A inocência do povo moçambicano

Circulam nas redes sociais imagens de vídeos e fotos, umas atrás das outras, nítidas e esclarecedoras relacionadas os encontros do Alberto Chipande com o Christian Musumari Malanga, suposto cabecilha mentor do golpe fracassado no RDC Congo. Infelizmente, somos inocentemente envolvidos sob más intenções para com o povo congolês, outras vez, depois da infortuna morte do embaixador russo.

Extracto de um vídeo no Whatsapp: Alberto Chipande, Christian Malanga e Benjamin Zalman Polun.

São Fotos, Factos e Faces de Focos que suicitam uma atitude impávida diante de algumas reflexões abertas ao público, sobre o posicionamento das lideranças e heróis que nos dirigem? Sabemos dos problemas que temos, o pior de tudo, ainda esperamos que venha um super-homem nos salvar disso tudo.

Imagem no Whatsapp: Alberto Chipande e  Christian Malanga.

Onde realmente reside a inocência também está lá a cumplicidade do povo.

Em primeiro lugar, é importante reconhecer que o povo moçambicano, em sua grande maioria, não tem controle direto sobre as decisões e acções tomadas pelos seus líderes e governantes. Em um sistema democrático, os cidadãos elegem seus representantes, mas uma vez no poder, esses líderes podem tomar decisões que não reflectem necessariamente os melhores interesses da população.

No entanto, também é verdade que os cidadãos têm a responsabilidade de se manterem informados e engajados no processo político, pressionando seus representantes e exigindo transparência e responsabilidade. Muitas vezes, más decisões dos líderes são facilitadas pela apatia ou falta de envolvimento cívico da população.

Dito isso, argumentariamos que, em grande medida, o povo moçambicano pode ser considerado relativamente inocente em relação às consequências negativas das más decisões de seus líderes. Muitos moçambicanos vivem em condições de pobreza extrema, com acesso limitado à educação e informação, o que dificulta seu envolvimento efectivo nos assuntos políticos.

Outros factores que contribuem na inocência

Grave ainda actualmente neste cenário de agravamento dos preços de internet, SMS e chamadas. Aliás, conjugado com o rompimento dos cabos de fibra óptica. Realmente povo informado é atento, corajoso e interventivo em todos âmbitos relacionados ao seu país. E moçambicanos parecem ter um outro país e neste só estão de passagem.

Além disso, Moçambique tem um histórico de conflitos civis e instabilidade política, que pode ter contribuído para uma cultura de desconfiança em relação às instituições governamentais e descrença na capacidade de influenciar as decisões tomadas no alto escalão.

Portanto, embora os cidadãos tenham uma responsabilidade cívica, seria injusto culpar inteiramente o povo moçambicano pelas más decisões de seus líderes, especialmente quando essas decisões são tomadas sem consulta adequada ou transparência.

Algumas sugestões de possíveis soluções. 

Daqui a alguns meses ou desde já, há é haverá campanhas, propagandas, diálogos e mobilizações para convencer o povo: tristemente vamos vender o país por uma camiseta, capulana e outros artefactos de péssima qualidade acompanhada de promessas ilusória, se não falsas para renovarmos o sofrimento. 

Mobilização política algures em Nacala. 

No final, acreditamos que a solução está em fortalecer as instituições "democráticas" que de imparcialidade, transparência, justiça e integridade não têm; promover a educação cívica, ainda que deficiente e garantir que os líderes sejam verdadeiramente responsáveis perante o povo que supostamente servem, mesmo com o poder judiciário apartidarizado. 

Podemos ser inocentes diante do recente facto. Tal como Cole Patrick Ducey nega o seu envolvimento no golpe fracassado, mas aceita ter estado com os dois visados, apenas em matérias de conceção das minas de ouro em Cabo Delgado. Diremos o mesmo do Chipande?

O engenheiro e empresário Cole Patrick Ducey, EnSwatini. ©Mail Online 21.05.2024

Porém, a paciência deve ser moderada ao ponto de não se confundir com incapacidade de agir diante de todas atrocidades que acompanhamos a luz do dia. Por isso, continuemos nos informando e se formando, apesar das dificuldades que realmente foram reveladas que são impostas por aqueles que escolhemos nos dirigir.

E se o povo soubesse ou despertar sobre a consciência do peso de poder político que têm o que mudaria? 

"TeoRICAMENTE" se o povo moçambicano despertasse para a verdadeira consciência do poder político que detém, muita coisa poderia mudar positivamente. Em poucas palavras:

Maior engajamento cívico
- Participação seria mais activa nos processos eleitorais e de tomada de decisão, não fazendo-a apenas por descontentamento momentâneo;
- Haveria cobrança efectiva de transparência e responsabilização dos governantes. 

No fortalecimento da democracia  
- Veria a necessidade de renovação periódica legítima dos líderes das instituições;
- Exigiria, sempre oportunamente, o respeito pelos direitos e vontade da população. 

No tal desenvolvimento sustentável
- A escolha de lideranças comprometidas com políticas de longo prazo seria uma das atenções fundamentais a se exigir dos atrevidos e candidatos a liderança das intenções;
- Alocação de recursos conforme prioridades reais da sociedade. 

Sério o "fim" da cultura de impunidade
- Saberia que governantes devem responder por actos de corrupção e má gestão, durante o seu mandato;
- Seriam cidadãos que têm voz activa na defesa de seus interesses

Em todo caso, a consciência plena do poder transformador que reside nas mãos do povo, poderia levar a um governo verdadeiramente do povo e para o povo em Moçambique.

Lino TEBULO
linoisabelmucuebo@gmail.com

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