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QUAIS AS EMPRESAS DO COMPLEXO DE DEFESA (ARMAS E EQUIPAMENTOS MILITAR) NO MUNDO

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As Armas que Alimentam a Guerra Por: Lino TEBULO O Negócio da Morte em 2024 No dia 2 de Dezembro de 2025, o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI) divulgou um relatório que expõe a ascensão do mercado global de armas : as 100 maiores empresas de defesa faturaram 679 mil milhões de dólares em 2024, um crescimento de 5,9% em relação ao ano anterior. Para muitos, é apenas um indicador económico. Para outros — como eu — é o retrato brutal de um mundo que financia a morte enquanto ignora a vida. Os números são incontornáveis. Os Estados Unidos lideram com folga: 39 empresas entre as 100 maiores concentram 334 mil milhões de dólares em vendas. Entre os gigantes surgem a Lockheed Martin (67,4 mil milhões), a RTX (64,5 mil milhões) e a Northrop Grumman (39,3 mil milhões). O Reino Unido segue com a BAE Systems (29,7 mil milhões) e a China com a AVIC (28,4 mil milhões). Países emergentes também ocupam espaço: a turca Baykar (9,9 mil milhões), a indiana Hindustan A...

O “JOVEM MILIONÁRIO” FUGITIVO

A História Real de Lawrence Lual Malong e a Corrupção no Sudão do Sul

No coração do Sudão do Sul, um dos países mais pobres e devastados pela guerra da África, surge uma história que parece saída de um filme de Hollywood: um soldado comum transforma-se num playboy bilionário, rodeado de jactos privados, fatos de grife e pilhas de notas de dólares. Mas o sonho vira pesadelo quando as autoridades começam a questionar a origem dessa fortuna. Lawrence Lual Malong Yor Jr., o autoproclamado "homem mais rico do Sudão do Sul" e "o jovem tycoon da África", não é apenas um exemplo de ostentação excessiva – é um símbolo vivo da corrupção que devora elites africanas, misturando fraudes, ligações políticas e uma fé conveniente em Jesus Cristo para justificar o impossível. Sem rodeios: Malong é um vigarista que enriqueceu às custas de um povo faminto, e a sua fuga para o Canadá em 2025, deixando uma nota irónica, expõe a impunidade que permite a tais figuras prosperarem.

De Soldado Pobre a "Filho de Jesus": As Origens Suspeitas

Nascido por volta de 1988 no Sudão do Sul, Lawrence Lual Malong Yor Jr. começou a vida como um soldado raso no exército sul-sudanês, num país mergulhado numa guerra civil brutal desde a independência em 2011. O Sudão do Sul, rico em petróleo mas pobre em governação, viu milhões morrerem ou fugirem, enquanto elites como o presidente Salva Kiir e generais rivais acumulavam fortunas ilícitas. Malong, filho de um chefe tribal chamado Lual Malong Yor, nega ser enteado do general Paul Malong Awan – ex-chefe do Estado-Maior acusado pela ONU de massacres, violações e uso de crianças-soldado. Mas as semelhanças são gritantes: ambos usam o sobrenome "Malong" e beneficiaram do caos da guerra.

Em 2016, com o país em ruínas, Malong surge como magnata do ouro e imóveis. Ele obtém licenças provisórias para comércio de ouro, controladas por figuras "politicamente expostas", segundo um relatório da The Sentry – uma organização anti-corrupção fundada pelo actor George Clooney.

Num país onde 80% da população vive com menos de 2 dólares por dia, Malong ostenta uma vida que grita roubo: jactos privados para Las Vegas, relógios de 10 mil dólares, fatos roxos de Jimmy Choo e "banhos" em pilhas de cash no Facebook. Numa entrevista à TV queniana em 2018, ele gaba-se: "Sou um homem muito rico, vejam estes sapatos – custam 10 mil dólares!" Mas quando Jeff Koinange, o entrevistador, pergunta pela fonte da riqueza, Malong evade: "É bênção de Jesus, não preciso explicar."

A fé é o seu escudo. Malong autodenomina-se "filho de Deus" e "Donald Trump Jr. da África", doando supostos milhões à Cruz Vermelha – doações desmentidas pelas próprias agências.

Fotos com Salva Kiir reforçam a ilusão de poder, mas relatórios da ONU e EUA sancionam-no em 2019 por "lucrar com a lei da selva" no Sudão do Sul.

