O Valor das Manifestações na Luta por Justiça em Moçambique

Será que as manifestações promovidas por Venâncio Mondlane em Moçambique agregam algum valor aos cidadãos moçambicanos?

Retirando os cenários de vandalização e violência registados que ocorrem esporadicamente em forma de aproveitamento de situação, podemos ver o lado que há de positivo nas greves, manifestações e protestos em prol do recente processo eleitoral. 

Ou melhor dizendo, os protestos liderados por Mondlane promovem cidadania, consciência crítica e pressionam por reformas em prol da democracia. Dito isto, a seguir apresentamos alguns subsídios, que não advocam o lado negativo, mas sim a intenção expressa pelos manifestantes e outras partes relevantes e segundo a lógica da existência dos actos. 

Quer dizer, confrontando a questão e assumindo a base de que manifestações são um instrumento legítimo de promoção da democracia, da liberdade e do despertar da consciência cidadã, é possível argumentar que as manifestações promovidas por Venâncio Mondlane têm sim valores agregados significativos, mesmo em contextos controversos.

1. Promoção da democracia e participação cidadã

As manifestações reflectem um exercício de direitos fundamentais como liberdade de expressão, reunião e protesto. Quando os cidadãos se mobilizam para contestar processos eleitorais ou denunciar injustiças sociais, estão essencialmente pedindo transparência, accountability e reformas, pilares de qualquer democracia saudável.

Sem precisar desencorajar ou fomentar o errado, há que conscientizar a sociedade de que: Mesmo com controvérsias e repressões, essas acções incentivam o engajamento político e a participação activa da sociedade na vida pública, elementos essenciais para a cidadania plena.

2. Despertar da consciência crítica

As manifestações trazem questões importantes para o centro do debate nacional. Em Moçambique por exemplo, onde o descontentamento social muitas vezes encontra barreiras institucionais para ser canalizado, os protestos podem funcionar como catalisadores para o despertar da consciência colectiva. 

Isso significa que a nossa população começa em partes ou colectivamente, a reflectir sobre seus direitos, sobre os abusos do poder e sobre a necessidade de mudança parcial ou radical de todo o sistema. 

No caso específico de Mondlane, ao abordar temas como justiça eleitoral, raptos e assassinatos, ele destaca problemas críticos que afectam diretamente a população. Por isso vimos todas classes sociais aproveitando esse momento para protestar a indignação das causas que às motiva. 

Isso ajuda a criar uma narrativa de resistência e demanda por reformas, algo que pode inspirar mais pessoas a se unirem por uma causa comum. Olhem apenas no recente fenómeno dos panelanços. 

3. Mobilização como um símbolo de liberdade

O simples acto de organizar e participar de manifestações, especialmente em contextos onde há repressão, já é um acto simbólico de liberdade. A ideia de uma manifestação ocorrendo dentro da prisão na cidade da Beira em Sofala, ainda que não confirmada, seria um marco para demonstrar que nem a detenção silencia as vozes dos cidadãos. 

Este tipo de resistência fortalece a ideia de que a luta por direitos e justiça não é facilmente suprimida.

4. Impacto a longo prazo

Os mais informados sabem ou já ouviram dizer que embora manifestações possam gerar danos imediatos (como mortes, ferimentos e detenções), elas frequentemente resultam em mudanças a longo prazo, ainda que graduais. 

A história global demonstra que movimentos populares, mesmo inicialmente marginalizados ou reprimidos, podem influenciar reformas políticas, reconfigurar a cultura política e fortalecer movimentos sociais.

Desafios e controvérsias

Embora haja valores agregados claros, é importante considerar as críticas como:

Riscos de violência - Manifestações mal organizadas podem levar a confrontos desnecessários, prejudicando os cidadãos.

Falta de soluções claras - Se as lideranças não oferecem propostas concretas, o movimento pode ser interpretado como puramente disruptivo.

Concluindo, as manifestações lideradas por Venâncio Mondlane agregam valor ao promover diálogo, resistência cidadã e a luta por justiça e direitos fundamentais ou até básicos da comunidade moçambicana em todas esferas sociais. Independentemente dos desfechos imediatos, o impacto reside em fortalecer a ideia de que mudanças são possíveis e que os cidadãos têm um papel central na construção do futuro do país.

Vandalização do super mercado na cidade de Maputo, zona da liberdade: 15-11-2024. 






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