O medo sombrio sobre a ascensão dos idiotas em Moçambique.

O ano é 2024, finais do mês Fevereiro dia 27, em que chegam informações de vários pontos do país, revelando o quão desesperadora e incerta é a nossa situação em Moçambique. Clama-se por uma liderança séria, depois de apoiarmos e aplaudir cegamente a má implementação de boa governança, integração, descentralização, transparência, participação governativa e entre outros aspectos.

A observação de Nelson Rodrigues de que "os idiotas vão tomar conta do mundo, não pela capacidade, mas pela quantidade", bate na cara de um cidadão comum, moçambicano e patriota, acima de tudo, a frase parece particularmente pertinente quando analisamos o estado da nação no primeiro trimestre e a situação do governo actual de Moçambique. 


Infelizmente, em muitas áreas, pessoas sem as qualificações ou a experiência necessárias têm assumido posições de poder e autoridade, inocentemente ou não vão cometendo atrocidades na gestão dos problemas em Moçambique sem que ninguém os pare ou lhes tome as devidas medidas. Isso é evidente em nomeações políticas para cargos ministeriais e outros postos-chave, onde conexões e lealdades parecem pesar mais do que mérito e competência. 


Além disso, a corrupção generalizada no governo beneficia aqueles dispostos a jogar o jogo político e enriquecer ilicitamente, em vez de servir honestamente o povo. Contratos inflados, desvios de fundos e nepotismo corroem a confiança do público nas instituições do Estado. O pior é quando esses idiotas chegam ao nível de assessorar figuras que deviam impor limites e disciplina neste país. 


A falta de transparência e responsabilização significa que erros e más políticas raramente têm consequências graves e já estamos vivendo. Em vez disso, os mesmos líderes incompetentes se perpetuam no poder, sem sinais de abdicarem dele para dar lugar aos outros. Estes  fracassos repetidos e generalizados em fornecer serviços básicos, segurança e oportunidades econômicas, minam ainda mais a fé dos cidadãos no governo.


Tristemente, aqueles com educação, habilidades e integridade para efectuar uma verdadeira mudança positiva são frequentemente excluídos ou silenciados, se não ridicularizados. Em vez disso, a mediocridade e a corrupção imperam, prejudicando o povo e o futuro de Moçambique. Filhos, pais, namorados, maridos e tantos outros laços jazem nas matas algures em Cabo Delgado como consequência disso. 


Opinião Pessoal

Para reverter essa tendência preocupante, a liderança competente e ética deve ser cultivada e recompensada. Os cidadãos também precisam se engajar mais profundamente nos processos políticos para responsabilizar os líderes. 


Caso contrário, há sim, seriamente temermos que a previsão sombria de Nelson Rodrigues sobre a ascensão dos idiotas continuará se concretizando, neste país que, de repente, o patriotismo desapareceu nas lideranças e as práticas de “vez vez”, abruptamente, estão a afundar toda e qualquer tentativa de melhorar o bem-estar dos moçambicanos.


E, se a sabedoria importa… 


A frase do Nelson Rodrigues não aparece isolada desse quesito, aos mais informados na matéria sabem que há alguns outros autores ou pensadores cujas ideias e advertências parecem pertinentes à situação actual em Moçambique. Para mostrar apenas que não é um caso “extremamente” complexo que temos e não tem soluções. 


Temos o caso do Platão, onde dizem que na sua crítica aos sistemas democráticos em “A República”, ele alerta sobre como políticos ambiciosos, mas ignorantes, podem manipular as massas e subir ao poder. Isso se encaixa com o que temos visto em Moçambique e vezes sem conta o filósofo moçambicano Severino Nguenha observou e apelou aos moçambicanos sobre esse facto de espaço aos idiotas na governação e poder local e nacional. 


Podemos incluir o Nicolau Maquiavel, onde em “O Príncipe”, ele analisa impiedosamente a política de poder, observando como governantes sem escrúpulos podem obter e manter o controle. Isso soa familiar, dado o que sabemos sobre a corrupção no país. O comentador Tomás Vieira, quase sempre, apelou ao moçambicanos sobre aspectos do género, ainda recentemente ao analisar os manifestos eleitorais e entre outras opiniões similares. 


Noam Chomsky da Pensilvânia, este intelectual contemporâneo, frequentemente critica como os interesses das elites econômicas e políticas se sobrepõem aos das pessoas comuns. Isso ajuda a explicar as políticas prejudiciais em Moçambique, onde até alguns activistas e líderes das renomadas organizações afins da sociedade civil, intervém, bem como o CIP tenta ilustrar com algumas evidências. 


O autor Nassim Nicholas Taleb no seu livro “A Lógica do Cisne Negro”, ele discute como eventos “improváveis” e extremos podem ter consequências enormes. Isso se aplica à má gestão e à corrupção no governo de Moçambique. O que recentemente deu lugar às observações que circulam bombasticamente no trecho do vídeo das dívidas ocultas, quando um dos réus efusivamente critica o posicionamento do Ministério Público sobre a situação de segurança nacional. 


A Hannah Arendth, uma filósofa e cientista política alemã de origem judaica, em “Origens do Totalitarismo”, ela examina como movimentos populistas podem ser explorados por líderes demagógicos. Isso oferece perspectivas sobre a dinâmica política moçambicana actual, que na visão partilhada por Mia Couto e Paulina Chiziane nas suas intervenções abordam factualmente os perigos cometidos, apesar da nossa ignorância em lugar de reagir repudiando a ascensão de qualquer idiota que ouse nos dirigir ou estar em posição de tomada de decisão sobre aspectos nacionais e locais. 


Então, embora Rodrigues capture bem a situação, esses outros pensadores também oferecem análises valiosas e relacionadas sobre como e por que "os idiotas" tantas vezes acabam no poder. Suas ideias ajudam a explicar e contextualizar os desafios que Moçambique enfrenta hoje.




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