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A DITADURA DA BELEZA

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Como o Mundo Obriga a Mulher a Pagar Para Ser Vista Vista a partir de Bluntyre, Malawi , esta pode não ser uma reflexão nova — talvez seja das mais antigas —, mas continua a ser uma oportunidade urgente para recordar os sacrifícios que o mundo material impõe à mulher para que ela se destaque aos olhos da maioria. Num tempo em que até políticos desvalorizam abertamente os diplomas e a educação formal , proclamando que já não são critérios fiáveis para o mercado de emprego, a mulher é empurrada pelo eco vazio do mundo a acreditar que pode substituir as suas qualificações humanas, intelectuais e espirituais pela simples estética do seu corpo. Entre os homens, um dos critérios mais usados para escolher uma parceira continua a ser a beleza — ou, no mínimo, a boa aparência. São poucos os que olham para o coração, para o carácter ou para a profundidade espiritual de uma mulher. Se não for pela riqueza dela ou dos seus familiares, os homens vão pelo caminho mais ilusório e ao desejo da carn...

APARENTEMENTE UM CINISMO DAS AUTORIDADES

Ajuda Externa Selectiva e o Porto de Maputo no Olho do Furacão

Através do alerta de Adriano Nuvunga

Em Moçambique, onde o fantasma do terrorismo continua a assombrar o norte do país, as contradições das políticas de defesa saltam aos olhos como um navio ancorado num porto sem vigilância. O post partilhado pelo Professor Adriano Nuvunga no X (antigo Twitter), datado de 26 de Novembro de 2025, denuncia o envolvimento do Porto de Maputo no carregamento de cerca de 440 toneladas de material militar letal destinado à Elbit Systems, o maior fabricante de armas de Israel – implicado, segundo organizações como a Justiça Ambiental (JA!), Alternactiva e a Associação de Amizade e Solidariedade com a Palestina (ASP), no genocídio em Gaza. Este navio, o Holger G, zarpou a 20 de Novembro, deixando um rasto de preocupações éticas e legais: como pode Moçambique, vítima de violência armada, servir de ponte para violações ao Direito Internacional Humanitário?

Esta denúncia chega num momento crítico, quando o recrudescimento do terrorismo em distritos como Memba, na província de Nampula, expõe as fragilidades das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). Desde finais de Setembro de 2025, os grupos armados não estatais (GANE), ligados ao Estado Islâmico, intensificaram ataques: mais de 100 casas incendiadas, três mortes confirmadas (cinco, segundo os insurgentes), raptos e uma vaga de deslocados que ultrapassa as 93 mil pessoas em Cabo Delgado e Nampula. De Cabo Delgado, o epicentro há oito anos, o flagelo espalhou-se para Niassa e agora Nampula, paralisando escolas – 18 mil alunos em risco de perder exames – e destruindo infra-estruturas como igrejas e centros de saúde. Em Memba-sede, Mazua, Mulutine e Namajuba, as incursões de 14 a 17 de Novembro deixaram um rasto de terror, com populações a refugiarem-se em Eráti, Nacaroa ou Nacala-a-Velha.

Frente a este cenário, o que oferecem as autoridades moçambicanas? Um cinismo que beira o absurdo. A União Europeia (UE), parceira no combate ao extremismo desde 2021, limitou-se a treinar mais de 1.650 comandos e fuzileiros, formando 11 companhias de Forças de Reacção Rápida (QRF), e a fornecer 89 milhões de euros em material não letal – uniformes, veículos todo-o-terreno, equipamentos de comunicação. Nada de armas letais, apesar da manutenção e aquisição deste material ser "extremamente cara", como sublinha o pedido inicial. A Missão de Treino da UE em Moçambique (EUTM-MOZ), liderada por Portugal e prorrogada até 2026 com mais 14 milhões de euros, foca-se agora em assistência e monitoria, mas sem o "punch" necessário para equipar as FADM com firepower letal. Resultado? Tropas moçambicanas com baixa moral, falta de equipamento e vulneráveis num terreno onde os terroristas cruzam fronteiras com facilidade.

Pior: enquanto as FADM penam, a UE canaliza 20 milhões de euros (aprovados em Novembro de 2024) para o contingente ruandês em Cabo Delgado – equipamento pessoal e transporte aéreo para mais de 2.000 soldados que, desde 2021, protegem interesses como o projecto de gás da TotalEnergies. Esta "solução africana" é bem-vinda, mas questiona-se: por que não investir directamente nas FDS moçambicanas, a vítima principal? O Ruanda ganha influência e fundos; Moçambique, dependência e críticas da oposição, que acusa falta de transparência parlamentar.

E eis que o Porto de Maputo entra na equação como um elefante na sala. Alegadamente, o *Holger G* carregou conchas de artilharia, componentes de bombas de morteiro e aço militar de grau bélico – tudo para sustentar a ofensiva israelita na Palestina. A Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC) nega, dizendo que o navio só abasteceu combustível a 50 km dos cais, mas as organizações civis insistem: Moçambique não pode ser cúmplice de massacres. Ironicamente, esta "facilidade" contrasta com a debilidade da Marinha de Guerra moçambicana, sem navios à altura para fiscalizar o tráfego ou barrar tais cargas. Exercícios tripartidos com Tanzânia e Índia em Março de 2024 mostram esforço, mas sem meios letais, como fica a soberania marítima? Os portos alojam "material bélico letal que vai dizimar vítimas na Palestina", enquanto as nossas águas, vulneráveis a piratas e insurgentes, dependem de aliados estrangeiros.

Este quadro revela um cinismo profundo das autoridades: priorizam exportações controversas e apoios indirectos, negligenciando as FADM que sangram no terreno. Num país onde o terrorismo já ceifou milhares – 6.257 mortos em Cabo Delgado, segundo o ACLED –, urge transparência, investigação e redirecionamento de recursos. Moçambique não pode ser neutro face à guerra alheia se ignora a sua própria. Como alerta Nuvunga, é hora de acção decisiva: ou investimos nas nossas tropas, ou o furacão do norte engole o sul.

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