AS CASAS DE COLMO: UM SÍMBOLO DE HERANÇA CULTURAL E SUSTENTABILIDADE EM ÁFRICA
A África está a entrar numa nova era tecnológica, mas nem todos os países avançam ao mesmo ritmo. No dia 28 de Novembro de 2025, o jovem nigeriano Femi Adekoya publicou três fotografias a preto-e-branco que dão um verdadeiro murro no estômago da burocracia africana. Ao anunciar que a sua empresa, a IAPrecision, recebeu finalmente o Security Clearance e o End User Certificate, ele mostrou aquilo que muitos governos ainda fingem não perceber: a agricultura do século XXI depende de drones, precisão e coragem política.
O impacto destas imagens vai muito além da estética. O drone agrícola – um hexacóptero japonês com tanque de 40 litros, capaz de cobrir dez hectares por hora – simboliza o despertar de um Estado que entende que a segurança nacional inclui produtividade agrícola, redução de perdas e retenção de jovens talentos.
Na Nigéria, três ministérios (Defesa, Aviação Civil e Agricultura) alinharam-se para acelerar um processo que, em Moçambique, normalmente morre em gavetas. Enquanto a Nigéria abre as portas à tecnologia, por cá continuamos a tratar drones como brinquedos perigosos. A ANAC leva meses — às vezes anos — para emitir autorizações de voo comercial. O Ministério da Defesa exige documentos desconhecidos até pelas próprias empresas. E, enquanto isso, o milho continua a ser devorado pela lagarta-do-cartucho e o caju perde quase metade da sua colheita por falta de pulverização atempada.
A verdade é dura: Moçambique tem terras, tem jovens engenheiros preparados e até algumas empresas corajosas a operar drones em Manica, Nampula e Zambézia. Mas falta o que a Nigéria acaba de demonstrar — coragem política. Hoje, um drone agrícola é tão estratégico como qualquer armamento militar. Quem controla a produtividade controla a soberania alimentar.
As fotografias de Femi Adekoya são um aviso. Um espelho. Um grito silencioso para que Moçambique deixe de ver o futuro como ameaça. O progresso não cai do céu por milagre: chega por hélices de carbono, baterias de lítio e decisões governamentais que deixem de temer a inovação.
Na Nigéria, um jovem já levanta voo sem pedir licença ao passado. Em Moçambique, continuamos no chão, à espera de permissão para sonhar mais alto. Talvez estas imagens nos deem a vergonha suficiente para finalmente começarmos a voar.
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| Femi Adekoya, segurando um drones agrícolas |
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