Aviator: A Tragédia Silenciosa, Onde a Aposta Vira uma Sentença de Morte

Tudo começa num pequeno descuido perpetrado pela falta da capacidade de controlo das emoções e gestão de recursos disponíveis, num passatempo supostamente lucrativo, atractivo e intuitivo. 

Fonte: Recorte de um vídeo no Whatsapp: dois agentes jogando Aviator.

Movidos até pela utopia de ganhos exorbitantes em um estalar dos dedos, na crença de que "quem não arrisca não petisca", principalmente quando uma mensagem publicitária sobre o jogo é recebida nos celulares com seguinte teor:

"O SEU CONTACTO RECEBEU 1500MT DE APOSTA GRATIS, SE AINDA NAO TEM CONTA, FAZ O SEU REGISTRO AGORA VIA LINK PROMOCIONAL.

LINK: https://placardbet.com"

Este link circunscrito, quando esta mensagem é aberta, ele carrega uma imagem igual a esta:

Regista-te e assine a sua sentença de morte. 

Nós chamamos de 'porta aberta da desgraça', forma moderada de 'bem-vindo às 1500 (mil e quinhentas) chances de suicídio'. Esta mensagem é a tal porta da pobreza perpétua num instante. É como se só houvesse rumores de que há quem ganhou e ganha-se, tu podes ser o próximo. Ninguém consegue aconselhar outrem, ainda com medo de ser vaiado e acusado de atrapalhar oportunidades. Muitos criticamos negativamente a existência desses jogos de azar, mas sem sucessos.

Até que a vida nos aperte e chegue a nossa vez de experimentar e cair no erro pela tentativa de recuperar o valor perdido, ficamos fadados a perda de valores, às vezes insignificantes, sucessivamente, ao ponto de olhar para trás, ficar com medo e frustração de arcar com as consequências pela estupidez e o arrependimento vergonhoso bate na cara; e, atarantado pela tamanha culpa, não há consolo possível para apaziguar a dor de cabeça de perder dinheiro num piscar de olho por joguinhos bem evitáveis.

Devia o governo intervir?

Claro que sim - pois não, se o governo é feito de homens com o perfil do seu povo. Numa das publicações existentes por aí, refere-se a 10 países africanos com público mais inteligente e Moçambique não faz parte deles. Igual aos seus dirigentes, assim é a sua população. Aliás, cada povo tem dirigentes que merece. Como ter governantes que olham com sensibilidade ao seu povo, se o povo é quem os molda?

A proposta é aliciante aos dirigentes, tal como a publicidade que conquista milhões de moçambicanos, seja por SMS recebidas através de números, que o meu Android felizmente deteta como spam, seja por publicidades em formatos de 'banner' nos aplicativos que requerem internet para o seu funcionamento. A Casa das Apostas fez um acordo com o governo, já é uma entidade legalmente reconhecida e autorizada a operar sobre os bolsos dos milhões de moçambicanos e que todo sortudo vencedor vai compartilhar seus ganhos à 15% (quinze porcentos) com o governo no pagamento de imposto de sei-lá o que!

O aparente pacóvio governante diante desta proposta, também movido pela fraca ou inexistente canalização, auditação, exposição dos impostos, viu uma oportunidade de geração de receitas para suportar o funcionamento do Aparelho do Estado e desvio das tais receitas que existem despercebidas na consciência de muitos moçambicanos.

Que autoridade honesta devia velar por isso? 

Devia haver alguma autoridade a questionar se os ganhos compensam às mortes dos militares, polícias, professores, enfermeiros e diversos técnicos de saúde pública, funcionários do estado, etc. Mas não é o que acontece. Mas também quem se importa com o que o povo passa? O governo foi aliciado aceitar que as Casas de Apostas, diabólica ou oportunistas ou não, operassem no território nacional. Oficializou cobrando alguma taxa reincidente sobre o vencedor (clientes ou apostadores) e nunca ao proprietário do jogo.

É assim que funciona o negócio, os funcionários param de trabalhar nalgum momento, seus ganhos mensais, depois ou mesmo antes de pagar alguma despesa, parte significativa ou não, vai ou é reservada ao AVIATOR. O indivíduo perde seu dinheiro, tempo, recurso e vida depois da desilusão, a comunidade perde um membro, a instituição perde um quadro assim como o governo, isso tudo por ganância e o desejo desmedido de querer mais num estalar dos dedos, em diversão fatal, susceptível ao suicídio.

Somos todos vítimas até que surja uma consciência sã e nos livre das armadilhas, que quem devia, também não pude evitar. Mas é lamentável até que ponto esse flagelo silencioso, subtil afecta vidas humanas em detrimento de melhor o bem-estar dos indivíduos anuidos por ganhos exorbitantes incertos, numa mesquinha jogada de disparo ao escuro sem ver o alvo, numa esperança vaga e abstrata que se materializa em desespero concreto e morte duma sociedade inteira. 

Vidas importam, sim! 

Vamos apostar em negociações realisticamente vivas. Vamos ao trabalho honesto. Ganhos reais e concretos, investimentos vivos. Capitalizar a sabedoria convencional dos conhecimentos de sobrevivência viável e iniciativas para projectos concretos e sustentáveis. 

Os Akins e outros flibusteiros, entre piratas e bucaneiros atrás das leis e algoritmos nas diabólicas Casas de Apostas dos jogos e infiltrados no governo estão apenas para nos desgraçar. Eles não axistem para nos dar dinheiro do nada, não fazem acontecer milagres.

Podem dar uns, mas retiram de milhões de pessoas, que aparentemente inconscientes também, retiram o pão e educação da boca dos filhos. São seres desonestos prontos para infernizar vidas em detrimento dos seus interesses pessoais, desmedidos e gananciosos. Não nos deixemos cair em tentação pelos poucos que são usados: ganhar e fomentar que é possível. Está tudo calculado que a cada milhão feito, parte insignificante vá para propaganda. Que fique claro: não há pão para atrapalhados e distraídos.

Abraços!

Paiw 
O Capitão Phingli

Fonte: Recorte de um vídeo anónimo, em circulação no Whatsapp: dois Agentes Jogando Aviator. 


Comentários

  1. Um enunciado oportuno para prevenir e curar os viciados dessa variante de "droga" legalizada. Bem haja.

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