Análise da Situação Actual de Cabo Delgado (04.07.2024)

A Sombra da Presença Ruandesa em Cabo Delgado: Um Dilema Nacional

Já se vão anos se questionando a presença da força ruandesa em Cabo Delgado, apoio da União Europeia em treinamento e ajuda com material não letal e muitos analistas, é claro os apoiantes do governo actual, bem como o próprio presidente justificam forçosamente a conveniência e as vantagens de tê-las no terreno em detrimento de munir esforços em robustecer as forças nacionais com alternativas diferentes e sustentáveis. 

Já vão se somando meses depois dos anúncios do reforço da mesma força e descombate da SAMIM ou a retirada das forças da região da África Austral fisicamente em Cabo Delgado. Bem como segue o calendário em meses depois dos relatos do jornalista autorizado a reportar sobre os actos de terrorismo no terreno, ter o prestígio de informar aos moçambicanos sobre a construção de uma escola pelas forças ruandesas.

Assim como também já vão passando semanas que se anuncia através de canais fidedignos a construção e entrega de um mercado pela força ruandesa no distrito onde está força está em maior peso. É delicado analisar esse assunto gritante, principalmente depois de ter-se visto um texto a circular nos grupos de Whatsapp explicado favoravelmente quais eram essas manobras da Força Ruandesa, como parte de combate ao terrorismo.

Dizia o texto que as acções do Ruanda nessa dimensão, era um outro prisma de trazer a paz e combater o terrorismo. Para um bom entender da matéria, observando num outro ângulo, é complicado quando não é a força moçambicana fazendo essas realizações, enquanto tem formando anualmente jovens que perfazem uma força denominada por Prestadores Civicos.

Onde bastava apenas adquirir-se o material de construção e prontos, dava para povoar essas zonas de risco onde a população se encontra deslocada para sempre ou temporariamente, com infraestruturas necessárias. Mas, tão bons que somos em termos de gestão, preferimos fazer festa e obrigarmos ao povo a acreditar e aceitar que o certo é deixar que seja a força ruandesa a fazer.

Aliás, se dentro das Forças Armadas de Moçambique existirem iniciativas iguais, chegam e falam em voz alta aqueles quadrados conselheiros dos dirigentes, também obtusos, que as Forças Armadas só servem para guerras. Ou melhor, disparar armas e não construir pontes, escolas, hospitais, fontes de água, etc. Devemos ir buscar doadores e parceiros no estrangeiro para montar uma tenda, construir uma latrina com material local, etc. para os deslocados ou comunidades desfavorecidas e no fim fazer entrega com figuras nacionais na frente.

Mas empregar nacionais com custos reduzidos, vindos do Estado, usando material local, empenhando nossas próprias Forças e reduzindo o luxo e regalias desnecessárias e absurdas dos dirigentes, para dar lugar a construção de infraestruturas úteis e básicas para o bem comum das nossas comunidades onde se encontra o nosso povo ou onde nos encontramos, ninguém apoia.

Isso é que é um autêntico disparate. Meia volta, recentemente, cruzando entre fontes locais e canais arredores de Mocimboa da Praia, a Integrity, na edição de quarta feira 03 de Julho de 2024, diz que em Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, a população de Nabubussy manifestou seu descontentamento com o administrador Sérgio Cipriano, pedindo sua demissão em uma reunião pública no dia 2 de julho.

E que este acto de insatisfação é inédito na região desde 1975. No mesmo dia, o Conselho Municipal tentou obrigar comerciantes a usar um mercado construído pelas Forças de Defesa de Ruanda, mas enfrentou resistência da população. 

Enfatizando ainda que a Presidente do Município, Helena Bandeira, negou o uso de força, afirmando que os policiais estavam apenas ajudando no transporte de mercadorias. A população também expressou desconfiança em relação às intenções das ofertas feitas pelo Exército ruandês.

Prontos, se há evidências desse género, o que adianta ainda forçar o resto dos moçambicanos que a abordagem sobre a presença da força ruandesa, principalmente arredores dos empreendimentos do gás naquela região é uma benevolência e não uma nuvem que muitos moçambicanos olham com desconforto e total desconfiança. E somando ainda com novos anúncios de entrada de mais empresas do Ruanda para operarem junto da Total, afasta a mínima esperança dos empresários moçambicanos e a sua população sentirem os benefícios e efeitos positivos da exploração das jazidas de gás ao nível nacional em detrimento de tudo ficar com Ruanda.

Porém, permanecem as dúvidas e seguem os dias, poucos moçambicanos vão desleixando os factos de lado e a população daquela região permanecerá só à sua sorte e jogando no que for possível até ao fim dos dias de cada indivíduo. Jovens e adultos com energias desse lado, nas redes sociais e noutros fóruns, desmotivados ou não no engajamento de eventos que podem mudar o curso da história, ficam distraídos com futebol, novelas, álcool, prostituição, drogas, religião e a busca da sobrevivência enquanto a poluição sonora reforça essa distração para impedir a messa pensante activar neurónios que induzam sinergias para acção ou revolução impreterivel na busca de um Moçambique melhor para nós e para as futuras gerações. 

Aliás, movimentos e formações políticas como a recente Coligação da Aliança Democrática - CAD, vão explorando no máximo o desespero do povo e tentando reavivar a esperança dos frustrados com tudo isso, nas suas propagandas sob alegação de uma possibilidade de resgate do país através do sufrágio previsto para o dia 09 de Outubro de 2024. 

Evaristo Pereira dos Santos
eva301023@gmail.com 

Estaremos aqui para escrever quando o curso dos factos mudar e celebrar as possíveis presumíveis vitórias. Que seriam melhor sem muito sangue derramado entre irmãos. (O Verbalyzador).

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