Literatura: Lamento poético sobre a opressão

A Vida que eu Escolhi

Ah, coisa da vida que eu tenho! Embaraçaram a minha sinfonia para não ver o futuro. Fecharam-me a boca com a cara de Samora. O sofrimento sucumbiu aos arrogantes.

Já está se aproximando mais um tempo de sujar, injustamente, o meu dedo mentiroso. Lágrimas ecoaram na minha pele, como aquela mulher que nunca conheceu sua criação. Mas é assim, não é? Como quem diz que vive no quinto andar.

Depois daqui, quero esperar os outros tomarem posse, para me alegrar com o que a minha boca não disse. O que seria? Meu dedo falou mais alto que a minha mente. Gritou como a morte sangrenta de madrugada.

É assim que eu fico à espera do colono. Há comerciantes, médicos e professores cantando cantos de clamor: "Tenho fome, muita fome". O meu dedo ouviu os gritos como um antepassado, mas com medo de que me cortassem a língua com a cara do meu antepassado.

Coisa vergonhosa é a minha postura: vendi a minha liberdade por mais cinco anos. A minha velhice nunca aprenderá a sofrer, mas aprenderá a lamentar as dores causadas pelos meus inimigos. É por pena que digo no sofrimento: para mim, já não há sofrimento.

Desde pequeno aprendi a corromper; quem não se recorda de quando comprávamos o silêncio, com medo de tatau? O meu pai é do sistema colonial, assim grita aquele que acha que tudo pode.

Os dias passaram como fumaça, corrompidos como colonos; esqueceram que a casa em que moro não é minha, é do povo. Dividi o meu quintal pelo preço de bananas; hoje, meus filhos e netos andam chorando, sem teto para escurecer suas lágrimas.

São sofrimentos que lamentam, riquezas que não lamentam. Povo meu sem senso, perdeu anos na procura do rei. Como assim? Se já coroamos aqueles que nos maltratam! Ainda bem que eu disse: a minha liberdade é uma fachada fantasiada de mistério, que termina quando pinto meu medíocre indicador de esperança.

Não sou eu, é a sociedade que corrompe. Tento ser livre como um pássaro, mas a gaiola é que me deu a prisão perpétua. Por isso, sou visto como o profeta da crítica; espero não ser descoberta a minha boca asneirenta.

Eu choro como vocês; são correntes dos antepassados que me ensinaram a lamentar só de madrugada, sou como briga de casal. Mas no fundo eu sei que as presas têm liberdade, sim, têm - só quando elas decidirem tê-la como necessidade.

Assim como diz o velho ditado: a voz de um contra a brisa é nada, mas a voz de todos é uma opressão.

Por: HK 17


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