POR QUE NOS CASAMOS TÃO CEDO?

O Relógio Cultural do Amor em Moçambique e no Mundo

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Casar cedo não é sinal de maturidade; às vezes é apenas o medo de ficar só num mundo que ainda não nos ensinou a estar completos.”— Paulino Intepo in memória dos casamentos que não realizei.

🕰️ Em Moçambique, a idade média do primeiro casamento é de 22,8 anos, uma das mais baixas do mundo. Em Espanha, por exemplo, as pessoas casam-se em média aos 38,8 anos; na Holanda aos 37,6; e na Noruega aos 36,8. A diferença é gritante — quase uma geração. Mas o que é que explica esta pressa de dizer “sim” num continente onde a sobrevivência ainda pesa mais do que o amor?

💍 Casar cedo, entre nós, é muitas vezes mais uma resposta social do que uma escolha pessoal. É o reflexo de tradições que associam o valor da mulher à fertilidade e o prestígio do homem à sua capacidade de “constituir família”. O amor, quando entra, é um convidado tardio — chega depois das obrigações, dos dotes - lobolos, das bênçãos e das expectativas comunitárias.

👩🏾‍❤️‍👨🏾 Em sociedades como a nossa, onde o desemprego juvenil e a pobreza limitam o futuro, o casamento precoce pode parecer uma porta de segurança emocional ou económica. Para muitas jovens raparigas, é o escape de um lar sem oportunidades; para muitos rapazes, é a tentativa de provar maturidade antes do tempo. Mas o resultado é previsível: casamentos que envelhecem rápido, amores que se cansam cedo e pessoas que aprendem o amor à custa de feridas profundas.

🌍 Nos países com médias de casamento mais tardias, o fenómeno é o oposto. Casar depois dos 30 não é sinal de atraso, mas de planeamento. Há espaço para estudar, viajar, errar, e sobretudo, descobrir quem se é antes de prometer o que se dará ao outro. O casamento deixa de ser um rito de passagem para ser um acto consciente de partilha.

💭 Talvez o problema não esteja apenas na idade, mas na forma como entendemos o amor. Em Moçambique, a pressão social empurra-nos a casar cedo; no Ocidente, a pressa moderna empurra outros a casar tarde demais. O desafio é encontrar um meio-termo onde o amor não seja uma fuga nem uma formalidade — mas um encontro.

📜 Porque, no fim, o que deveria importar não é quando casamos, mas porquê. O relógio biológico não é o mesmo que o relógio emocional. E, como alguém já disse, “casamos cedo, mas amamos tarde — quando já é tarde”.

NAKUPENDA: Love like you never been hurt before and kiss like is your last one


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