Procuramos sempre um herói e deixamos de ser heróis.

Será que do 'Moçambique em Concerto' teremos os 'Acertos ' certos para este país?

Gabriel Júnior, deputado da AR e membro da Frelimo, Apresentador do Moçambique em Concerto. 

Enquanto circulávamos de forma insistente a publicação recente do nosso blogue, o Verbalyzador, sobre Rosário Fernandes e interagíamos com leitores que se interessavam em endereçar algumas críticas - tanto negativas, pela indignação com a matéria, quanto positivas em elogios - eis que, do nada, nossa proposta ou desejo é rebatido de dentro da Frelimo pelo Gabriel Júnior - autodenominado "o Filho do Povo".

"Povo Moçambicano! quero informar que manifestei ao meu Partido a minha disponibilidade para constar entre os pré candidatáveis, entreguei a minha documentação para o efeito , É certo que com o filho do povo é vitória limpa, folgada e o nosso povo feliz mas não depende só de querer, depende de quem o órgão decidir , esta decisão deve ser respeitada e celebrada, a minha parte está feita com a vossa benção.

Viva Moçambique." Gabriel Júnior, 29.04.2024

Apresentador do programa "Moçambique em Concerto", empresário, deputado, carismático e detentor de outros atributos, tirando o que não lhe agrada rotular-lhe depreciativamente, este nome não tem dúvidas de que move massas no entretenimento moçambicano. Mesmo resistindo a concordar se é pelos artistas que convida ou por ele mesmo, este senhor parece se encaixar com a filosofia do povo moçambicano.

Pois a maioria dos cidadãos em Moçambique, talvez pela cultura ou baixo nível de educação formal, seja qual for a causa, mostram mais engajamento no entretenimento do que nos assuntos ligados à política concretamente dita. Assim sendo, qualquer artista badalado é popular e, nas causas que se envolver, arrastará o contingente que quiser. Vimos muitas vezes isso acontecer.  

Agora, quais motivações levam Gabriel Júnior a se aventurar, não sabemos. Mas ele pessoalmente já havia cogitado algum interesse político. Portanto, isso apenas chama nossa atenção à questão do engajamento propriamente dito e responde, de forma indireta, ao comentário sugestivo e inspirador do nosso leitor Dr. Aulácio Rivate, médico... ao reagir à publicação "Quem dera se Rosário Fernandes concorresse como independente nas eleições presidenciais de 9 de outubro de 2024, se haver!". Onde ele, na sua observação, diz: "Procuramos sempre um herói e deixamos de ser heróis."

Gabriel Júnior deixou de murmurar, reclamar, criticar negativamente, fofocar, etc. partiu para o jogo político. Mas tal como Venâncio Mondlane, será ele ousado demais? Ou quais repercussões terá essa aventura dentro e fora da Frelimo? Nós, do Verbalyzador, pagaríamos o quanto fosse possível para ver os contornos e debates nas próximas horas à véspera de 3 a 4 de maio de 2024.  

Aliás, enquanto circulam revelações bombásticas que passam despercebidas em redes sociais sobre fofocas e conversas em cafés nas cidades de Maputo e Nampula, finalmente alguns "bandidos" conseguem algum acordo com Lisboa, depois da interdição, para o transporte dos seus bens e riquezas para meter na Europa. Visto que, independentemente do desfecho do mandato do nosso Presidente querido Nyusi, haverá sim a caça às bruxas.

Sem nos esquecermos que Gabriel Júnior teve momentos amargos recentemente no seio da Frelimo e só escapou por questões que ainda ele mesmo sabe. Orou e rezou, agora não se sabe se quer concorrer para desafiar leis da física e padrões seculares da Frelimo, ou se é para dar um exemplo a nível nacional da ordem de movimentação de quadros, como aqui vimos em Nacala, de comunicação social para coveiro.  Ou para puramente concertar Moçambique. 

Queira Deus, esta foi a resposta tácita de um cidadão moçambicano ao chamamento para a salvação da população moçambicana. Governar é difícil, mas o mais difícil ainda é tornar-se presidente. Outro porém: há um povo que votou num líder que fazia rir às pessoas, mas no seu mandato já soma dois anos de guerra sem tréguas à vista. Ou mesmo nós, já pusemos palhaços a gerir a cultura ou desporto, e as coisas pioraram. Muita atenção nas nossas escolhas!:

Quem faz rir enquanto cidadão,
Com o poder na mão,
Poderá não trazer doces e sermão,
Poderá ser o início do grito de canhão e seus irmãos. 

Nessas eleições, 
prestemos muita atenção.
- o que parece, pode não ser!
Quem vê caras, não vê corações. 

Paiw 

"As aventuras do Capitão Phingli"