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A DITADURA DA BELEZA

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Como o Mundo Obriga a Mulher a Pagar Para Ser Vista Vista a partir de Bluntyre, Malawi , esta pode não ser uma reflexão nova — talvez seja das mais antigas —, mas continua a ser uma oportunidade urgente para recordar os sacrifícios que o mundo material impõe à mulher para que ela se destaque aos olhos da maioria. Num tempo em que até políticos desvalorizam abertamente os diplomas e a educação formal , proclamando que já não são critérios fiáveis para o mercado de emprego, a mulher é empurrada pelo eco vazio do mundo a acreditar que pode substituir as suas qualificações humanas, intelectuais e espirituais pela simples estética do seu corpo. Entre os homens, um dos critérios mais usados para escolher uma parceira continua a ser a beleza — ou, no mínimo, a boa aparência. São poucos os que olham para o coração, para o carácter ou para a profundidade espiritual de uma mulher. Se não for pela riqueza dela ou dos seus familiares, os homens vão pelo caminho mais ilusório e ao desejo da carn...

FINALMENTE, O PECADO JÁ CABE NO BOLSO

A Era em que o Smartphone Substituiu o Confessionário

Há séculos, a humanidade tem carregado os seus pecados na consciência, nos gestos falhados, nas palavras mal proferidas, nos actos ocultos que a memória insiste em guardar. Hoje, porém, já não é a alma que regista o erro — é o smartphone. Essa pequena máquina reluzente, sempre na palma da mão, converteu-se no mais vasto arquivo moral da era moderna.

Diz-se que “os smartphones são os maiores depósitos dos pecados, actualmente”. A frase pode parecer humorística, mas é mais verdadeira do que ousamos admitir. Porque, se Deus quisesse julgar a humanidade hoje, não precisaria de abrir os livros celestiais. Bastava-lhe exigir:
“Entreguem-me os vossos telefones.”

E, nesse instante, o céu ficaria vazio.

O novo templo: um ecrã de vidro

O smartphone tornou-se extensão da identidade, da memória, do desejo e da tentação. Tudo cabe ali:
— vídeos que jamais deveriam ter sido gravados;
— conversas que contradizem o carácter público de cada um;
— fotografias que revelam máscaras privadas;
— áudios que traem intenções;
— documentos escondidos a sete chaves;
— pesquisas que revelam o lado obscuro da curiosidade humana.

Nenhuma igreja, nenhum confessionário, nenhuma instituição religiosa, política ou jurídica acumulou tanta verdade humana como um simples telefone de bolso. É ali que cada pessoa guarda o que não ousa partilhar — não pela sua imoralidade em si, mas pela nudez que representa.

O telefone não mente.
O telefone não esquece.
O telefone não perdoa.

A moralidade fragmentada

Vivemos numa era contraditória: publicamente moralistas, privadamente libertinos; socialmente indignados, secretamente cúmplices de tudo aquilo que criticamos. As redes sociais fabricam uma imagem purificada, enquanto o smartphone arquiva a verdadeira biografia moral — uma história que ninguém tem coragem de publicar.

A distância entre quem somos e quem exibimos nunca foi tão grande. E quanto maior a distância, maior a ansiedade, a culpa e a sensação de falha existencial.

O smartphone lembra-nos disso todos os dias.

A tentação digital

No passado, dizia-se que a tentação sussurrava. Hoje, ela vibra, acende luzes, envia notificações e oferece atalhos para desejos instantâneos. A tentação deixou de ser uma provação espiritual: tornou-se uma funcionalidade do sistema operativo.

Os sete pecados capitais ganharam novo formato:

Luxúria: em vídeos, chats, fotografias escondidas em pastas disfarçadas.
Inveja: em timelines que exibem vidas perfeitas e irreais.
Ganância: em esquemas, golpes e sonhos de dinheiro fácil.
Soberba: em selfies, filtros e a procura desesperada por validação.
Gula: no consumo compulsivo de conteúdo, notícias, escândalos.
Ira: em comentários, ataques digitais, cancelamentos.
Preguiça: no deslizar infinito do ecrã.

O smartphone é o espelho onde os pecados deixam de ser abstractos e passam a ter forma, data, hora e backup automático.

Se o julgamento fosse hoje…

Imagine o último dia. Não há tronos, nem trovões, nem pergaminhos celestiais. Apenas um pedido simples:

“Desbloqueia o teu telefone.”

Esse seria o maior teste moral da modernidade.
E, provavelmente, o mais devastador.

Porque ninguém se salvaria.

Não porque somos necessariamente maus, mas porque somos humanos — e a tecnologia tornou visível aquilo que antes apenas o íntimo conhecia. Se o pecado sempre existiu, o smartphone apenas o arquivou com melhor resolução.

A nossa salvação pode estar no mesmo objecto

Mas o smartphone não é apenas condenação. Também pode ser um espaço de cura, de consciência, de reeducação emocional e espiritual. A tecnologia, afinal, não tem moral própria: reflecte a moral de quem a usa.

O problema não está no dispositivo.
Está na humanidade que ele revela.

A grande questão passa a ser:
Estamos preparados para ver-nos como realmente somos?

Porque, no fim, cada smartphone é uma pequena arca onde guardamos as verdades que tememos confessar — e talvez a salvação comece quando assumirmos que nenhum de nós é tão puro quanto a imagem que publica.


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