O Paradoxo Digital de Algumas Entidades Governamentais: Quando o Progresso Ameaça o Poder

O Paradoxo Digital de Algumas Entidades Governamentais: Quando o Progresso Ameaça o Poder Político.

Para começar gostava de frisar que a questão do acesso à internet e seu impacto na sociedade moçambicana é complexa e multifacetada, então há muito a ser discutido, quando o povo e as partes que deviam estar interessadas estiverem prontas. Uma vez que a ignorância, de certa forma, em Moçambique é lamentavelmente uma realidade. 

De seguida, reagir uma constatação aparentemente despercebida no seio da maioria dos moçambicanos, mas que alguns analistas imparcialmente mencionaram, propositadamente ou não, a cerca do medo e pesadelo que a algumas autoridades e altas individualidades moçambicanas sofrem para com as redes sociais.

Esta observação revela uma profunda contradição na postura e posicionamento de algumas entidades partidárias de Moçambique, por exemplo, em relação ao desenvolvimento tecnológico e social do país. Esta atitude ambivalente tem implicações negativas significativas para o progresso e bem-estar do povo moçambicano, por seguintes aspectos, vejamos:

Em primeiro lugar, a resistência revelada de entidades partidárias, particularmente com algum poder em países como nosso, às redes sociais e à expansão da internet lhes demonstram um medo latente da livre circulação de informações e ideias. Este temor sugere que as tais entidades, priorizam a manutenção do seu controlo político sobre a massa que se pretende dominar, em detrimento do empoderamento e desenvolvimento intelectual dos cidadãos. 

Há um receio, que às vezes fica difícil esconder, sobre a proliferação de conteúdos que dotem o público alvo que se pretende manipular ao seu favor, em adoptar-se de capacidades extra-currícular, sobre a forma de engajamento ou expressão de cidadania e outros exercícios cívicos em geral. 

Pois, ao limitar o acesso à informação e à comunicação global, eles efectivamente, restringem as oportunidades educacionais, econômicas e sociais dos moçambicanos, também. Aliás, as redes sociais tornaram obstáculetas as práticas tradicionais de fazer propaganda e perpetuar narrativas que antes, seriam difícil de contornar sem o advento da internet. 

Apesar de certas individualidades também, declararem que os conteúdos difundidos em redes sociais e alguns canais e fóruns na internet são descabidas de valor prático para desencadear de acções concretas. Ou melhor, não agregam valor algum na vida de quem as produzem e mesmo os que consomem. E, são produtos de Slops, portanto, informações elaboradas fora do padrão que dá credibilidade científica ou académica. 

Enquanto que, observa-se que além disso, esta postura contraditória mina a credibilidade dos governos inseguros. Notabiliizou-se mais na altura em que certas autoridades e individualidades professavam publicamente o desejo de aumentar o acesso à internet, enquanto secretamente temiam suas consequências democráticas, por exemplo alguns partidos nas recentes polémicas sobre as tarifas telefônicas, criou uma dicotomia entre discurso e prática que pode erosionar a confiança pública.

Enquanto que numa visão revolucionária e económica, esta falta de transparência e coerência política, pode desencorajar investimentos externos e parcerias internacionais cruciais para o desenvolvimento do país.

Outro sim, é que a relutância em abraçar plenamente a era digital, também coloca Moçambique em desvantagem no cenário global. Num mundo cada vez mais interconectado, a limitação do acesso à internet e às redes sociais pode isolar o país, dificultando sua participação na economia global e nos debates internacionais. Isso pode resultar em oportunidades perdidas para inovação, colaboração e crescimento econômico.

Por outro lado, negativamente é óbvio que as redes sociais servem como um veículo ideial para circulação da desinformação. E infelizmente, a desinformação perturba o cenário planeado por entidades conservadoras agarradas aos métodos antigos e alguns já ultrapassados, que faz com que resistam a inovação e recalibração dos paradigmas da forma de fazer política e gestão do poder em um país como nosso, nos dias actuais. 

Por fim, ao temer, ter aversão secretamente e profunda às redes sociais num ambiente supostamente democratico como o de Moçambique, que devia vigorar a liberdade de expressão advinda do maior acesso à informação, as entidades demonstram uma falta de confiança em si e temen a capacidade do povo moçambicano de pensar criticamente e participar activamente na governança de seu país. Esta atitude paternalista não apenas subestima o potencial dos cidadãos, mas também impede o desenvolvimento de uma sociedade civil robusta e engajada, essencial para um verdadeiro progresso democrático e social.

Em conclusão, a atitude ambivalente das tais entidades que nos escusamos de citar, por questões éticas, em relação às redes sociais e à expansão da Internet, reflecte um conflito interno entre o desejo de modernização e o medo de perder o controlo político. Esta postura não apenas prejudica o desenvolvimento tecnológico e econômico de Moçambique, mas também impede o florescimento de uma democracia mais participativa e transparente. Para verdadeiramente servir aos interesses do povo moçambicano, a quem é de direito, deve reconciliar este paradoxo, abraçando o potencial transformador da era digital, mesmo que isso signifique adaptar-se a uma nova realidade política. 

E por conseguinte um dos motivos dos pesadelos que se pode ter, é a rápida exposição das mazelas que escapam dos gabinetes, tentam fintar os olhos dos leitores nos jornais, sobre os concursos públicos e anúncios de adjudicação, etc. que foram interpelados e denunciados, consequentemente os altos mandatários dos sectores visados, abortaram. Este é um dos casos, motivo de pesadelos que as redes sociais provocam nas altas individualidades e organizações em Moçambique. 

Lino TEBULO
linoisabelmucuebo@gmail.com

Maputo, 22 de Junho de 2024


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