Opinião Pessoal, não vi nada grave. Pelo contrário, as suas afirmações e a inquisição despertaram-me, que o resto dos moçambicanos deviam replicar segundo o lema do partido deste homem, de "acorda Portugal" para um "Acorda Moçambique". Sim, enquanto ele pede aos portugueses para acordarem, devíamos nós acordar primeiro que eles, antes de mais um caos, que os 500 anos passados.


A 500 anos atrás, os europeus sentiram a necessidade de prosperar e acharam que a solução seria explorar o mundo, assim como os árabes ou persas e entre outros povos antigos faziam. Nós na África não vimos muita necessidade, pois tínhamos um paraíso aos nossos pés e os resto do mundo sentiu inveja, fome, ganância e ânsia pelo que tínhamos e veio fazer uso ao seu belo prazer.


Segundo a visão deles, estávamos atrasados. O paraíso nos deixará confortável ao ponto de não se preocupar com a ciência, religião e negócios/comércio. Resultado disso, dormimos na pluma e eles vieram nos exploraram severamente. Quando um cunhado de africanos sentiu a dor revoltou-se aos regimes opressores na época.


Essas revoltas deram em guerras e massacres. Finalmente fomos até à mesa das negociações e cessaram as armas, vieram os papéis, cafés e whisky's, vinhos e aguardentes fazer as pazes. Hoje, grossos de sessões e diplomacias, discute-se indemnizações e pedidos de desculpas.


Pedidos de desculpas por que? Porque eles (os europeus) não têm memória curta, os seus ensinamentos pátrioticos e de sustentar desenvolvendo a Europa, para preservar a hegemonia, são transmitidos e preservados de geração em geração. 


Ao passo que nós não. Só nos deixamos legado as dívidas feitas em nome do sofrimento do povo, para que as famílias dos dirigentes passem férias e estudem nas europas, onde aprendem como explorar e empobrecer o continente africano.

Cortesia: Video do CHEGA

É aqui onde o André Ventura nos tira sono e estraga o dia, questionando quem deve a quem. O Ventura deu-me a entender que o regime que nos explorou não desapareceu, só mudou de táctica, como o saudoso, único iluminado em Moçambique previa e sempre disse: o inimigo não desiste só muda de táctica. 


Agora, os europeus vieram transformar a guerilha que os maltrarou na luta da independência, em tropa regular. Que nada pode resolver se não for pelas fórmulas feitas pela Europa. Nós é que ainda voltamos a 500 anos atrás, admitir eles entrarem de novo. Nada sabemos fazer ou não conseguimos exercer autonomia de decidir sobre nós, sem a Europa. 


É isso que vamos chamar de independência? O Ventura, devia vos despertar no seu questionamento que aquele regime é o mesmo que ainda hoje, feito de "assessor", está a dificultar que gente desenvolva e não se envolva na gestão inteligente e lúcida dos nossos recursos.


Ventura vê cobardia nos seus colegas políticos, pois ainda não foi mostrado que Portugal, usa Moçambique como o seu balão de oxigénio e quando sentar-se na cadeira de gestão dos destinos de Portugal, Ventura virá a usar a técnica de pedido de desculpas ao povo moçambicano, para depois com todas forças nos fazer pagar pelas vítimas dos portugueses tombados, que vinham procurar riquezas para Portugal sobreviver. 


PASSOU O TEMPO O OBJETIVO MANTÉM-SE, SÓ MUDA A LINGUAGEM

Nem todos europeus são maus e nem todos africanos são analfabetos. Muitos dos europeus letrados e bem educados percebem que África é machambas deles e os seus habitantes são seus escravos, independentemente de que nível académico que eles atribuem ao negro africano. Muda o nível académico, mas permanece a denominação de escravo no início. Por exemplo:

  • Escravo PhD Joel Muapulango;

  • Escravo Almirante Raimundo Q. Junior;

  • Ecravo Presidente João D. Ndeque;

  • Escravo Etc. 

