Depois de Matalane, o que vem à seguir ?

 Às ordens, chefe 

Independentemente do que se poderá ler nesta publicação a verdade é: 

Ainda que neguemos a existência de Deus e por mais que falemos mal da polícia, duas coisas cedo ou tarde acontecem: Quando estamos em perigo ou ameaçados, ligamos para a polícia e rezamos à Deus que eles cheguem logo. 

Terminou a semana passada com muitas festas nos bairros e felicitações aos novos agentes da lei e ordem, sempre com as mesmas situações das vezes anteriores: Chefes marchando mal e mal prestando honras militares ou continência; alguns chefes baixinhos com aparência irrefutável que se trata de menores; outros chefes até no mesmo dia já haviam se envolvidos em pancadarias.

O que se espera é muito trabalho além usufruírem as regalias de ter conseguido um emprego independentemente das circunstâncias e condições. Talvez compensa arriscar tudo e tornar-se polícia. Uma vez que até militares desmobilizavam para tornar para-militar depois. Algum algum que até deixou furioso à muitos moçambicanos que estão frustrados desde que o comandante geral deixou ficar que pararia para um tempo o recrutamento. 

Além de todas razões, bem explícitas e logicamente claras, depois do encerramento deste último curso, quase cheguei a concluir que seria para dar tempo alguns chefes crescerem primeiro e daí rotornar-se-a. Pelo que os que ainda têm sonho de ser "chefe", "autoridade", etc. serão de uma ou de outra. Haverá oportunidades. 

Prontos, é uma vez a outra e acontece de vez em quando. Certo é que no meio desse cenário todo, há pelos uns 25 ou 40 % de chefes que vão representar a corporação com zelo e disciplina, bravura e respeito, enchendo de orgulho o seu comandante, como os que se encontram empenhados no sol e na chuva a regular o trânsito e mediar conflitos nos bairros e entre outros meandros. 

Mas a outra  parte nem tanto. Os gritos e júbilos nas casas depois do encerramento eram por motivos como: felicitação de um marginal que se transformou num heróis ou uma incorrigível virando pessoa, como acção fundamental de Matalane. Podia ainda tratar-se de alegria por um zé ninguém tornar-se príncipe de azul e luvas brancas que vai alavancar a família. 

Sei lá, o marginal que causou tantos problemas à família e finalmente a polícia o acolheu agora é problema da nação e não só da família, acontecia assim quando as FADM recrutava também. Pois a seguir serão sessões de intimidação a população antes de a servi-la, extorsão atrás de extorsão até o dia que será revelado ou apanhado em flagrante e ser tornado exemplar em público.

Aos outros que mal captaram as lições para ser um polícia exemplar, o que se pode esperar deles? Nada mais que problemas antes das soluções. Se entrou na polícia como encomenda, depois do encerramento não se pode esperar nada de bom. Pois se calhar tem costas quentes e asseguradas ou vão tirar a farda e ficarem a usufruir dos salários sentados em casa, a fazer outras coisas além de povoar o país mantendo a ordem e tranquilidade pública. E, esperando uma possível promoção quando for recordado que temos um membro e já há vacatura para uma promoção.

De competência, como se viu nas redes sociais, devesse esperar muito pouco. Pois algum reforço da massa dos efectivos vai se traduzir em esforço inútil. Talvez cresçam e ganhem maturidade ao exemplo dos mais velhos que forçosamente sem querer terão que parar de facturar, pois devem ir à reserva, e, teremos uns bons longos anos sem nenhum aumento da corporação.

Agora, o meu lamento também vai para aqueles que pagaram vagas para fazer parte da polícia, que consigam dinheiro para devolver aos donos, pois estamos nós povo aqui para obedecer o vosso comando e as vossas ordens. Só não sabemos como e de onde vamos arranjar subornos para satisfazer os favores.

O pior ainda estará por vir, pois ultimamente com a centralização das boladas, os mais velhos já reclamam que maior parte das viaturas onde deviam aproveitar alguma coisa, já vem como encomenda dos chefes com todos ilícitos a passarem na cara deles e as vezes são os motoristas a sentirem pena dos polícias e deixam umas migalhas, por consideração, apenas. 

Mas em todo caso, facturem nas ruas e aturem críticas se quiserdes ser o polícia que o povo sonha ter um dia. Quem lá sabe, assim esquecemos rapidamente as marchas mal feitas, contingências mal esticadas e outras palhaçadas que deviam merecer expulsão ou outra sansão severa para mostrar o sentido de disciplina e não a vontade de envergonhar o Estado e o seu povo.

Bem lá no fundo, as brincadeiras que fazem tiram prestígio ao resto da corporação e aos vossos instrutores. Ou mesmo mancham a imagem do Ministério do Interior. Enquanto a isso, votos de sucesso no vosso novo emprego. Que Deus vos dê sabedoria, saúde e moral para servir Moçambique e não algum partido. Pois dependemos de vocês quando a França pensar em transformar este país tranquilo numa situação em como se vive nas suas colónias. 

Bilene, 30 de Maio de 2023.


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