A Educação como Agente Transformador da Sociedade

Uma versão revisada de:

Sabotar a educação, é sabotarem-se a vocês mesmos.

Crianças tendo aulas por falte de salas de aulas, algures em Moçambique. 

A luta contra a pobreza e as precárias condições de vida dos funcionários públicos e da população em geral está nas mãos dos professores em todos os níveis de ensino. Eles são os guardiões do conhecimento e os moldadores das gerações futuras.

Não concordo com a ideia de não dar aulas, não controlar exames ou negligenciar a educação como forma de protesto contra salários atrasados ou benefícios irregulares. Pelo contrário, os professores devem permanecer nas salas de aula, formando os futuros líderes e gestores do país. A verdadeira luta por mudanças radicais e pela salvação do povo está em suas mãos e nessas salas de aula.

Quem se tornará ignorante não é o governo, nem os partidos políticos, mas o próprio povo – seus filhos, amigos e futuros chefes e líderes familiares e nacionais.

Na verdade, se as condições de vida dos cidadãos e professores são precárias hoje, a culpa recai sobre os professores do passado. Eles falharam em sua missão de moldar adequadamente os actuais dirigentes que deveriam melhorar nossas condições de vida.

Se os professores tivessem desempenhado bem sua tarefa no passado, teríamos hoje líderes competentes e comprometidos com o bem-estar do país. No entanto, houve fragilidades e descuidos, ao ponto de se pensar que a educação é menos importante que a filiação partidária e os objectivos particulares de grupos.

Portanto, se temos políticos ruins, é porque seus professores os moldaram mal. Agora, os professores estão colhendo o que plantaram, ou os alunos estão retribuindo aos professores o que eles merecem. Nos países onde a educação é sagrada, e não apenas um emprego ou uma profissão de subsistência, todos se curvam aos professores. 

O professor é respeitado, e a tarefa da educação formal é sagrada, a ponto de não se permitir interferências externas na formulação dos currículas. A educação, o processo de ensino e aprendizagem, nos países sérios, é o que merece maior atenção, proteção e investimento.

A escolha é nossa hoje sobre que tipo de fruto queremos colher amanhã. Se abandonarem as aulas, não ensinarem, boicotarem o ensino ou entrarem em greve, saibam que estarão favorecendo o sistema que os prejudica ainda mais.

Estarão dando forças ao inimigo do país, entregando ouro aos bandidos, facilitando a instalação da pobreza, a criação de quartéis da corrupção e o atraso do desenvolvimento em todas as vertentes. Porque é nessas salas de aula que devem se vingar, dando aulas ao sistema, ao regime que os desvaloriza, formando os dirigentes e cidadãos do amanhã, moldando o futuro com pessoas íntegras e honestas.

Se temos políticos mentirosos e ladrões, é porque seus professores os ensinaram assim. O professor não é um funcionário simples ou mais um cidadão qualquer que quer apenas sobreviver dando aulas. O professor é o horizonte, a lanterna, a salvação – os destinos deste país estão em suas mãos.

Ouso dizer que o professor é um deus. É um profeta, apóstolo, padre ou qualquer divindade que se deve venerar. Não manchem essa tarefa com acções de analfabetos e ignorantes como seus gestores. Encontrem uma maneira inteligente de fazer greve, de modo a pressionar e educar a sociedade para ter atitudes corretas e justas.

Por exemplo, ensinando os alunos a ler, escrever, contar, amar, respeitar e todas as outras virtudes e atitudes positivas para o desenvolvimento humano, com serenidade e dignidade dentro dos princípios éticos e morais almejados por um povo que clama por mudanças, liberdade e justiça, estaríamos matando muitos antipatriotas a serviço do inimigo invisível que nos incapacita.

Essa seria sua greve, educador do ensino público. E não fazer coisas que vão empobrecer mais o país e criar um povo submisso, atrasado e alienado.

E diga-se mais: aos alunos que sabem ler, escrever e contar, ensinem-lhes ética e moral, e apontem os que faltam com bom caráter. Por exemplo: "Fulano é ministro de tal área, deveria fazer isso e aquilo, mas em vez disso, ele rouba, é corrupto, etc." Reúnam os alunos e ensinem-lhes a ser bons cidadãos, não corruptos como fulano.

Ações são mais válidas que palavras. Então, trabalhem para mostrar aos seus alunos o melhor do ser humano, e não as atrocidades normalizadas por pessoas de baixa índole, como artistas e coaches medíocres que vemos por aí.

A mediocridade deve ser sanada, não ovacionada! Isso só os professores podem corrigir e moldar na sala de aula e nos intervalos, enquanto os pais dão continuidade em casa e a sociedade em geral, na rua.

O professorado não é prostituição, é menção honrosa. Façam greve, por exemplo, divulgando segredos de "como o povo tomar o poder e derrubar maus governantes", repudiando suas ações e mostrando aos alunos que o que os maus dirigentes fazem não é bom.

Perdoem-me pela ousadia, pois, em meu entendimento, com minha arrogância e sem pedagogia ainda, não deveria ousar ensinar a vocês como devem agir. Pelo contrário, devo aprender com vocês como ser um moçambicano ideal e um bom cidadão do mundo.

A recompensa da docência deveria residir em ter bons líderes e melhores gestores para o nosso país. Que Deus ilumine suas carreiras e, antes que seja tarde: Feliz 12 de Outubro, que seja o marco de uma nova revolução da educação em Moçambique!

Obrigado pela atenção, o Moçambique de amanhã, está nas vossas mãos. Deiam aulas aos alunos e estudantes para que não mendigueis boas remunerações e condições de vida, no futuro. Nem seja preciso correr com as urnas dum lado para outro, muito menos implorar pelas mínimas condições de trabalho.

O professor tem PODER! 

Lino TEBULO

linoisabelmucuebo@gmail.com