De Anjos para Kamikazes
Não são sinais apocalípticos, apenas críticos
Já se vinha apelando desde que tentamos adoptar esse tal regime democrático sobre a moderação nos discursos e outras atitudes grosseiras e arrogantes de fazer política. Assim como vários foram os apelos a paz e reconciliação entre, seja qual era a força, grupo e personalidades, no exercício das suas funções e autoridade. Mas poucas foram as vezes em que, mesmo os religiosos evitaram apontar exactamente à quem devia mais observar e evitar a má atitude e comportamentos que pudessem perpetuar situações de mau estar e hostilidade.
Já houveram greves por várias crises em reivindicações sobre vários aspectos sociais, a população já reclamou e repudiou sobre quase tudo e limitando-se apenas em assistir por medo a represálias numa altura em que não seria necessário, dado ao número elevado de pessoas com formação superior a gerir o país, mas com resultados desastrosamente baixos que aqueles que onstentavam a 4ª Classe. Simplesmente vergonhoso, se se tivesse alguma consciência.
Cá estão os médicos e o resto do pessoal da saúde. Tentamos tapar o sol com a peneira, despedir centenas de profissionais de saúde e contratar 60, dado que mesmo com as centenas não cobriam o mínimo requerido dos médicos para 32 milhões de habitantes. Incompetência gera desastres e mais nada. Arrogância poucas vezes resolveu os problemas.
Ora agora, enquanto tememos que a revolução venha dos militares e polícias como na África Ocidental, já que os outros movimentos e partidos provavelmente mostrem comodismo em relação a situação real do povo e perderam credibilidade por ser clara a sua cumplicidade em cumprir agendas não da vontade popular, mas sim estrangeira, eis que os médicos e profissionais da saúde mostram mais atitudes e coragem em tentar alinhar o país.
Não seria um facto inédito, insólito universalmente, se Samora Machel em algum momento da sua história não fosse atribuída a sua passagem como enfermeiro na Ilha de Moçambique, provavelmente, e o mesmo cenário verificar-se com alguns políticos revolucionários da história com formação em saúde como o guerrilheiro Che Guevara, que era formado em medicina, e o líder palestino George Habash, que também era médico.
Suas origens na área de saúde influenciaram suas abordagens políticas e actividades revolucionárias. Por que os nossos salvadores de bata, chaleco ou vestimenta branca não podem assumir esse papel se às áreas e personalidades que deviam não podem por alguma incapacidade? Claro, triste é que acima de 500 crianças e milhares de pessoas pobres estão perdendo a vida, por fração de semanas, enquanto os abastados recorrem as clínicas e centros privados. Uma vez que a greve só decorre nos hospitais, centros e postos de saúde públicos, praticamente.
Tanto os que não querem resolver os problemas dos médicos em detrimento de sentir pela população pobre, quanto os profissionais de saúde com maturidade e experiência em tratamentos e cuidados de saúde básicos e fundamentais ao povo moçambicano pobre, encontram-se a receber e dar assistência nas clínicas ou estabelecimentos de saúde privados. Facto.
Acção reversa ou efeito dominó - causa efeito.
Triste cenário. Se o povo podesse, enquanto o governo demite os grevistas, o povo demitia o governo. Francamente seria justo, pois nessa briga quem mais morre e sofre consequências é o povo ou a população pobre e mais ninguém. Enquanto os outros abutres e vampiros do Azagaia, facturam nos seus empreendimentos privados como se fosse um esquema orquestrado para exactamente para dobrar os lucros nessa área.
É inconcebível viver esses momentos. Não se sabe ao certo se são necessários ou pretendesse de alguma forma transformar isso numa oportunidade além de negócio, mas sim de protagonismo político ao trazer a solução depois de tantas mortes que ainda vão se somar.
Mas diferentemente dos Kamikazes tradicionais, estes nossos, mantém-se vivos e retaliando escrupulosamente todas tentativas de ludibriação e intimidação. Observemos até onde o poder anima e corta automaticamente a parte humanista do homem negro. Nem as Igrejas que podiam alastrar os seus serviços de milagres conseguem se movimentar para salvar vidas na realidade e muito menos podem conscienlizar aos políticos encarregados e responsáveis por perdas de vida sobre o quão importa a vida.
