É POR ISSO QUE NÃO DEIXAMOS ESPOSAS IREM AO GINÁSIO?

Quando o Ginásio se Transforma em Aplicativo de Namoro

Partimos de uma reflexão neutra, depois de ter visto título de um dos jornais da praça se referindo que os guardas dos ginásios é academias reclamava de aumento salarial por causa do que viam nas sessões. Passam alguns meses e nem está ser fácil lembrar qual foi o jornal. Pois, sabesse que antigamente, o ginásio era um espaço de disciplina física, suor e metas pessoais. 

Hoje, transformou-se num palco de interações sociais onde o treino corporal se mistura com a exibição estética e, muitas vezes, com a sedução. O contacto físico em aulas de alongamento ou yoga a dois tornou-se frequente, e o ambiente, que antes evocava esforço e superação, agora mistura desejo, olhares e proximidade. 

Essa transformação suscita uma reflexão mais profunda sobre os novos contornos da moral, da confiança e da autonomia nos relacionamentos contemporâneos. Sem mencionar que tão frágeis que são, estes locais tornarem-se numa ameaça aos casais e namorados independentemente se seguros ou confiantes e inseguros. 

O ginásio como espaço social transformado

O ginásio já não é apenas um local de exercício. Tornou-se um microcosmo da vida moderna — lugar de encontros, de autoafirmação e de fuga ao isolamento urbano. Entre halteres e colchonetes, nascem conversas, amizades e, às vezes, ligações mais íntimas. 

Este novo papel social do ginásio revela o quanto as fronteiras entre o privado e o público se esbatem numa era em que o corpo é capital social. Mas também expõe a fragilidade emocional de quem, incapaz de lidar com a mudança, reage com ciúme e desconfiança.

O medo como expressão de posse e fragilidade

O impulso de proibir a parceira de frequentar o ginásio não é simples “ciúme”; é uma manifestação de insegurança e de posse. Dizem os especialistas na matéria. Revela a dificuldade de alguns homens em aceitar a autonomia feminina e a perda do controlo sobre o corpo e o tempo da mulher. 

Essa atitude, muitas vezes disfarçada de “protecção”, é, na verdade, um prolongamento da lógica patriarcal — onde a mulher deve ser guardada, e não respeitada como ser livre, segundo como sugere a modernidade. A protecção que nasce do medo é, na essência, uma forma de domínio.

O duplo padrão moral

A sociedade é hábil em erguer muros morais para as mulheres enquanto abre janelas de permissividade para os homens. Critica-se a mulher que se expõe no ginásio, mas glorifica-se o corpo feminino em publicidade, música e entretenimento. Naturalmente aceitamos e também criticamos dependendo do contexto, às vezes. 

Há, portanto, uma contradição estrutural: os mesmos que censuram a liberdade feminina alimentam uma cultura que erotiza o corpo da mulher para consumo público. Este duplo padrão é a raiz da hipocrisia social que impede o avanço da igualdade. Igualdade está que em algumas tradições africanas, não é vista com boas intenções. 

Autonomia feminina e o direito ao corpo

Negar a uma mulher o direito de frequentar o ginásio é negar-lhe o direito ao próprio corpo. Bem, é um comcenso moderno e do politicamente correcto. O qual sustenta ainda que é reduzir a sua liberdade em nome de uma moral selectiva. 

O corpo feminino não deve ser um território sob vigilância conjugal. O casamento não é contrato de propriedade, e sim parceria baseada em respeito mútuo. Impedir que uma mulher cuide da sua saúde ou da sua imagem é, em última instância, perpetuar a sua dependência emocional e social.

O ginásio como espaço de identidade e pertença

Para muitos, o treino físico é um acto de reconstrução — não apenas muscular, mas emocional. O ginásio torna-se espaço de cura, de reinvenção, de pertença. A convivência entre géneros é natural num mundo que caminha para a horizontalidade social

O problema não está na mistura, mas na ausência de educação para o respeito. Espaços mistos não são o inimigo; o inimigo é a incapacidade de compreender limites, consentimento e ética relacional, teoricamente. Pois em prática é censurável principalmente em tradições conservadoras

Educação afectiva como alternativa à proibição

Proibir é sempre a via mais curta e mais pobre. A maturidade relacional exige diálogo, confiança e educação afectiva. O ciúme pode ser natural, mas deve ser trabalhado — não imposto. Em vez de aprisionar a mulher, é preciso fortalecer a relação. O casal que conversa sobre limites e inseguranças cresce junto; o casal que se vigia desmorona sob o peso da desconfiança.

O pânico moral como sintoma geracional

O choque entre gerações é inevitável, tal como alguns conflitos sociais. O que antes era tabu hoje é expressão de liberdade, caso não se tenha tornado ao menos tende seguir esse destino. Mas transformar toda mudança em sinal de decadência moral é fuga fácil à reflexão. 

A sociedade precisa aprender a distinguir entre liberdade e licenciosidade. O pânico moral, travestido de virtude, é a desculpa perfeita para não enfrentar a necessidade de evolução ética.

Observação final

A transformação do ginásio em espaço de socialização e até de sedução é um reflexo da modernidade — não um apocalipse moral. O problema não está na mulher que treina, mas na mentalidade que ainda a enxerga como posse. A confiança é o novo músculo que os relacionamentos precisam exercitar. E talvez o verdadeiro treino que falta a muitos homens não seja o físico, mas o emocional — o de aprender que proteger não é proibir, e amar não é vigiar.

Por Paulino Intepo


Comentários

  1. Sinais dos tempos... busquemos a Deus em primeiro lugar... é lamentável tudo que está acontecer no mundo

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    1. A imoralidade é uma realidade , o ginásio por vezes é usada como passarela do físico de ambos.
      Contudo, a educação moral de ambas as partes é chamada a prova.
      Ginásio é um local de trabalho , olhando para o cenário actual de transformação do anormal por normal é necessário introduzir o código de conduta nos ginásios e caixa de reclamações.

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