Tudo fora de baralho - educação no país: Sancionados em Portugal, condenados em Moçambique.


Não basta apenas o privilégio de respirar mais um dia em Moçambique, é preciso ainda desenvolver outras habilidades que, além da arte de sobreviver, envolvem a capacidade de ser resiliente aos fatores externos e internos. Quando tudo parece tranquilo, algo vem em alguma direção para mexer com a sensibilidade de algum setor.

É a situação da educação, um dos sectores de extrema importância no desenvolvimento nacional e que deveria ser um dos objectos primordiais privilegiados, quando se trata de soberania. Porém, nada disso se vê. Circulam informações de que, em num país cuja língua oficial é o português, seremos sujeitos a um semestre 0 (zero) denominado propedêutico.

Os Sancionados 

Isso significa seis meses ou até um ano, se o caso for grave, reservados a um caráter introdutório, para preparar os "alunos" a estudar nas faculdades portuguesas. Pode parecer humilhante, mas não é. Será uma fase em que haverá a junção de preceitos ou conhecimentos básicos de uma disciplina, fazendo com que o aluno receba o necessário para entrar na faculdade como se deve. Ou, melhor dizendo, para mostrar que o ensino primário de onde vem está deficiente.

O parágrafo acima não ofende a ninguém. Pelo contrário, elucida as vítimas sobre a realidade pela qual os gestores desse sector, ao longo dos anos, cometeram o erro de aceitar assinar acordos prejudiciais ao futuro de Moçambique. Com razão, estamos na situação em que o "véu da realidade caiu", e colhemos as consequências das passagens automáticas. 

Os outros não despacham o ensino. Na escola é para estudar e não reter e entreter os alunos ou aos que vão. 

Diga-se ainda que, talvez, nem os promotores e apoiantes das "Passagens Automáticas" sabiam do que se tratava e quais seriam as implicações futuras. Uma vez que eles foram formados com deficiências entre tolerâncias e promoções, sem noção alguma das gravidades a seguir.

Por outro lado, a população moçambicana em seus apusentos pode ser resiliente a várias situações, mas as instituições e órgãos não são. Os dirigentes são tão fracos que, se tivéssemos a consciência, destituí-los seria um hábito e norma, sempre que algum quadro se mostrasse incapaz ou fora dos interesses nacionais. Por isso, algumas universidades no país, que tinham o semestre 0, o aboliram, pois estavam a perder "clientes".

Apertar o ensino primário e aceitar que não estávamos em altura de entrar na onda de passagens automáticas não seria atraso. Pelo contrário, evitaríamos situações de gastar financiamentos para aprender e perceber uma língua no estrangeiro, a qual é a nossa oficial. Queira-se ou não, mas é um transtorno.

Porque aceitar e introduzir a passagem automática não foi uma boa ideia para o país. Aliás, beneficiou a quem agora cobra mais tempo para fazer o nosso "TPC". Estamos a pagar um explicador para os nossos alunos bolsistas, enquanto teríamos sanado esse problema, se optássemos por robustecer o nosso sistema de educação do ensino geral.

Os condenados

Agora, os condenados ainda no Ministério da Educação são os professores. Depois das declarações do Primeiro-Ministro Adriano Maleiane diante dos mandatários do povo, chegamos a saber que 70% da dívida das Horas Extras foram pagos. Ou seja, quando os professores se preparam para se conformar e organizar-se para o episódio de 2024, o governo vem e mexe na ferida.

É como se os professores fossem condenados a murmurar e reclamar. Além disso, cria-se um novo cenário no seio deles. Os 70% das horas extras pagos, quais são? Logo, nasce desconfiança entre eles. Encontram-se numa situação em que acreditam que uns, a maioria nesse caso, recebeu e ficou calado. Razão da pouca adesão às greves sobre reivindicação do pagamento de horas extras. Há quem já tivesse recebido.

O cenário que o Primeiro-Ministro nos ilustra é típico do comportamento de muitos moçambicanos: traidores. Olham apenas para seu próprio umbigo, e o resto que se vire. Assim acontece nas instituições, nos lares, em combates contra o terrorismo, e por aí vai. Iríamos mais ao fundo, ao dizer que estes são os frutos que a classe docente produziu nos últimos 40 anos:

■Dirigentes insensíveis, corruptos e anti-patriotas;

■Traidores;

■População pacífica, embrutecida e submissa;

■Autoridades incompetentes, desleixadas e sem integridade, além de desonestas.


Tudo fora de baralho.

Não obstante, para as duas situações em que a bomba explode na nossa cara, na primeira, ao invés do governo tomar medidas urgentes, como cancelar de imediato a palhaçada de passagem automática a todos os níveis, é visível que não deve haver pressa para nada. Tiveram a coragem de agendar mais uma sessão na Assembleia para ir levantar outra situação.

É como se nada tivesse acontecido em relação às medidas no exterior. O povo que se vire lá onde vai ser ensinado a falar português, quando a nossa língua oficial ainda é o português, a língua da unidade nacional. Há que reflectir sobre quantos diplomatas temos e assinam parcerias internacionais, se percebem o que estão ou onde estão nos metendo. Esse caso de regime propedêutico não é simples e leve como tal. É melhor apertar o nosso ensino primário e exigir exames de admissão em todas as universidades, independentemente de serem estatais ou privadas. Embora ainda se vê vergonha na mesma... 

Na segunda situação, as greves podem se limitar às marchas e não à sabotagem de não dar aulas. Pois, as aulas, se os professores tiverem orgulho deste país e forem diferentes dos demais dirigentes em relação ao compromisso com a nação, são o meio propício de formação do cidadão que queremos amanhã. Este presente já é um caldo perdido. Usem as aulas como meio de mobilização, formação do bom líder para amanhã.

Se não formos egoístas as aulas são as armas que nos sobram para organizar o país e afastar qualquer perigo que se avizinha parecido que perda significativa da nossa autonomia, independência, etc. As aulas são único recurso que temos para resgatar este território como nossa única casa, nós pobres mentalmente e economicamente.

Saudações!

Evaristo Pereira dos Santos
eva301023@gmail.com

Comentários

  1. Estamos na merda, por causa desses velhos desmiolados e caducos tudo é disfuncional e estagnados nesta pérola. Já é o tempo de escurrassa-los.

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