Quer dizer, por mais que gente seja independente, só oculta-se o termo escravo/assimilado e atribuem a denominação seguinte, que não tem acção concreta favorável para Moçambique, mas sim está ao serviço do patrão, colono, instrutor e dono do assimilado que nada assimilou. 


Apenas contentou-se com o título académico para facilitar a continuidade do processo de neo-colonização, camuflada em cooperação ou acessória.


A REVELAÇÃO REVOLUCIONÁRIA

Ventura deixou isso claro por um deslize. Como estudamos em escolas europeias, não percebemos a língua deles como bem eles poetizam a fala da língua que dissemos ser nossa oficial. É o segredo da diplomacia: nas negociações, se fores a pensar na língua portuguesa, inglesa, árabe, russa, etc, vais demorar perceber ou não poderás perceber nada.


Outro sim, não importa o que pensas, nem sua intenção, seus objetivos, pois não poderás explicar a outra parte, se eles não falam a sua língua. Só você é que deve fazer esforço de compreender o que eles querem e que dentre artimanhas da língua, não perceberás. Diplomacia assim é uma futilidade. Roubalheira suave. 


Porém só podes levar tempo traduzindo o que se tratou num determinado acordo depois das assinaturas. E trato escrito e depois assinado, já está feito. Assim não percebemos o Ventura quando questionou. Vimos ele com a nossa visão limitada de como mal concebemos a língua portuguesa.


O que para nós foi massacre, para Portugal foi uma operação militar muito bem sucedida. O que para eles é controlo e domínio intelectual, para nós é cooperação. Nem chegamos a assimilar que o favor que nos fazem é uma armadilha para não podermos mais revoltar-se às suas roubalheiras e a retaliação em nome dos seus avós que tombaram quando os expulsamos. 

Parlamento Português. Fonte: video do partido CHEGA

CONCLUSÃO

Paro por aqui e lamento porque o tal André Ventura, não é diferente do Presidente da República portuguesa nem dos outros políticos portugueses. Ele joga um papel fundamental na política portuguesa. Quer dizer que, eles (os europeus) não reconhecem ter havido exploração ou escravidão.


O António Costa, Primeiros Ministrou português esteve em Setembro deste ano (2022) de visita à Moçambique. Foi quem começou com a história de pedido de desculpas pelos massacres de Wiriyamu? Não! Que pelo meu entender estava tentar abrir caminhos para introduzir Portugal nas contas dos hidrocarbonetos. 


E vejam, UE através de Portugal, trainam as FADM, aquelas que antes eram FPLM e derrotaram o exército "colonial" português. Como é possível um derrotado ensinar quem lhe derrotou? A melhor desculpa que Portugal devia fazer é se retirar politicamente de Moçambique e tratarmo-nos comercialmente. Nada de cooperações nem acessórias, pois não são estratégicas e têm segundas intenções que não nos beneficiam em nada. Só nos retardam.


Na verdade houveram consentimentos. Usaram a força nos colonizaram, escravizando-nos, explorando as terras e seus recursos. Usaram a diplomacia para continuar com os mesmos intentos. Agora usam as cooperações para nos ludibriar ainda mais, pela fragilidade intelectual de percepção que temos.


Nós devemos acordar e aprender a gerir sozinhos os nossos problemas e usar a capacidade intelectual como arma de se defender contra toda geração do André Ventura, que está comuflada como acessor, diplomata, cooperante, colaborador, apoiante, assistente, ajuda humanitária, etc. 


No fim, esses são os mesmo opressores. Que ensinam aos nossos dirigentes como dominar retardando a educação dos seus povos, ensinam os nossos Comandantes como fragilizar as nossas FDS, para reduzir a força opositora e de reacção aos interesses europeus. 


Se ao menos tivéssemos PhD e almas meteres que assimilassem questões políticas no verdadeiro sentido, não estaríamos nessa reocolonização e entregando parte da nossa soberania o Ruanda. 


Moçambicanos Acordem e ouçam os ventos de mudança ao vosso favor.


Paulino Intepo

intepo1607@outlook.com


Tete, 18 de Dezembro de 2022


Siga-nos no Facebook e no Whatsapp

Comentários