Nem vermelho, nem azul, nem verde, sem opções mesmo?

Na falta de alternativas, a neutralidade é um erro.

Nem vermelho, nem azul, nem verde, sem opções e na dúvida ainda mais

NEUTRALIDADE é um conceito que se refere à imparcialidade ou ausência de envolvimento em um determinado assunto, conflito ou situação. Quer dizer, a condição de permanecer independente ou isento, sem tomar partido ou favorecer de qualquer uma das partes envolvidas em algo. E pode-se ver outras nuances clicando aqui.

Ao advento da presente situação de insatisfação, causada pela conjuntura global, generalizada entre conflitos de interesses propalados pela guerra de informação no meio de especulações e incertezas, somamos consequências influenciadas pelos actores internacionais. Como é o caso das crises que podemos acompanhar em todos países imperialistas, com greves internas, inflação e dividas acima do teto.

Somos vítimas de discordâncias alheias à nossa vontade e aos nossos interesses, se temos algum, na agenda global sobre intenções de desenvolvimento e bem-estar sustentável às nossas comunidades, caracterizadas como de extrema pobreza com baixo nível de educação e culturas ridicularizadas à selvajaria, logo à nossa participação não é notável. Praticamente invisíveis na diplomacia internacional.

Somos cúmplices antes de mais conspirações, por ingerência e falta de capacidade de conhecermo-nos antes de sermos conhecidos pelos outros. Que demos o total aval para civilizar-nos em todos âmbitos. Não nos demos o devido valor que reivindicamos, enquanto despertamos-lhes que estamos perdidos em nós mesmos. E não podemos nos reconciliar com os erros para corrigir o passado melhorando, o futuro dos nossos sucessores.

Gostamos de viver de favores até que fizemos disso uma cultura, onde os mais emancipados transmitem aos seus súbditos, a necessidade de ainda depender das ajudas externas para a nossa sobrevivência e nunca se impor de modo algum para tornamo-nos independentemente ou autónomos de alguma forma. Doía ao acompanhar um vídeo nos Whatsapps de um português que reclamava à chegada de estrangeiros no seu país enquanto um angolano repudiava a esse vídeo, me lembrava em dar razão o tuga, logo a prior condenando a nossa falta de determinação.

Assim (os estrangeiros que devia ser estranhos) exploram essa fraqueza que há muito é apontada por vários autores e pensadores africanos, internamente e na diáspora, em todas épocas épicas à cada década depois da consciência de que estamos sendo explorados e somos capazes de envergar uma revolta revolucionária para mudar profundamente o curso da situação actual. Sei que o desespero de uma possível mudança fala mais alta na nossa consciência que faz alguns perderem o interesse em se envolver nos actos eleitorais.

Sempre há narrativas uma por detrás das outras, criando movimentos e partidos tidos como direção ideal das frentes ideológicas das massas. Que no fim dos casos só conduzem acusações intensas caracterizadas por intolerância política entre dirigentes, divergentes aos interesses do tal povo que representam, o qual acaba sendo vítima das intempéries naturais e conflitos acesos de má governação e má gestão que dão vantagem competitiva face à penetração furtiva estrangeira. Logo, passados 30 anos votando, parece não haver mais algum partido que garanta manifestações de interesse nacional.

Passa o tempo, vem o tempo o que não muda são os problemas, enquanto os conflitos transitam de região A para B e C, consoante as lideranças encabeçadas por sufrágios fraudulentos aplaudidos e criticados, mas automaticamente aceites por aqueles que as agendas coincidem e são unânimes em nós dividir para permanecerem a reinar e nos orientar de como permanecer pobres e inúteis no xadrez mundial. Absurdo reflectir se os que estudaram ciências políticas não vê isso ou o que é que vale termos economistas neste país.

É deste jeito que terminamos dentro em breve um ciclo de dois mandatos, para cada três líderes da mesma ala política desde 1994, que ficaram pela história, que diverge no ponto de vista de cada moçambicano no mundo. A relatividade reside na avaliação das possibilidades de melhoria da qualidade de vida e do nosso posicionamento no mundo, se ainda há esperança pelo mesmo partido ou devemos dar oportunidade aos novos, mantendo o teor democrático e duvidando se o maior e equivalente adversário reúne condições ou não.

Há rumores nas sondagens informais que dão conta de que a vontade popular queria que fosse o azul a reinar no próximo mandato. Ao benéfico da rápida, abrupta e abrangente evolução da Tecnologia de Informação e Comunicação, que nos agraciou com uma gama de informações relevantes sobre alguns factos históricos ocultos, manipulados outrora, hoje é de ciência comum, que todos mentiram para sobreviver e que merecem chances iguais. Assim como os novos movimentos devem surgir com novas abordagens ou com as mais acertadas opiniões e sugestões para vermos outras situações.