Afinal aos médicos e ao governo, a vida dos pobres não conta? Enquanto houve compromissos nas manifestações eleitorais e os outros juraram servir a vida, agora o que é feito de quem não pode tratar seus problemas de saúde com armas e ao longo da vida não pude ter formação médica, nem pude roubar o suficiente para acumular dinheiro ou riquezas que permitiriam cuidar da sua saúde quando situações como essas viessem à tona!?
05 motivos deste manifesto à sugestão do título.
O título "De Anjos para Kamikaze" é apenas uma sugestão para uma mudança de perspectiva ou papel dos médicos, de cuidadores para algo mais radical que se tornaram. Pois algumas abordagens que pudemos explorar ao reflectir sobre a greve dos médicos nessa vertente, não passam de:
1.Momentos de Transformação de Papéis Sociais.
Onde os médicos, tradicionalmente vistos como "anjos" que cuidam da saúde e bem-estar das pessoas, estão assumindo um papel mais radical, de acções concretas e arriscado ao entrar em greve, como os "Kamikazes" que se sacrificam por uma causa maior. De forma holística e sistémica resistem pelo bem dos outros ou de todos nós, apesar das consequências das mortes das crianças que nada tem haver, pois nem oportunidades de viver lhes foi dada.
É como se diabolicamente nos apercebessemos que vem ou nascerá nesses dias, a partir de famílias pobres, aquele que virá salvar Moçambique e por não se saber de qual família pobre se trata, optassemos em apertar todos pobres para não permitir que nasça ou viva esse Salvador. Já que temos tantos profetas que médicos santos, caritosos e políticos honestos, pragmáticos, carismáticos e filantropos.
2.Revolta contra Pressões no Sistema de Saúde
Que na saúde pública além de precária com políticas falhadas e gestão desastrosa, nos mostram e revelam as pressões e desafios enfrentados pelos médicos o qual se justifica (sem aplausos num riquiem com lágrimas e dor) as discussões das questões como sobrecarga de trabalho, falta de recursos, condições precárias e como esses fatores empurraram os profissionais de saúde para uma postura mais combativa activa que passiva, a qual esgotou de tanto ver imensas vezes adiadas as soluções concretas.
3.Defesa dos Direitos e Mudanças da valorização da sua classe.
Onde espelhamos, se simpatizando pelas razões subjacentes para a greve dos médicos, como a luta por melhores condições de trabalho, salários justos, segurança no ambiente de trabalho e melhorias no sistema de saúde. Enquanto alguma classe eliticada à força usufruem sem esforço regalias sem precisar produzir ou arriscar sua pele em tarefas ao serviço do povo.
Esperavamos de ante mão que essa luta fosse vista como uma transformação da missão tradicional de cuidados que devia ser valorizada concertos incentivos e renováveis para com simpatia da justiça aos que se dedicam à saúde básica, digna e abrangente ao povo moçambicano como o prometido pelas autoridades competentes que assistem esse cenário nas suas acomodações, enquanto o povo reagrupa recursos para enterro de mais um ente queridos, vítima da situação.
4.Momentos de reflexão sobre o Impacto na Sociedade
Está é uma mera proposta de analise de como a decisão dos médicos de entrar em greve está afetar a sociedade de várias maneiras. Ciente de que já houve discussões do potencial impacto nas pessoas, especialmente pobres, que dependem de cuidados médicos básicos o quão foram e estão sendo lesadas, bem como o impacto nas políticas de saúde e na opinião pública que de certa forma afectam a ordem do dia.
5.Acto de Solidariedade e Sacríficio
A quem é de direito devia se mostrar mais humano e compassivo, largar o ego e a ganância do luxo e da luxúria e atender, não basta apenas ouvir, as ideia de solidariedade entre os médicos que podem afectar o desempenho de outros sectores, comparando sua disposição de lutar por mudanças significativas à determinação dos kamikazes.
Sabemos agora o quão e como ambos os grupos (governo e profissionais de saúde) estão dispostos a sacrificar algo em busca de seus objetivos. Mas por favor, deixem as vossas diferenças e olhem para os pobres. Os pobres não podem ser alvos das vossas desavenças e contendas, a não ser que tenham entrado ou foram contratados pelos mentores e promotores da Nova Ordem Mundial, como os teóricos da conspiração sustentam.
Sem mais, ler dói e com médicos em greve e a pobreza de lado, paremos por aqui até nos próximos momentos.
Por: Evaristo Pereira dos Santos
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