Há que reduzir o pessimismo ao olhar para Moçambique.

Enquanto rolam as manchates dos jornais ou da imprensa sensacionalista sobre os aspectos positivos do país, que se confundem com propaganda do partido Frelimo, também há rumores confirmando a desorganização da Renamo que dá vantagem a Frelimo sobre o desespero do povo moçambicano. Só os mais atentos percebem.

Por outro lado a imprensa, aparentemente independente, perpassam informações tendenciosas e desnorteadoras creditadas por "think tanks" e outros lobbistas nacionais, que menos percebem os cálculos errados dos econometristas que iludem o povo e induzem ao erro na tomada de decisões cruciais aos nossos dirigentes, dependentes do exterior para resolver e perceber problemas simples deste país maravilhoso, chamado Moçambique.

Ainda persistem os problemas internos, sem alguma luz de ter soluções imediatas, muito menos ao longo prazo. Entretenimento é o analgésico para quem queira preservar alguma saúde mental, pois pensar noutros assuntos que importam, desperta a impotência de vários órgãos de quem se arrisque a observar e tentar participar ou fazer parte da solução. Infelizmente, a maioria dos cidadãos até os aparentemente inteligentes perdem-se em debates e discussões de assuntos fúteis e corriqueiros das redes sociais. 

Já temos problemas de estradas e pontes que custam menos que um veículo protocolar de centenas de dirigentes desnecessários, que perduram a mais de 40 anos, mesmo com a descoberta e exploração de vários recursos faunisticos, marítimos, minerais no solo e subsolo, etc. não se pude consolidar o sonho ou símbolo de "união nacional" por essa via: uma Estrada Nacional Nº1 alcatroada, que ligue todo país.

Houve, em algum momento, uma ideia mirabolante, provavelmente na véspera duma das eleições presidenciais, que visava extensão de uma linha férrea. Antes de se tornar realidade deve ter desaparecido no papel. Uma vez que tantas soluções anunciadas sobre os problemas de mobilidade nas cidades moçambicanas e ao nível nacional são feitos à lápis, facilmente apagam-se e as ideias desaparecem e/ou termina tudo no anúncio do plano ou em estudos de viabilidade e a procura de fundos. 

Alternativas frustradas e fracassadas nunca faltam. Uma delas foi a via marítima. Houve algum anúncio também sobre o transporte de cabotagem. Falhamos em terra, no mar e nos rios, seria tão barato e fácil resolver o problema de transporte via aérea? Ou esta ficou reservada a um meio usado para identificar os status dos moçambicanos: os ricos (minoria favorecida) usam-no e os pobres (maioria desfavorecida) assistem os aviões rasgando os céus.

Não é novidade nenhuma que os aviões pouse de emergência, seja por problemas humanos, técnicos ou mecânicos do próprio meio ou pela qualidade dos aeroportos ou mesmo por problemas atmosféricos, que dos quais em Moçambique, segundo o PR, ultrapassam a capacidade intelectual de certos dirigentes.

O X de questão 

Mas quem se importa em descutir assuntos comuns de interesse nacional, como é o caso de: por que é que a maioria dos aparelhos enviados para operar em Moçambique sejam obsoletos, de péssima qualidade, velhos ou fora de uso, etc? A qualidade de aviões de Moçambique para o próximo ponto são péssimos, do que dos outros pontos para o resto de mundo. 

Para quem acompanha o site Aeroin.net, passo a publicidade, e tantos outros que retratam sobre assuntos das vias aéreas, já ouviu e leu sobre várias situações normais e anormais que este meio proporcionou aos seus utentes e proprietários. Porém, ao que sucedeu no aeroporto de Pemba, não seria de considerar tão grave, olhando para o pior cenário que não chegou de acontecer, perda de vidas humanas, embora triste, mas o pior não aconteceu. 

Mas há que se indignar pelo incidente ocorrido, apesar dos preços superarem o sonho moderado de qualquer cidadão moçambicano. É desconfortável para os clientes que podem subir aviões por várias razões, mas não é irrelevante para os que só podem usar as estradas esburacadas, que revelam o quão ainda estamos longe de resolver os problemas básicos dos moçambicanos.

Nem tudo está mal e o país embora extenso, cresce mesmo assim, apesar de esforços desordenados, uns puxando pelo seu lado, apenas, e outros tentando, de forma individual também, construir colectivamente o que se devia fazer em conjunto. Quer dizer, cinco passos para trás e um para frente. 

Então, cada um sente que o cenário no país está mal quando algum incidente lhe afecta directamente e quando se beneficia de alguma irregularidade ou mesmo um direito, não consegue se preocupar com os outros desfavorecidos. 

Por isso, a preocupação dos acidentes de avião que não resultem em mortes, não é problema para os que tombam com os valores altos das matriculas em escolas públicas, o valor para o pagamento do guarda, para compra de blocos e outros materiais para construir salas de aulas das escolas públicas, que depois vão funcionar células dos partidos, haverá desvio desse dinheiro para fins pessoais dos funcionários das tais escolas, etc. sem nenhuma denúncia mesmo sendo do conhecimento dos pais e encarregados dos alunos. É como se o povo no geral consentisse e se confirmasse com o cenário. 

Inflexão... 

Mas cada um mexe o que lhe toca, uma vez que esgoto este argumento com problemas de pessoas abastadas e de estômago cheio, enquanto uns necessitam de qualquer coisa para aguentar um dia e nem imaginam o que vão comer dia seguinte, mas a vida insiste em permanecer no seu corpo e viver mais um dia como moçambicanos, num país onde há gás, rubis, ouro, diamantes, etc. sob gestão de quadros das melhores universidades nacionais e do mundo. 

Porém, por causa da política, não conseguem reduzir a pobreza ou simplesmente a fome e por causa dela ainda, muitos não se importam em repudiar tantas outras situações passíveis de resolução atrás de repúdio colectivo ou da maioria, num coro conjunto que diga baste e chega. 

Ao invés disso apenas silêncio e se continua arrastar o ecrã dos diabólicos smartphone para ver o próximo assunto e episódios de coisas fúteis sem impacto concreto na vida dos moçambicanos, daí que dá para concluir que há que olhar com menos pessimismo o país. Pois se estivesse verdadeiramente mal, teríamos juntos (pobres, medianos e ricos) se revoltado. 

Portanto, apesar dos enormes desafios que o país enfrenta, incluindo elevados níveis de corrupção e desigualdade, há sinais positivos e razões para encarar o futuro de Moçambique com alguma esperança e otimismo desde que prudente. Manter uma perspetiva positiva pode ajudar a impulsionar ainda mais o progresso. 

Fui, não à Davos me apresentar aos criminosos, mas sim pedir por emprestado a um agiota calmo e religioso, algum para resolver um problema básico (aprender a matemática, leitura e escrita) de quem não se importará pelos outros que sofrem, futuramente, pois os professores ainda estão revoltados com o governo. 

Abraços de Lino I. Mucuebo


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