Mas o desencorajamento é retumbante quando os azuis não mostram cabedal político na seleção de uma imagem aceitável na sua liderança, que se ajuste à actual geração que é maioritária, a qual pouco domínio tem e menos considera os históricos heroicos julgados fraudulentos. Falha estratégica de marketing para estes. Porém os velhos não querem se pôr no lugar de conselheiros e reservados, como os do vermelho fazem. Nisso, a Renamo poderá voltar a falhar se não mudar a liderança.

Há ainda especulações, conspirativas ou verídicas, que sentenceiam que tudo é um jogo entre os vermelhos e azuis. Nem vermelho nem azul preta, é uma agenda planeada e se calhar assim quer Roma e só assim aceita Pequim, Washington e Moscovo, se não Lisboa como assessor de Bruxelas. Menos Deus queira isso e quem é uma divindade feita a nossa semelhança para nós dar uma alternativa à altura dos nossos anseios nacionais? Uma vez que algumas igrejas não aprovam fronteiras territoriais.

Nessa questão surgem os neutros. Os de tanto faz, que tudo vai dar no mesmo e que só as palavras das deidades das suas crenças podem salvar e guiar Moçambique: forjado pelos Bantus sem bandeira, discriminados na civilização europeia, sem espaço na ciência, profanados em relação a religião, marginalizados na política mundial, retardados actualmente na tecnologia e etc. Como podemos ter suporte astral ou divino ou científico, etc. para termos uma escolha lúcida e sabia que nós tire da sargeta?

Na falta de alternativas a neutralidade é um erro. 

Revelamos as nossas limitações de autoconhecimento aos estrangeiros, discordamos dos nossos conterrâneos e perdemo-nos na hora de decidir quem poderá nos guiar? Talvez seja a hora de relembrar o Winston Churchill, quando achou que os animais eram mais racionais que os humanos, para quem for a decidir se abster deste processo de recenseamento, por não ver uma opção à altura para continuar a governar Moçambique.

É triste que até então não se tenha explorado todas as soluções viáveis para o nosso bem-estar, ao invés de lutarmos entre irmãos para ganhar a razão diante do inimigo. Agora, com quem deve ficar a decisão se a neutralidade ameaça criar a maior abstenção no próximo pleito eleitoral autárquico? Pese embora se saiba que alguns não votarão por força maior e outros porque “dizem que o governo assim quis” que os identificados como os da oposição, não tivessem oportunidade de recensear.

As crenças deviam nos unir enquanto mais nos dividem e os seus actores rinhem os dentes para devorar-nos cruelmente na maior naturalidade. Zimbabué surpreende por saber com quem cooperar enquanto abaixo das sanções: lança um satélite para monitorar o tempo, consegue produzir fertilizantes, adquire helicópteros para emergências, etc. à custa dos problemas que Moçambique enfrenta, para suprir a actual défice, causada pela crise interna na África do Sul. E nós quais as vantagens exploramos em sermos neutros? Devia ser uma fonte imponente e não uma fraqueza aos escolhermos a neutralidade. 

Recorte de uma publicação onde mulher está vestida inocentemente com capulana da cara do PR Nyusi e uma camiseta do MDM. 

Será que os neutros de Moçambique têm alguma lição fora da caixa e da cartola diante da situação actual do país? Ou tem a noção de como vão complicar a situação se se manterem neutros neste processo!? Ao meu ver será um grande erro se manter neutro e absterem-se enquanto além do vermelho e azul, hierarquicamente correcto, temos ainda o verde ou branco, enquanto se pode formular um possível amarelo e fazer história que terá um marco excecional em 2024.

O fracasso do maior partido no poder e o maior da oposição, não quer dizer que o povo todo é fraco. Tudo é possível e a mudança começa em nós. Temos quadros renomados no anonimato, cabe aos jovens - seiva da nação, embrenhar o desafio de incentivar e chamar esses líderes natos, cidadãos anónimos dentro e na diáspora, que o país precisa deles. Agora ou já. Mas a abstenção será factal. Essa falta de alternativas que alguns indivíduos sentem, é uma grande oportunidade para optar-se por extremos e formular nova equação na política interna. 

Deve haver alguma alternativa viável se as actuais não dispõem de condições, pode-se emendar novas opções e se calhar serem as melhores que as habituais cores. Não há doença sem cura, aliás problemas sem soluções uma vez que não há mal que nunca acabe e o bem que dura para sempre. Vamos reflectir como reerguer um país robusto e saudável com dirigentes mais humanos, moçambicanos e honestos. 

Saudações

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