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AS CASAS DE COLMO: UM SÍMBOLO DE HERANÇA CULTURAL E SUSTENTABILIDADE EM ÁFRICA

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Num mundo cada vez mais atento às questões ambientais e à preservação das identidades culturais, as casas tradicionais africanas com telhados de colmo surgem não como relíquias do passado, mas como modelos inspiradores de arquitectura sustentável e resiliente . Estas construções, feitas de barro e palha tecida à mão , representam séculos de sabedoria ancestral adaptada aos climas tropicais e às necessidades das comunidades. Em Moçambique , onde mais de 80 por cento das moradias rurais ainda recorrem à autoconstrução com materiais locais , estas casas não são apenas abrigos, mas expressões vivas de identidade e harmonia com a natureza. Porém, às vezes levantam-se questões de casos onde paira a dúvida, se se trata sobre pobreza ou cultura.  Este artigo inspira-se numa visão impactante partilhada por Yator Boss , um africano que, além de romantizar o que chamam de pobreza, ele inova a formar de preservar o legado da ancestralidade antes de entrar em confronto com o advento das ou...

TIO SALIMO: O DESAFIO SILENCIOSO À ESTAGNAÇÃO

Por que Eduardo Abdula podia ser o verdadeiro adversário de Venâncio Mondlane em 2029

Por Lino TEBULO – análise prospectiva sobre a política moçambicana  28 de Novembro de 2025

Em Moçambique, onde ainda se ouvem os ecos dos tiros pós-eleitorais e as feridas do terrorismo no norte continuam abertas, surge uma figura que não precisa de megafones nem de discursos inflamados: age. Eduardo Mariamo Abdula, mais conhecido por Tio Salimo, governador de Nampula desde Janeiro de 2025, tem mostrado que liderança se mede em resultados, não em palavras bonitas. Enquanto o país discute o legado de eleições contestadas e o duelo entre a Frelimo e o carisma de Venâncio Mondlane, Tio Salimo emerge como uma força discreta, mas potencialmente decisiva. O seu estilo – simples, directo, sem “papos longos e baratos”, como se diz nas ruas de Nampula – lembra o que muitos esperavam de Daniel Chapo, mas ainda não viram.

Basta olhar para o terreno. Nos últimos meses, com a escalada de ataques terroristas em Memba e Eráti, Tio Salimo não esperou por ordens de Maputo. Quando mais de 50 mil pessoas (33 mil das quais crianças) foram deslocadas de Memba em Novembro de 2025, depois de ataques que destruíram 370 casas e mataram civis, o governador mobilizou empresários, recebeu donativos (como as 2,5 toneladas entregues pelo Comité Provincial da Frelimo) e fez a ajuda chegar pessoalmente a Alua e a outros campos de deslocados em Eráti, onde já se amontoam mais de 80 mil almas. A Associação Muçulmana Seita-Sunni doou 14 toneladas de alimentos e produtos de higiene – e ele garantiu que nada ficasse nos armazéns. Visitas de campo, conversas directas com as famílias, apelos públicos a mais contribuições: tudo sem burocracia nem espectáculo.

Na segurança, a ousadia é ainda maior. A 26 de Novembro de 2025, Tio Salimo entregou os dois primeiros de dez drones prometidos à Academia Militar Marechal Samora Machel, em Nampula, para reforçar a vigilância e o combate ao terrorismo na província e arredores. Estes aparelhos são reclamados pelos militares desde 2017 e provaram eficácia em 2019, quando os mercenários russos do Grupo Wagner os usaram para quase estancar a insurgência em Cabo Delgado – até serem afastados por razões geopolíticas. Ao introduzir drones agora, Tio Salimo toca num nervo sensível da própria Frelimo: enquanto Maputo trata sintomas (deslocados, reconstrução), ele ataca causas (falta de inteligência e meios modernos). É uma decisão que muitos interpretam como afronta subtil à liderança central, que prefere reformas lentas a acções imediatas.

E é aqui que o contraste com Daniel Chapo se torna evidente. O Presidente da República, o primeiro nascido depois da independência, tomou posse em Janeiro de 2025 num país em chamas, com mais de 360 mortos em protestos pós-eleitorais. Prometeu diálogo, pacificação, sangue novo na Frelimo. Fez acordos com a oposição, reuniu-se com Mondlane, pediu autocrítica. Mas, quase um ano depois, falta-lhe o dinamismo de terreno, a ligação visceral com as bases rurais, a coragem de decisões difíceis sem olhar para o retrovisor do partido. Chapo é produto do sistema; Tio Salimo comporta-se como quem quer mudá-lo por dentro.

Venâncio Mondlane, o VM7, é o furacão: jovem, digital, dono de 20% dos votos em 2024 e de uma base que acredita que “Anamalala” (acabou) é mais do que um nome de partido. Ele prepara-se para 2029 com uma frente única contra o regime. Mas e se o verdadeiro adversário não vier de Maputo nem da oposição tradicional, e sim de Nampula? Tio Salimo tem raízes em Eráti, fala a língua do povo, mobiliza empresários, rappers (Lil De Ouro fez-lhe música), carpinteiros, mães solteiras, deslocados e até forças de defesa. A sua rede “Amigos de Tio Salimo” não é só eleitoral: é uma máquina de solidariedade real.

Em 2029, Mondlane pode incendiar as cidades com a promessa de ruptura. Mas se a Frelimo quiser sobreviver – e vencer – precisa de alguém que roube o fogo à oposição oferecendo uma versão renovada do próprio partido: trabalhadora, ousada, próxima do povo e sem medo de pisar calos em Maputo. Alguém que, em vez de regalias, prefira drones nas mãos dos soldados e comida nas mãos dos deslocados.

Esse alguém já tem nome: Tio Salimo.

Brincadeira. Vamos com Chapo até o 2º mandato. Por favor, não levem à sério.  Esta análise é especulativa e baseia-se em factos até 28 de Novembro de 2025.

Eduardo Mariamo Abdula (Tio Salimo): Governador da Província de Nampula


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