Um dos países no mundo onde o crime compensa: Moçambique

Moçambique é um dos países no mundo onde o crime compensa, por seguintes razões... 

Por: Lino Mucuebo
(linoisabelmucuebo@gmail.com)

As manchetes deste ano parecem esgotar o conjunto de problemas que este país já teve. Até que há quem ousa, em jeito humorístico, declarar que mesmo os que sofreram na era colonial ou antes da independência nacional, nunca viram algo do género. 

Pois, de acordo com o Índice de Percepção de Corrupção de 2022, Moçambique ocupa a posição 150 entre 180 países, com uma pontuação de 24/100 em termos de percepção de corrupção no sector público.

Enquanto o povo de forma isolada, individual e honesta tenta, no verdadeiro sentido, derradeiramente lutar contra a pobreza absoluta que afecta 46,1% da população, o governo e seus parceiros promovem uma cultura de impunidade e privilégio que perpetua as desigualdades.

Afincadamente, sectores do governo travam uma guerra contra esforços individuais e colectivos de combate à pobreza que ameacem seus interesses, anulando iniciativas que proponham soluções alternativas. 

Assim, dificulta-se a vida de quem luta honestamente pela sobrevivência, em detrimento de proteger esquemas de corrupção sistêmica.

Salvam-se os cidadãos alinhados politicamente, que fazem o jogo da democracia moçambicana - caracterizada por fraudes e desvios de conduta ética e moral - sob comando das elites no poder.

A justiça é refém dos interesses de uma minoria privilegiada, com poder de fazer e desfazer as leis. Como exemplo, temos inúmeros casos de autoridades do Estado envolvidas em esquemas de desvio de recursos públicos avaliados em mais de 2 bilhões de dólares, sem qualquer punição.

Enquanto os pequenos delitos são severamente punidos, grandes escândalos de corrupção sistêmica recebem proteção e até promoção. Funcionários públicos flagrados em ilícitos compartilham seus ganhos ilegais com superiores e, em troca, ganham cobertura e ascensão funcional independente da gravidade de seus crimes.

Empresas privadas, nacionais e estrangeiras, mesmo operando à margem da lei, sem respeitar direitos ou suas responsabilidades, são bem vistas desde que dividam seus superlucros com membros do alto escalão do governo e partido. Licenças irregulares, concessões duvidosas e contratos leoninos são comuns.

As forças de defesa, ordem e segurança, até à justiça é inoperante frente aos interesses das elites. Mesmo em casos contundentes, basta retirar o nome de figuras intocáveis que a farsa da justiça é validada e bodes expiatórios são sacrificados para apaziguar a opinião pública.

Assim, enquanto o crime compensa para os intocáveis, a população honesta e trabalhadora segue à margem do Estado, sem perspectivas de justiça ou representação política legítima. As eleições servem a interesses externos, não à vontade popular. Cargos públicos são moeda de troca e extorsão, não serviço. Justiça é privilégio, não direito.

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Créditos: Evaristo dos Santos Pereira

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Comentários

  1. Foste ao fundo e disseste o que não falamos abertamente mas sabemos que se faz e acontece. Parabéns. Traga mais análises e reflexões suas. Tens dom

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