Outra Face Oculta da Corrupção Sobre Os Funcionários Fantasmas

O Esquema dos Funcionários Fantasmas em Moçambique

Após um período de afastamento da mídia moçambicana e do meu blog Verbalyzador desde julho de 2024, retorno para abordar uma questão crucial que merece reflexão profunda: o destino dos documentos de candidatura a empregos no Aparelho do Estado.

O Destino Obscuro dos Documentos

Em teoria, o processo é simples: documentos dos candidatos selecionados seguem para recrutamento, enquanto os demais são destruídos por questões de confidencialidade. 

Contudo, a realidade em Moçambique revela um cenário perturbador: 

certificados e documentos pessoais sendo utilizados como papel de embrulho em barracas de peixe seco, longe dos gabinetes estatais onde deveriam estar protegidos.

Da Negligência à Corrupção Sistemática

Minha experiência pessoal como jovem que recolhia materiais descartados em instituições, nas lixeiras dos sectores administrativos e até hospitais, revela um padrão preocupante de descaso com documentos oficiais. 

Este descuido pode estar alimentando um esquema mais amplo e perverso: o dos funcionários fantasmas. Onde, talvez, com os documentos submetidos dos candidatos que não podem ser aprovados por questões de limitação de número de condidatos requeridos, possam seguir para fins obscuros com os RH's, num processo tido como viciado.

O Processo de Recrutamento Viciado

Segundo depoimentos anônimos, muitas vagas são anunciadas apenas para legitimar processos já decididos: "Pura realidade, pois em algum momento publicam vagas apenas para legitimar o processo, mas os candidatos já foram pré-selecionados." Rebate um Anónimo numa publicação sobre Empregos Fantasma, vinculadas nessa plataforma. 

Sem mencionar os rumores de fraudes e esquemas por detrás das contratações à porta de cavalo, que os anúncios são só uma fachada, enquanto as candidaturas estão em leilão em contas de pagamentos bancários, via móvel ou até troca de favores sexuais.

A Sofisticação do Esquema

A culturalização da corrupção em Moçambique pode permitir que documentos descartados sejam potencialmente utilizados para criar funcionários fantasmas. Uma vez que raramente há casos de haver ligações ou solicitações para a devolução dos documentos depositados pelos requerentes. 

É provável que mediante um esquema elaborado entre funcionários do recrutamento, cadastro e processamento de pagamentos pode gerar perfis fictícios que drenam recursos públicos.

Falhas Sistêmicas e Consequências

Mesmo com a implementação do sistema e-Sistaf, e-CAF, etc, persistem escândalos e atrasos inexplicáveis nos pagamentos de salários e falhas absurdas. Na área militar, há relatos frequentes de funcionários fantasmas, enquanto familiares de combatentes falecidos aguardam seus benefícios.

Para os outros já nem se diz, algumas pensões mesmo com todos protocolos e requisitos devidamente submetidos e acautelados, famílias ainda recorrem recursos e entidades para o desembolso dos valores. E, às vezes só se ouve no noticiário que houve desvio de somas de dinheiro que era destinado o tal fim.

O Ciclo Vicioso

A burocracia excessiva e a má gestão documental criam oportunidades para fraudes: 

  • Um simples ficheiro contendo certificados e currículos, entre outros requisitos para candidatura à empregos e preenchimento de vagas; ou 
  • Uma simples certidão de óbito, combinada com processos morosos pode alimentar esquemas fraudulentos por meses ou anos, gera um ambiente propício a criação de Justificativas para o efeito. 

Necessidade de Acção

É imperativo que:

1. Haja maior fiscalização no tratamento de documentos confidenciais;

2. Sejam realizadas investigações sobre o destino dos documentos de candidatos não selecionados;

3. Se implemente um sistema mais rigoroso de verificação de funcionários. Nada de fantochadas de prova de vida onde se faça na ausência do indivíduo;

4. Exista maior envolvimento das autoridades competentes no combate a estes crimes. 

Terminando 

Os verdadeiros inimigos do Estado não são os manifestantes que protestam contra injustiças, mas aqueles que, dos seus gabinetes, manipulam o sistema e drenam recursos públicos através de esquemas sofisticados de funcionários fantasmas. Enquanto processamos para onde vão os documentos descartados dos candidatos desqualificados?

Que todos os moçambicanos comprometidos com o bem comum se unam no combate a esta forma insidiosa de corrupção.

Outra Face Oculta da Corrupção Sobre Os Funcionários Fantasmas. 


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