Sem filtros: esta ascensão não é milagre, é pilhagem. Enquanto crianças morriam de fome na guerra, Malong construía impérios de fachada em Nairobi e Joanesburgo.

O Grande Golpe do Ouro: Milhões Roubados e uma Prisão que Não Dura

O esquema que derrubou Malong foi uma fraude de ouro digna de um thriller. Em 2018, ele contacta dois empresários etíopes na África do Sul, Wagnew Dessie e Belay Engda Abebe, prometendo investimentos em ouro no Sudão do Sul. Posando como "filho de um general" com ligações a Yoweri Museveni, presidente ugandês, Malong leva-os a Kampala. Lá, com cúmplices – o congolês Mike Lota e o advogado ugandês Gavana Zhikusoka – criam documentos falsos para uma "consignação de ouro" avaliada em milhões.

Os etíopes transferem 1,092 milhões de dólares, em transações que passam por Dubai, Nairobi, Hong Kong e Zâmbia. Em troca? Ouro falso ou inexistente. Quando as vítimas reclamam, Malong ri: "Jesus me abençoou, não há problema." A polícia ugandesa, através da ISO, prende-o em Novembro de 2018 num hotel de luxo em Kampala. O caso explode na imprensa africana: o "tycoon que nadava em dólares" é um ladrão comum.

Em Agosto de 2021, o Tribunal Anti-Corrupção de Uganda condena-o a 6 anos: 3 por fraude, 2 por conspiração e 1 por falsificação de documentos. O juiz Lawrence Gidudu nega fiança, chamando-o de "homem de Deus que explorava a confiança alheia".

Mas a justiça ugandesa é frágil. Em Janeiro de 2023, após apenas 1 ano e meio, o Tribunal de Apelação anula a condenação por "erros processuais" – um escândalo que leva à investigação de um funcionário do tribunal por libertação irregular.

Malong sai "10 vezes mais rico", segundo ele próprio, e volta às redes: "A apelação provou a minha inocência; Jesus venceu!"

Esta não é a primeira fraude. Relatórios apontam esquemas semelhantes desde 2016, explorando o boom do ouro na África Oriental, onde redes criminosas em Nairobi e Kampala, ligadas ao Sudão do Sul e RDC, roubam milhões de investidores estrangeiros.

Sem meias palavras: Malong não é vítima de injustiça; é um predador que usa a corrupção sistémica para escapar.

A Fuga para o Canadá: "Porquê Investigar a Pobreza?"

Livre em 2023, Malong volta ao luxo, mas o Sudão do Sul acorda. Em 2025, o governo de Salva Kiir abre inquérito à origem da sua fortuna, estimada em 3,3 mil milhões de dólares – mais que o PIB anual do país.

Acusado de lavagem de dinheiro e ligações a elites corruptas, ele recusa cooperar. Em vez de explicações, deixa uma nota provocativa: "Por que ninguém me investigou quando eu era pobre? Investigai as razões da minha pobreza, não da riqueza!"

E some. Rumores de morte em Junho de 2025 circulam, mas postagens recentes no X e Facebook mostram-no vivo, planeando candidatura à presidência sul-sudanesa e até casar com uma filha de Kiir – Sarah, filha da primeira-dama Mary Ayen.

A localização? Canadá, onde exilados ricos do Sudão do Sul se escondem. De Toronto, ele posta sobre "luz divina" e negócios, ignorando as vítimas.

O Legado Tóxico: Corrupção que Mata Mais que Balas

Lawrence Lual Malong não é um herói underdog; é o rosto da elite que sangra o Sudão do Sul seco. Enquanto ele "nada" em dólares, 7 milhões enfrentam fome aguda em 2025, agravada pela guerra que generais como o seu alegado "pai" alimentaram.

A sua história viral no X – com threads como a do AfricanHub – desperta debates: impunidade para ricos, selectividade para pobres.

Mas sem ilusões: até Jesus, que ele invoca, condenaria o roubo aos vulneráveis.

Malong pode fugir para o Canadá, mas o seu exemplo fica: em África, a corrupção não é acidente – é sistema. E enquanto tycoons como ele dançam, o povo enterra sonhos. Se ele voltar como candidato, que o Sudão do Sul pergunte: "Onde está o ouro verdadeiro?"


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A ascensão de Lawrence Lual Malong é apenas um caso isolado ou um sintoma de algo muito maior na política africana?

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