Como a Competição Feroz nas Telecomunicações Pode Elevar Moçambique ou Criar Armadilhas Invisíveis

Acirrada concorrência dos gigantes vs benefícios das telecomunicações vs benefícios aos povo. 

"Depois da tempestade vem a bonança". Bem, nesse caso a bonança por sua vez não vem taxativamente na sua totalidade, logo no primeiro minuto. Gradualmente, vai se restabelecendo. É o caso da prática de preços favoráveis ao bolso de quem deve pensar duas ou mais vezes para usar a Internet por necessidade. E não ao capricho de quem nem sabe o que é andar de transporte colectivo e restringir refeições para fechar o mês ou poupar para salvaguardar a próxima oportunidade de se alimentar.

Me refiro à volta palatina e receosa das habituais promoções nas tarifas das telefonias móveis. A recente reviravolta no mercado de telecomunicações de Moçambique, com as três principais operadoras - TmCel, Vodacom e Movitel - oferecendo pacotes "ILIMITADOS" para chamadas e SMS, marca o início de uma nova era de competição acirrada. Esta mudança, impulsionada pelos protestos pacíficos do povo contra as altas tarifas propostas pelo INCM, demonstra o poder da voz coletiva dos consumidores.

Vantagens da Competição Feroz

1. Inovação Acelerada 

Assim que as gigantes TmCel, Vodacom e Movitel competem, elas são forçadas a inovar constantemente. Isso pode levar a serviços mais avançados, melhor cobertura de rede e introdução de novas tecnologias mais rapidamente, iguais ou semelhantes noutros países.

2. Preços Mais Acessíveis

A competição intensa geralmente resulta em guerra de preços, tornando os serviços mais acessíveis para uma parcela maior da população e até insinua motivações de se ter ou subscrever para estar ligado. 

3. Melhoria na Qualidade de Serviço

Para se destacarem no mercado, as operadoras tendem a investir mais na qualidade de seus serviços, beneficiando directamente os consumidores. Contrariamente às especulações de preços que o INCM queria insinuar às operadoras. 

4. Democratização do Acesso

Pacotes mais acessíveis podem levar à inclusão digital de camadas da população anteriormente marginalizadas. Que foi uma das tónicas das manifestações e debates a favor de preços justos. 

5. Estímulo à Economia Digital

Com serviços de telecomunicações mais acessíveis, há um impulso para o crescimento de startups, e-commerce e outros sectores da economia digital.

6. Alinhamento com Padrões Globais 

A competição pode pressionar as operadoras a oferecerem serviços comparáveis aos de outros países, elevando Moçambique aos padrões internacionais ou mesmo a recuperação da posição de onde estávamos antes dessa nuvem que o INCM induziu as operadoras até indignar o próprio governo.

Possíveis Desvantagens e Cautelas

Realmente pode haver algum entretanto face a essa questão, se não for sabiamente implementada, mas existem especialistas para elucidar mecanismos para contornar. Provavelmente poder-se-á enfrentar desafios como:

1. Qualidade vs. Quantidade

Na pressa de oferecer pacotes mais atrativos, as operadoras podem comprometer a qualidade da rede. O que bem no fundo, esperamos que não. Além de que a maioria dos moçambicanos não tem uma utilização industrial dos serviços que exijam dimensões de tráfego igual a dos países altamente industrializados. É pacífico. 

2. Sustentabilidade Financeira

O que foi a base de defesa do INCM, pode ser válido e fazer efeito na verdade. Quer dizer, preços muito baixos podem afectar a rentabilidade das operadoras, potencialmente levando a cortes em investimentos futuros. Mas isso só acontece em empresas estatais onde fazem-no como saco fonte de saco azul. 

3. Concentração de Mercado

Competição excessiva pode levar à falência de operadoras menores, resultando em um mercado mais concentrado a longo prazo.


4. Tácticas Predatórias

O que se sabe é que empresas maiores podem usar tácticas agressivas para eliminar concorrentes, prejudicando a diversidade do mercado. 

5. Confusão do Consumidor

O excesso de ofertas e pacotes pode confundir os consumidores, dificultando escolhas informadas. Assim como o autor desta publicação se rebate em estudar qual das redes vale ter os serviços activos para este mês. (kkk). 

6. Negligência de Áreas Rurais

E por fim esperamos que isso não aconteça. Na corrida para conquistar clientes urbanos, áreas rurais menos lucrativas podem ser negligenciadas.

Conclusão

A competição acirrada entre as gigantes das telecomunicações em Moçambique tem o potencial de trazer benefícios significativos para o povo, alinhando o país com padrões globais de serviço e preço. Isso é um facto. No entanto, é crucial que haja uma regulamentação eficaz e vigilância contínua para garantir que esta competição seja justa e sustentável. Este é o desafio aos reguladores. 

O papel do INCM e da ARC (Autoridade Reguladora da Concorrência) torna-se ainda mais crucial neste cenário. Eles devem garantir que a competição não leve a práticas predatórias ou insustentáveis, enquanto ainda permitem inovação e melhoria de serviços.

Os consumidores moçambicanos, por sua vez, devem permanecer ativos e informados, continuando a exercer seu poder coletivo para moldar o mercado. A voz do povo já provou ser um catalisador poderoso para mudanças positivas.

Em última análise, se gerenciada correctamente, esta nova era de competição pode não apenas beneficiar os consumidores com melhores serviços e preços, mas também impulsionar Moçambique para a vanguarda da revolução digital africana. O desafio agora é manter o equilíbrio delicado entre competição feroz e desenvolvimento sustentável do sector.

Ademais, seria bom se essa concorrência chegasse nos transportes aéreos. Chega da LAM monopolizar o mercado. O povo moçambicano quer subir a avião também numa viagem de uma província para outra ou uma região para outra a custos acessíveis ao salário mínimo, pelo menos. 

Para si, nessa nova grelha, qual é a melhor operadora para recarregar neste mês ou daqui a 30 dias? Responda nos comentários. 

Por: Paulino Intepo
paulino.arcanjo@yahoo.com
De volta o concorrência das operadoras móveis no melhor preço e qualidade dos serviços em benefício do povo. 


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