E para que servem as instituições e entidades formais do Estado?

E para que servem as instituições e entidades formais do Estado, além de lesar o povo e defender sistemas opressores?

Será que precisamos de superstição para dar justiça merecida aos casos de assassinatos como o ocorrido na madrugada do dia 19 de Outubro de 2024 na cidade do Maputo? Informações sobre um vídeo capturado amador, registando momentos em que uma senhora parece fazer um ritual ou algo parecido acompanhado de mais alguém que dizem ser o tio do finado, Elvino Dias, dão conta que está se tentar fazer justiça aos assassinos.

É comum e frequente nas nossas comunidades, depois de haver morte de alguém, fora da autópsia feita nos hospitais e por peritos, recorrer-se aos curandeiros para apurar a verdadeira causa da morte. Onde sempre há um culpado e nunca é morte natural. Aliás, não há morte natural quando um curandeiro é convidado a convocar espíritos para auxiliar no esclarecimento das circunstâncias do finado.

Não foi excepção ouvir ou ver algum comentário legendando o tal vídeo captado no lugar onde houve a execução.

O nosso sistema judicial falha e bastante, pior que em alguns casos, os que têm posições financeiras altas sempre têm razão em relação aos plebes. Daí que, quando se é pobre, se se sentir injustiçado é preferível recorrer aos curandeiros que aos tribunal ou à polícia. Algo que se aconselha a moderar, porém a realidade dita o que funciona ou satisfaz os indivíduos numa comunidade como a nossa.

No fim de tudo, enquanto os órgãos formais condenam o culpado a anos de prisão ou pagamentos de finanças e indemnizações, os recursos supersticiosos são mais precisos, quando acertam, é transformar no indivíduo em demente, paralisias físicas ou outros problemas bem como na pior das hipóteses doenças e acidentes que Terminam em óbitos.

Na superstição a condenação é fatal e não é preciso a presença do culpado. Às vezes as sanções são irreversíveis, às vezes não. Há casos que as sequelas são permanentes. Fica-se maluco, deficiente físico, já casos em que só dão te azar por algum ou longo tempo.

Matar alguém em algumas das nossas comunidades é um risco que nem vale apenas tentar. Muitos tiveram sequelas profundas e desastres por gerações. Não somos a favor por esse tipo de justiça, mas observando como a cultura europeia está deixando os pobres mais submissos e sem recursos para se suportar, há que voltar-se às raízes. Podir desculpa aos antepassados e desencadear acções e práticas de feitiçaria para ver se pelo menos consolamos corações dos que se sentem desligados e marginalizados do sistema de justiça formal adoptado pelo governo.

Nessa sequência, numa visão mais ampla tirando as questões vincadas de vingança e ódio pela situação política actual, podíamos também, usar a superstição para quebrar algumas tendências de estiagem que assolam algumas regiões de Moçambique, que vão deixar milhares de famílias na seca severa e consequentemente na fome. Mas como o sistema formal vê nesse problema de baixa precipitação uma oportunidade de mendigar apoios financeiros ou em qualquer outra coisa para depois desviar ao benefício dos dirigentes e seus sequazes aos invés de suprir as necessidades manifestadas, ninguém apoia esse tipo de iniciativas. Até que esse insight vem da abordagem tentada pelo renomado Jorge Ferrão, o então reitor da Universidade Pedagógica que directo e indirectamente atira farpas ao sistema quando lhe apetece.

Contudo, observamos que há necessidade em resgatar as práticas da magia negra africana para ver se buscamos algum tipo de justiça ao povo moçambicano, que jas pelo desamparo dos sistemas jurídicos, policiais ou de qualquer outra forma de direcção formal no seio do Estado, em relação ao modo governação que se têm. Ainda que repudiavel, mas por questões de consolo às famílias vítimas de violência política, como está recente do Dias e Guambe e da manifestação do dia 21 de Outubro de 2024 que o governo não consegue desencadear os seus órgãos para esclarecimento dos actos, longe de especulações, a superstição já salvaguarda muitas realizações. 

Não é hoje que vamos desprezar em usar para buscar o equilíbrio na nossa convivência e modo de estar. Se mesmo algumas chefias, pela tamanha incompetência observada, só podem estar a se segurar e suportar da superstição para cegar aos seus superiores hierárquicos e continuarem no poder, colonizado o povo e empobrecendo cada vez mais Moçambique pela arrogância, prepotência, ignorância, etc.

Ainda assim, clamamos por paz, justiça e ordem além do caos e colonização ou escravidão contemporânea! 

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