É POSSÍVEL SER UM CIDADÃO EXEMPLAR EM MOÇAMBIQUE?
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Recorte de um vídeo em que "um cidadão carregado em condições desumanas para ser apresentado numa Esquadra da Polícia. Algures em Mocambique." |
Será possível ser um cidadão do bem quando o chão desaparece debaixo dos seus pés?
Bem, o que é frequente é fácil hoje em dia, talvez tenha sido sempre assim a natureza da humanidade, é ver textos e argumentos eloquentes, até carregados de todos requisitos para perfazer obras primas de artes e ciências, com alguma credibilidade académica, mas transferindo ódio e revolta sobre a conduta dos outros. Como é o caso de falar mal das figuras políticas, espezinhar dirigentes e grupos, líderes e os demais seguimentos da nossa sociedade rotuláveis pela má conduta e do que nos apetece, sem dar-lhes a oportunidade de se defenderem pela posição, função e cargo público que ostentam. Gente os ataca vietemente sem eiras nem beiras em qualquer deslize que eles se sujeitam pelo desempenho das suas funções.
Porém, a luz dos meus devaneios e pesadelos, conjugados com má gestão da ansiedade e incertezas sobre o futuro deste país, sobretudo nos próximos momentos, me pus a pensar acerca da possibilidade de se ser um cidadão exemplar na presente realidade do país, sem se deixar levar pelo ambiente "aparentemente" predatório de como as coisas vão no dia-a-dia.
Depois de observar tantos outros moçambicanos que eram honestos enquanto pobres e depois de alguma promoção ou ascensão na vida, tornaram-se arrogantes e perderam a humildade e a postura. Passar do ser boa pessoa para um indivíduo com limitações e receio de fazer o bem, por se sujeitar ao complexo de superioridade exagerado, acompanhado de excesso de zelo e desprezo às regras básicas de conduta social.
Sem rodeios, digamos que ser um cidadão exemplar em primeira instância e impressão, significa ter um comportamento ético, respeitoso, solidário e responsável em relação às leis, às normas sociais e às outras pessoas ao nosso redor. Ser afável e gentil e não necessariamente acessível ou vulnerável às aldrabices das más intenções dos outros que se fazem passar de necessitados.
Aparentemente um conceito utópico, mas seria este o conceito do tipo de pessoa que me refiro e me questiono se é possível ser-se assim, ostentar este perfil num país como este e nestas situações em que vivemos. Onde até os homens da lei e ordem, agentes da justiça e lideranças locais ou comunitárias sofrem de intervalos lúcidos. Não que seja um país caótico tanto quanto os outros e que toda sua população seja desviada de qualquer bom senso, valores, princípios e conduta ideal para serem parte de um ambiente digno.
Apenas queremos aferir até que ponto é possível se fazer passar por este tipo de perfil, caso não seja por natureza alguma, intencional para um fim lucrativamente material que espiritual. Para mim é uma intuição recreativa reflectir sobre isso, não sendo necessariamente uma visão pessimista da postura intelectual e cultural dos moçambicanos. Porque fazer o bem até certo ponto não tem idade, sexo, estrato social, etc. É uma obrigação moral que reflecte alto nível de educação.
Muito é nossa intenção, pelo menos, apresentar alguma opinião que seja pejorativa, ao ponto de ferir alguma sensibilidade. Mas dar-se ao luxo de pensar acerca disso é uma questão necessária sim, pois ajudará de certa forma alinhar parte da mentalidade da sociedade que menos se importa com a educação geral e outros aspectos que seriam pilares para uma convivência espetacular e construção da consciência colectiva zeladora do bem para todos.
O qual envolve se preocupar não só com a educação como processo de ensino e aprendizagem, também se preocupa com o meio ambiente, com a cultura, e que busca se manter informado e consciente sobre os assuntos relevantes da sociedade em que vive.
Diríamos mais, que um cidadão exemplar é ser alguém que se preocupa com o bem-estar da sociedade em que vive e que procura contribuir positivamente para melhorá-la, seja por meio de acções voluntárias, seja pelo respeito às regras e normas estabelecidas. Não basta atribuir a lucidez e carisma aos líderes religiosos, uma pessoa simples também tornasse virtuosa e santa quando pratica o bem no seu quotidiano.
Além disso, o cidadão exemplar é um modelo para os outros, mostrando que é possível viver de forma bondosa, justa e responsável, respeitando as diferenças e promovendo a harmonia social, sendo honesto acima de tudo, digno de partencer a pátria moçambicana. Não quer dizer que seja pacífica ou não crítica a podridão no seu círculo, mas modera a forma como apresenta as suas observações em tudo.
Sem que necessariamente evoque alguma de idade, nem amedronte reencaminhar maldição ou ostente intimidação em casos de desrespeito pelo que acredita e cre. Mas sim, expressa de forma cordial a compaixão e tolerância plena, sem se gabar por isso. Quer dizer, fazer o bem à todos e tudo sem olhar à quem, sem julgamentos nem criar estereótipos desnecessários, apenas ser do bem como faz uma flor que espalha a sua fragrância e beleza a natureza sem esperar nada em troca.
Com este zelo de condições acima patente, caro leitor, acha que com base na nossa realidade moçambicana, é possível ser um cidadão exemplar ou não, sem precisar ser coagido ou ameaçado, longe dos holofotes e sensacionalismos vazio? Ter uma abordagem mediatista, equilibrada, sem favoritismos inúteis e fúteis, com bajulismo interesseiro e grosseiro que não ajuda aos mais necessitados.
Se sim, gostaria de colher mais sensibilidades do assunto nos comentários e se preferir ainda apenas seguir como um conselho, estas condições que apostamos que descrevem um cidadão exemplar, convencemo-nos que concorda e agradecemos que partilhe o raciocínio.
Pois a intenção é meramente trazer uma abordagem critica no sentido construtivo, para exercermos uma cidadania conveniente à nós mesmos e atractiva às demais civilizações. Promovendo ainda a tolerância e não a questão de ser justiceiro por alguma razão vil ou violenta. Porque os super heróis da vida real não trazem capas, máscaras nem cuecas, nem possuem super poderes ou poderes especiais. Apenas fazem coisas normais e em pequenos gestos que até são desapercebidos pela maioria, já que só se traduzem em boas maneiras de ser e estar, só!
Mais não disse, se não concluir que até então, acho ser uma utopia o conceito que rege um cidadão exemplar, pese embora tentando galgar no que tem sido possível pelo bem do espírito e alma, da mente e do país que amo.
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