Mais um, voou para longe e já não está entre nós.

Sobre a descolagem do avião que te deixa pobre e endividado.

A manchete deste argumento sobre os infortúnios causados pelo aviãozinho acompanhado por aquele som diabolicamente emocionante, inspirou-me para uma letra de música, o qual seria certamente Hip-Hop numa base melancólica e terminaria prestando condolências. Mas apenas há facilidade de escrever, ultimamente, pois tempo e oportunidades de estar em um estúdio, não tenho tido mais.

É sobre mais uma caso de Aviator, mais uma vítima consequente dos jogos de azar ou sorte, por sinal o primeiro deste ano, 2024. Quem nos dera se fosse o último. Pois, estamos todos excitados em ter alguma renda extra e muito mais dinheiro em curto espaço de tempo e menos esforço físico, com o instalar dos dedos. 

Aliás, alguns podem ceder ao esforço físico desde que escondido sem laborar por muito tempo. Ninguém ensina os jovens hoje em dia a respeitarem o processo. Há histórias que vão desde a perca de emprego por excesso de endividamentos com pessoas e até agiotas, que tal dinheiro tem um e único destino: jogar no Aviator, na esperança de multiplicar o valor e devolver aos donos. Coisa que acaba não acontecendo. O dinheiro perdesse num descolar do voo que não dura segundo algum. 

Jovens estão ambiciosos de mais e impacientes para obedecer o processo natural. Mal começa a trabalhar como funcionário, em projectos onde os salários são estrondosos ou instituições razoáveis, depois de conseguir corromper alguma vaga, quer logo de seguida uma recompensa do valor investido e lucros exacerbados nesse negócio.

Uma das saídas é jogar nas "probabilidades" que no ensino médio não soube resolver e acha que pode vencer a máquina que gera resultados aleatórios. Tem chapéu de alumínio? Não! Acha que é possível porque ouviu relatos sobre haver pessoas que venceram milhões e se sente com sorte de ser o próximo vencedor. Então, pode multiplicar o dinheiro planificado para transporte de casa ao trabalho em minutos, como que por magia ou milagres. 

E ainda, antes mesmo de auferir o primeiro salário ou ter a certeza que já está cadestrado no sistema e o nome está nas folhas de pagamento, a humildade desaparece e quer logo competir com o gestor da empresa, o director, o resto dos colegas antigos com mais de 20 anos de serviço que construíram ou estão construindo e têm o que poderam produzir durante anos de serviço entre poupanças, investimentos, empréstimos ou até mesmo actos ilícitos como a corrupção sistémica, que só muda de formas dependendo do tipo de instituição. Acha que pode competir com eles através do Aviator... "Investimento que dá milhões em cinco minutos"! É possível? 

Isso monstra que não temos quem nos oriente, nos guie, quem nos explique, nos fale e nos diga como respeitar o processo desde a tenra idade? Parece que não. Apenas queremos ser o que achamos que podemos. Queremos ostentar o que imaginamos ser possível, o que a YouTube ensina que é possível.

Despensamos a educação de casa, pois é caduca. Infelizmente, mesmo o Sistema Nacional de Educação nosso, parece não estar a altura dos desafios actuais e com tanta interferência externa tornousse um autêntico desastre. Praticamente inútil para o país. Obsoleto para o desenvolvimento pessoal hoje em dia ou simplesmente antiquado, pior com professores em constantes greves, a solução é submeter as crianças a educação privada onde vão aprender agendas que contradizem os valores que devíamos preservar. Como por exemplo, aceitar as perversidades impostas de outros géneros além do homem e mulher natural. 

Consequências disso e mais alguma coisa são essas, jovens se enforcando por perder num jogo de aposta como Aviator, que acredito que há apelos incessantes para não adesão. Mas as publicidade aliciam de mais mentes fracas, jovens que não estão preparados para enfrentar as adversidades da vida. Uma vez que viver não é só respirar, é um conjunto de emaranhado de ensinamentos formais e informais, tradicionais e oficiais, experiências dolorosas, etc. mas dificilmente compreendemos. 

Os apelos devem vir na mesma intensidade das publicidades e propagandas das redes sociais, rádios e TV's, de todas direcções até nas igrejas deviam aparecer apelos e chamadas de atenção para não cair nessas armadilhas. Fica ainda mais complicado quando um membro das FDS cai em uma frente em que era suposto que fosse ele a combater, eficazmente. 

A vida está difícil para o cidadão pacato, excepto para dirigentes políticos que basta a ignorância do seu povo para lograr mais oportunidades de desvio e roubos até descarados com maior certeza que ninguém os denunciará, e mesmo se for, nenhuma autoridade correctiva fará. Mas para o resto de nós, estamos sujeitos a cair na tentação de fazer milhões em minutos, na tentativa de desafiar os algoritmos ou robôs como o Aviator e entre outras formas de apostas espalhadas nas redes sociais, que cada dia mudam de sites e surgem novas formas de nos convencer que existe alguma janela fácil para obter dinheiro fácil.

Combater a propagação dessas propagandas seria uma forma de reduzir vítimas, mas igual ao cigarro, álcool e outras drogas, parece difícil lutar contra esse fenómeno, pior quando se torna vício. A boa nova é que a mesma rede por onde esses males percorrem, é a mesma por onde vem a salvação. 

A diferença talvez seja a motivação de partilha das informações que visam combater o mal, pois quem fomenta, também pode não ter ganhos simbólicos ou matérias significativos, que estar do lado de convencer as pessoas a aderirem, uma vez que como afiliado, a desgraça das vítimas é a fonte dos seus ganhos ou lucros.

Uma vida voa para longe e não volta mais, mais um centevo encaixado no proprietário da plataforma e menos um membro na família, na comunidade, na corporação, etc. Todos perdemos e só o algoritmo ganha! Mas ele não nos será útil. Aviator está matar, além de deixar muitos jovens endividados, famílias com fome e cidadãos falidos. 

O nosso recado é que abandonem os grupos sensacionalistas de dicas ou sinais do rosa, etc. Ou ao menos jogue moderadamente na maior responsabilidade possível. 

Por: Paulino Intepo


Subscreva-se para mais novidades






Comentários