SIM, O ÁLCOOL FAZ MAL, E FAZ MAL EM VÁRIAS FRENTES

O Mal Que o Álcool Faz à Alma Humana 

Abordagem directa e critica

O álcool é, sem dúvida, uma das substâncias mais antigas usadas pela humanidade, e talvez a mais traiçoeira. Costuma-se falar dos seus efeitos no corpo — fígado destruído, cérebro degenerado, coração enfraquecido — ou ainda dos estragos sociais que provoca: violência, pobreza, acidentes, destruição familiar. Mas o mal mais profundo, e ao mesmo tempo menos falado, é o que ele causa à alma humana.

A alma, entendida aqui como a essência da pessoa — aquilo que a conecta à sua consciência, à sua moralidade e à sua dimensão espiritual — sofre silenciosamente com o álcool. Quando a mente se embriaga, a alma perde clareza, perde luz. O álcool funciona como um véu que abafa a consciência, deixando a pessoa desligada de si mesma. 

Não é à toa que muitos, ao beberem, fazem coisas que depois não recordam ou que se arrependem profundamente. É como se, naquele momento, a alma tivesse sido exilada do corpo, e outro “eu” mais sombrio tivesse tomado conta.

Moralmente, o álcool é um facilitador de quedas. Quantas traições, quantas palavras ditas em raiva, quantas decisões estúpidas não nascem no copo? A embriaguez retira a barreira da prudência e entrega a pessoa às paixões mais primitivas. Nesse sentido, o álcool não só destrói o corpo, mas corrompe a dignidade e a integridade da alma, tornando-a refém de impulsos baixos e vergonhosos.

E o efeito não pára no indivíduo. Quando a alma de um só homem se perde no álcool, arrasta consigo a família, a comunidade, a sociedade. Quantas crianças não crescem em lares despedaçados pelo alcoolismo? Quantas mulheres não choram pela violência de um marido bêbado? Quantos jovens não imitam os pais, perpetuando o ciclo? O álcool, no fundo, não é só veneno físico, é um veneno espiritual colectivo que corrói a alma de um povo.

Numa abordagem religiosa, filosófica e tradicional, o álcool é mais perigoso ainda

Mas além desse olhar directo e crítico, há um outro nível de reflexão: o filosófico e religioso, que ajuda a compreender por que o álcool sempre foi visto com desconfiança pelas grandes tradições espirituais.

Na Bíblia, São Paulo advertia: “Não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5:18). Ou seja, o vinho embriagante não liberta, escraviza. No Alcorão, a proibição é ainda mais clara: o álcool é classificado como uma “obra de Satã”, uma tentação que divide famílias e afasta o homem da oração. Já no Budismo, a embriaguez é condenada porque retira a mente da plena consciência, que é essencial ao caminho da iluminação.

Entre os filósofos, muitos também olharam o álcool com dureza. Platão dizia que a alma embriagada se torna incapaz de governar o corpo, transformando o homem num escravo dos seus instintos. Schopenhauer, pessimista como sempre, via no álcool um escape ilusório: uma tentativa de esquecer o sofrimento do mundo, mas que só aumentava esse mesmo sofrimento depois. Nietzsche, por sua vez, falava que o álcool e o cristianismo eram os dois maiores narcóticos da humanidade: ambos usados para suportar a dor da existência, mas ambos capazes de adormecer a grandeza do espírito humano.

E se olharmos ainda mais fundo, percebemos que o álcool sempre teve um duplo papel nos rituais místicos: de um lado, usado como suposta “porta” para o divino, para alterar a consciência; de outro, denunciado como meio de aprisionar a alma em ilusões e enganos. A embriaguez pode dar sensação de transcendência, mas é uma transcendência falsa, porque não nasce da elevação espiritual, e sim da fuga química. É como querer chegar ao céu subindo um degrau pintado na parede.

Assim, do ponto de vista filosófico e religioso, o álcool é um atentado contra a alma porque:

1. Retira a lucidez — e a lucidez é a base de qualquer crescimento espiritual.

2. Quebra a ligação com a verdade interior — trocando a clareza pela névoa.

3. Faz a alma esquecer-se de si mesma, entregando-se ao esquecimento e à dispersão.

Em suma: o mal que o álcool faz à alma é mais profundo do que o que faz ao corpo. Ele não só destrói células, mas também corrói a dignidade, a consciência e a ligação com o que é sagrado no ser humano. É o carrasco da alma travestido de amigo, um narcótico culturalmente aceite que mata a luz interior.

Talvez por isso, em todas as épocas, sábios, mestres e profetas tenham dito a mesma coisa, cada um à sua maneira: o homem só é verdadeiramente livre quando a sua alma não é escrava do copo.


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