Os Ultracrepidários da Narrativa Moçambicana
O Conceito de Ultracrepidário
Um ultracrepidário é uma pessoa que opina ou fala sobre assuntos que desconhece ou não tem conhecimento adequado. O termo vem do latim "ultra crepidam", que significa "além da sandália", fazendo referência a um famoso episódio envolvendo o pintor grego Apeles.
Segundo a história, Apeles estava pintando um quadro quando um sapateiro criticou a forma como as sandálias haviam sido retratadas. Apeles reconheceu o erro e fez a correção. No dia seguinte, o sapateiro, encorajado por ter suas críticas aceitas, começou a dar opiniões sobre outras partes da pintura.
Foi então que Apeles o interrompeu com a célebre frase: "Ne sutor ultra crepidam" - "Não vás além da sandália".
A Proliferação de Vozes Ultracrepidárias em Moçambique
Em Moçambique, é comum encontrar comentaristas, podcasters e analistas autoproclamados que actuam como ultracrepidários, opinando sobre temas complexos como paz, segurança e desenvolvimento no país, sem necessariamente ter o conhecimento profundo ou a vivência real dos desafios enfrentados.
Comentaristas de TV's, rádios e Propagandistas
Nas televisões e rádios moçambicanas, por exemplo, muitos comentaristas tendem a reproduzir narrativas superficiais ou partidárias, desconsiderando as nuances e complexidades das situações no terreno. Alguns actuam como propagandistas do regime ou contra a Frelimo, pintando uma realidade distorcida ou ignorando problemas crônicos.
Outros fazem-se passar de Sociedade Civil, Activistas Social, etc, proliferando comentários num claro exercício de transferência e transmissão de ódio, ou, simplesmente cumprindo alguma agenda estranha focada no embrutecimento.
Podcasters e Analistas Autoproclamados
Da mesma forma, certos produtores de podcasts e analistas autoproclamados tendem a emitir opiniões contundentes sobre questões sensíveis como conflitos, instabilidade e subdesenvolvimento em certas regiões, sem necessariamente compreender as raízes históricas, sociais e econômicas por trás desses fenômenos.
O Perigo da Arrogância e da Pretensão
O risco do ultracrepidário é justamente falar de maneira arrogante e pretenciosa sobre desafios que demandam uma análise cuidadosa, multi-facetada e enraizada na realidade moçambicana.
Enquanto é verdade que Moçambique tem possibilidades e potencial, também é inegável que persistem obstáculos complexos para alcançar uma paz duradoura, segurança sustentável e desenvolvimento equitativo para todas as regiões e populações.
A Necessidade de Humildade Intelectual e Diálogo Construtivo
Uma abordagem responsável exigiria humildade intelectual, disposição para ouvir diferentes perspectivas, especialmente das comunidades directamente afectadas, e um compromisso com a busca de soluções baseadas em evidências e no diálogo construtivo, em vez de meras narrativas ideológicas ou partidárias.
É fundamental, principalmente para nós produtores de conteúdos e artigos para Internet, reconhecer as limitações de nossas próprias perspectivas e buscar a compreensão mais ampla e profunda dos desafios enfrentados pelo povo moçambicano.
Somente através de um engajamento genuíno, respeitoso e aberto ao aprendizado mútuo, poderemos superar as tendências ultracrepidárias e construir uma narrativa mais justa, equilibrada e construtiva sobre o caminho de Moçambique rumo à paz, segurança e desenvolvimento sustentável.
O Verbalyzador
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Publicada por O Verbalyzador em O Verbalyzador a 4/04/2024, 05:54
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