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AS CASAS DE COLMO: UM SÍMBOLO DE HERANÇA CULTURAL E SUSTENTABILIDADE EM ÁFRICA

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Num mundo cada vez mais atento às questões ambientais e à preservação das identidades culturais, as casas tradicionais africanas com telhados de colmo surgem não como relíquias do passado, mas como modelos inspiradores de arquitectura sustentável e resiliente . Estas construções, feitas de barro e palha tecida à mão , representam séculos de sabedoria ancestral adaptada aos climas tropicais e às necessidades das comunidades. Em Moçambique , onde mais de 80 por cento das moradias rurais ainda recorrem à autoconstrução com materiais locais , estas casas não são apenas abrigos, mas expressões vivas de identidade e harmonia com a natureza. Porém, às vezes levantam-se questões de casos onde paira a dúvida, se se trata sobre pobreza ou cultura.  Este artigo inspira-se numa visão impactante partilhada por Yator Boss , um africano que, além de romantizar o que chamam de pobreza, ele inova a formar de preservar o legado da ancestralidade antes de entrar em confronto com o advento das ou...

O PAPEL DO MEDO E DA VERGONHA COMO GUARDIÕES DA ORDEM SOCIAL

Quando o Sistema Formal Falha, o Medo e a Vergonha são como Guardiões da Ordem Social.

Importa primeiro falar do que é Fúria Popular sem muita literacia ou formalidade acadêmica como tal, de cidadão para cidadão. Fúria Popular é a reacção colectiva, intensa e descontrolada de uma comunidade quando sente que foi injustiçada, ameaçada ou repetidamente ignorada pelas autoridades.

Por outra, é um estado emocional de revolta que transforma indignação acumulada em acção imediata — muitas vezes violenta — contra quem é percebido como agressor, criminoso ou causa do sofrimento comum.

Em termos simples, papo recto:
é quando o povo, cansado de ser vítima e de não ver justiça, explode em raiva colectiva e age por conta própria.

Como é que a Fúria Popular Funciona como Mecanismo Informal de Controlo do Comportamento na sociedade?

Nesta 'nossa terra gloriosa' onde 'pedra a pedra construímos o novo dia', quando o Estado, através do governo vigente, muitas vezes não consegue garantir justiça rápida e efectiva contra ladrões reincidentes e militantes, o medo e a vergonha tornam-se instrumentos poderosos para moldar o comportamento dos indivíduos que cogitam se integrar nos grupos criminosos nas comunidades pacíficas, que depois tornam-se impacientes em aturar marginais, embora sendo seus filhos, em alguns casos.

Imagine uma família humilde de Maputo, Xai-Xai ou Nampula que, durante anos, fez sacrifícios enormes: o pai levanta-se às quatro da manhã para abrir a banca no mercado, a mãe vende capulana porta a porta, renunciam a cerveja no fim-de-semana, a roupas novas, a festas de casamento caro, tudo para pagar a escola dos filhos, construir uma casa de bloco, comprar uma motorizada para o transporte e ainda guardar um pouco para emergências de saúde. Esse pequeno património foi conquistado com suor, persistência, enfrentando descrédito dos vizinhos, rejeição de clientes, salários atrasados ou empregos precários. É uma vitória lenta, digna, construída com disciplina e foco.

Um dia, sem guerra, sem seca, sem acidente – apenas por preguiça e maldade – aparece um delinquente decide roubar essa família. Leva a mercadoria da banca, as ferramentas do mecânico, o telemóvel que servia para o negócio, ou até invade a casa e destrói o que não consegue levar. Se for reincidente (e muitos são), já desgraçou dezenas de famílias antes. A comunidade queixa-se à polícia vezes sem conta, mas o sistema é lento, corrupto ou simplesmente impotente: o ladrão é detido, passa duas semanas na cadeia, sai em liberdade provisória e volta a roubar no dia seguinte.

Quando, finalmente, é apanhado em flagrante e resiste, o povo perde a paciência. Começam a atirar pedras, paus, garrafas. O ladrão cai. Nesse momento, movida por anos de frustração e medo de voltar a ser vítima, a multidão decide fazer “justiça pela própria mão”. Linchamento não é plano organizado – é explosão de raiva colectiva. O corpo fica ali, ninguém assume responsabilidade, ninguém é condenado porque “não há provas” de quem deu o golpe fatal. A mensagem, porém, fica gravada na memória de todos os potenciais delinquentes da zona: “Bandido bom é bandido morto.

Esse medo visceral espalha-se como fogo. O jovem que pensava roubar uma motorizada para vender as peças, o adolescente que planeava assaltar uma banca à noite, o adulto desempregado que considerava viver de furtos – todos param para pensar: “Se me apanharem, não é a cadeia que me espera… é a morte nas mãos do povo”. E mais: se eu cair nessa vida, não é só eu que sofro. A minha mãe vai ser apontada na rua, os meus irmãos vão ser expulsos da escola, a minha família inteira pode ser hostilizada, banida da comunidade. Já vimos bairros inteiros virarem-se contra famílias conhecidas por terem filhos ladrões: casas apedrejadas, crianças insultadas, ninguém compra nem vende àquele apelido.

Assim, o medo da morte violenta e a vergonha colectiva funcionam como freios poderosos. As pessoas preferem acordar cedo, trabalhar honestamente (mesmo ganhando pouco), construir devagar mas com as próprias mãos, do que arriscar perder tudo – inclusive a vida – por um ganho fácil e sujo. A comunidade protege-se a si mesma quando o Estado falha, usando os instrumentos mais antigos da humanidade: o terror do castigo imediato e a força do “o que dirão”.

A lição de moral que fica

Em sociedades onde as instituições são frágeis, o medo da fúria popular e a vergonha de manchar o nome da família valem mais do que mil leis escritas. Não é bonito, não é justo, não é humano – mas é eficaz. Enquanto o Estado não garantir justiça célere e castigo certo para quem vive da desgraça alheia, o povo continuará a fazer o que sempre fez: proteger com unhas e dentes o pouco que construiu com tanto sacrifício. A verdadeira prevenção do crime não está só na polícia ou nas cadeias – está no medo de morrer queimado ou espancado pela multidão e na vergonha de ver a mãe chorar porque o filho escolheu ser bandido. É cruel, mas em muitos bairros de Moçambique, é isso salva mais vidas honestas do que todos os discursos sobre direitos humanos.

Porém, infelizmente, comunidades, pior que vulneráveis, não conseguem se juntar ou se unir para combater o terrorismo proveniente da insurgência que se alimenta das fragilidades psico-sociais por falta de condições básicas de vida, diante da exposição do boom da descoberta das reservas e riquezas valiosas debaixo dos seus pés. 

👉Próximo encontro: sábado com uma proposta de debate sobre - POR QUE É QUE A PROSTITUIÇÃO DEVE SER LEGALIZADA E AS BOCAS DE FUMO NÃO. procure se inscrever ou aderir os nossos grupos nas redes sociais para acompanhar as opiniões. Abraços.



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