Os imprestáveis

Um puxão de orelhas aos imprestaveis infiltrados... 


Do editor

Não via mais motivos para escrever-vos em breve, povo moçambicano. Em parte, as confusões entre acusações do sujo falando mal do rabugento e cada macaco rindo da cauda do outro, era suficiente para mim, concluir que são novos tempos e concordar que a revolução já tem pernas.

É o prelúdio de grandes mudanças à caminho. Cancelamentos virando moda, Caifadine em apuros e isolado, reputação de alguns quadros em check, a polícia criminalizando a oposição e ONGs, o governo rindo do povo e abusando do poder, rumores de intimidação e ameaças à liberdade de expressão, etc. bom de ver e difícil de imaginar qual será o desfecho no meio de tanta especulação e promessas de mais eventos revolucionários à vista.

Eu não tenho lado algum, sou do povo mas não anseio o tal poder. Porque o poder turva o coração, mas o bem-estar para os moçambicanos eu quero e isso importa, pois merecemos ser bem tratados e respeitados. Infelizmente, não farei promessas de Super-homens, além de me comprometer a apoiar a causa: revolução do actual estágio para o bem-estar nacional. 

Mas quando tentei arranjar maneiras de renovar as energias e acordar para o dia, à caminho do serviço, como de hábito, gosto de ouvir a segunda parte do “Bom Dia Moçambique da RM”. É hábito mesmo, sem segundas intenções. Então tem havido um espaço para crónicas, por sinal, na edição do dia 23 de Março de 2023, estava escalado o António Tembe, com sua crónica intitulada “Os imprestaveis”.

Chamou-me atenção e me pus a escutar. Resumidamente, percebi que ele criticava um bando de mal intencionados que se faziam às zonas de acolhimento das vítimas de calamidades ou desastres naturais, para se beneficiar de algumas refeições e outros apoios, enquanto não sofreram ou nem perderam algo como resultado da passagem do ciclone, nesse caso.

Foi delicado como ele abordou e mostrou a indignação sobre essas atitudes de certos cidadãos com esse comportamento exemplar de má fé. Trata-se de pessoas que se calhar têm todos membros funcionando normalmente, apenas são maldosos e preguiçosos. Assim como são tantos outros em cargos de posição política, de tomada de decisões importantes para este país.

Ele restringiu a sua abordagem, com base nas políticas daquela estação emissora a uma determinada classe social, típico de discriminação ao meu entender, era necessário, pois a atitude não é boa. Mas esse comportamento para mim, não incidente apenas à tal classe social, aparentemente baixa ou média que se mobilizam para ir ter certos benefícios nos centros de acolhimento das vítimas.

Isso porque, há também pessoas, cidadãos de classe social media e alta, funcionários, quadros com grande influência e de alto índole no governo, que deviam merecer este rótulo de imprestaveis. Este grupo de sanguessugas, abutres ou vampiros, sei lá como quiserdes chamá-los, são mais nefastos, que os tais da classe baixa que vão lá, para ter as três refeições e mais benefícios, por vezes vedando as reais e verdadeiras vítimas.

Pois esse grupo de mau carácter que são pessoas influentes e por vezes disfarçados de técnicos e dentre outros cargos dentro das entidades e organizações vocacionadas na gestão de ajudas e apoios nas situações de crise, são mais predadores que os que o António Tembe se referiu na sua crónica. 

Estes usurpam quantidades colossais que chegam a prejudicar centenas de vítimas ou famílias afectadas pelos desastres naturais. Estes representam outros transtornos ou diga-se mesmo, que tê-los é como se fossem desastres arteficiais para as verdadeiras vítimas dos desastres naturais.

Estes é que são os reais imprestaveis, pois agem com sorriso de crocodilo. São e estão disfarçados de anjos, salvadores nas instituições de caridade, fazem-se passar de entidades responsáveis e com energia abnegada ao serviço do povo, compassivos enquanto no fundo só estão para roubar, desviar donativos e ajudas humanitárias para seus intentos insaciáveis. O pior é que formam uma rede de mal intencionados com o intuito de furtar e prejudicar as vítimas. A justiça devia ter uma mão dura sobre estes tipos e puni-los de forma severa. Porém, é outro sector de imprestaveis.

Fonte: TV Miramar - Denúncia de má distribuição de comida, em Boane. 

Infelizmente, são muitos e todos estão do mesmo lado. Denúncias são feitas, mas acabam até sendo defendidos por outros imprestaveis mais graduados. Na sua rede de malfeitores existem em todos escalões e a todos níveis, espelhados em instituições e organizações ou entidades de apoio às vítimas. Estes também rezam que haja mais desastres para lograrem e fazem das calamidades seu trunfo, seu momento de facturação e produção, sua glória.

O alvo certo para a violência, seriam os vilões infiltrados no governo.

É sobre eles que a polícia podia actuar, usar toda sua força e que às “ordens superiores” deviam orientar e mostrar o poder no sentido de reprimir esses imprestaveis ou mesmo erradicar a existência de comportamentos impuros como estes. Não usar a força sobre os indefesos. Imprestaveis ainda são os que se simpatizam com o partido no poder com intenções de defender seus interesses, seus egos e não o bem comum colectivo dos que não tem posses e voz.

Prontos, o resto sabemos em que lado da história estão ou fazem parte. Que pelo qual, além de ser a maioria, não implica exactamente que estejam certos. E por deter a supremacia política não quer dizer que sejam espertos. Prejudicar esse povo (moçambicano) é prejudicarmo-nos a nós mesmos. Pois a nossa imagem reflecte na dor e na alegria de cada um de nós, independentemente da câmera de televisão em que nos vemos.

Opinião Pessoal (crítica construtiva).

Vamos ser mais tolerantes um com outro. O rótulo que atribuímos aos outros, revela o que somos por dentro. Chega de ataques verbais nas sessões e tráfico de ódio. Somos todos moçambicanos, fazer o bem em qualquer parte desta terra, desta pátria, nação, território e país, beneficia a nós mesmos e as futuras gerações. Somos mais belos e lindos quando fazemos para a maioria e não para as nossas tripas.

O facto de criticar não quero dizer que sou da outra parte, descontente e desmotivado ou “revolucionário”. Apenas cheguei à exaustão das atitudes realmente repugnantes que os verdadeiros imprestaveis normalizam na pretensão de instrumentalizar os inocentes ao seu favor. Como por exemplo, paralisar as aulas nas escolas públicas para dar espaço à agenda do partido.

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Finalmente sr. Tembe, o carolo que quer dar aos tais, devia primeiro engrossar a sua lista dos imprestaveis com base neste critério, e dar de uma só vez. Porque nesta lista de imprestaveis envolve todos bajuladores ou lambe-botas, artistas que usam a arte para adormecer o povo ao invés de despertar para sermos mais humanos e praticarmos o bem, quiçá fazer pazes com a natureza.


Tete, 24 de Março de 2023.


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