É uma questão de desajuste das Prioridades na Educação em Moçambique? Viaturas Novas versus Necessidades Fundamentais


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É uma das maiores preocupações em Moçambique - Compreensão das reais necessidades. 

Devemos aceitar que até nesta década, depois de se imaginar que nós tornassemos um Dubai em África, continuamos ainda como Moçambique nos anos 70 com mais população, apenas. Não conseguimos nos ler e se estruturar para sairmos deste ponto para uma Botsuana, onde houve relatos vergonhosos recentemente, contra a nossa imagem.

A distribuição de viaturas novas aos distritos pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) de Moçambique em colaboração com os parceiros, a USAID pelo Fundo se Apoio ao Sector de Educação, para ser um dos casos onde, estando com fome, ao invés da enxada, nos deram a comida e ainda ficamos sem saber produzir para matar a próxima fome. 

Pois a alocação das viaturas suscita questionamentos sobre as prioridades do governo no sector educacional. Embora a iniciativa tenha o objectivo louvável de facilitar a gestão e a logística, é crucial avaliar se esse investimento está alinhado com as necessidades mais prementes da educação no país. Só de imaginar a gestão das próprias viaturas e a manutenção necessária, parece haver mais problemas que soluções esperadas. 

Disparate paradoxal dos apoios de parceiros. 

É o mesmo que acontece em vários aspectos quando parceiros do género e de outros meandros semenvolvem no cumprimento da dita "responsabilidade social", particularmente, das empresas e multinacionais, que aos invés de soluções, a sua articulação de apoio às populações trazem mais encargos aos cofre do Estado. Desde aos custos para o funcionamento das infraestruturas, alocação de mais efectivos e manutenção. Ora vejamos:

Em primeiro lugar, é importante destacar o contexto desafiador no qual essa medida está sendo implementada. Moçambique enfrenta uma crise persistente no sector educacional, com altas taxas de analfabetismo e baixo desempenho dos alunos. Segundo os dados apresentados, dois terços das crianças que concluem o ensino primário saem sem conhecimentos básicos de leitura, escrita ou matemática. Essa realidade contrasta com o investimento significativo do governo na educação, que representa cerca de um quinto de sua despesa total, acima da média africana.

Nesse cenário, a chegada de viaturas novas aos distritos pode ser vista como uma medida controversa, especialmente quando os professores e a população relatam problemas mais urgentes, como falta de pagamento de Horas Extras, escassez de livros escolares, salas de aula inadequadas e até mesmo crianças estudando ao ar livre, sob as árvores. Essas condições precárias dificultam o processo de ensino-aprendizagem e comprometem a qualidade da educação oferecida.

Além de que o programa envolverá todos distritos e mais de 170.000 professores em 15.000 escolas entre 1ª a 6ª Classe, a eficácia da implementação, contando com o baixo nível de comprometimento dos envolvidos e as dinâmicas erradas de como gerir os recursos disponíveis para surtirem efeitos desejados pelo país, em contrapartida dos anseios obscuros dos inimigos, é muito difícil encontrar equilíbrio das nossas intenções com os parceiros. 

É compreensível a insatisfação dos professores e da população diante dessa situação. Enquanto as necessidades básicas permanecem não atendidas, a aquisição de viaturas novas pode ser interpretada como uma priorização equivocada dos recursos disponíveis. 

É essencial que o governo demonstre sensibilidade às demandas dos educadores e das comunidades, priorizando investimentos que tenham impacto directo na melhoria das condições de ensino e aprendizagem. Outro sim, as comunidades, nós a população, é preciso estudarmos formas positivas de manifestação das preocupações realmente fundamentais para ajudar o governo a ter um alinhamento concreto do que precisamos. 

Ademais, é importante considerar o momento político em que essa medida está sendo implementada. Com as eleições se aproximando, é natural que a população questione se a distribuição de viaturas não está sendo utilizada como uma estratégia política, em vez de uma acção genuína voltada para o desenvolvimento da educação, propriamente descrito. 

Opinião Colectiva

Nesse contexto, o governo deveria concentrar seus esforços em resolver os problemas fundamentais do sector educacional, como a falta de infraestrutura adequada, a escassez de materiais didáticos e a valorização dos profissionais da educação. Somente com um enfoque nas necessidades reais dos estudantes e dos educadores é possível construir um sistema educacional sólido e equitativo, capaz de formar cidadãos preparados para enfrentar os desafios do futuro.

Em conclusão, embora a distribuição de viaturas possa ter um propósito logístico válido, é fundamental que o governo de Moçambique demonstre clareza e transparência em suas prioridades, priorizando investimentos que tenham impacto directo na qualidade do ensino e na melhoria das condições de aprendizagem para todos os estudantes, independentemente de sua localização geográfica ou status socioeconômico.

Evaristo Pereira dos Santos
eva301023@gmail.com


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