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AS CASAS DE COLMO: UM SÍMBOLO DE HERANÇA CULTURAL E SUSTENTABILIDADE EM ÁFRICA

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Num mundo cada vez mais atento às questões ambientais e à preservação das identidades culturais, as casas tradicionais africanas com telhados de colmo surgem não como relíquias do passado, mas como modelos inspiradores de arquitectura sustentável e resiliente . Estas construções, feitas de barro e palha tecida à mão , representam séculos de sabedoria ancestral adaptada aos climas tropicais e às necessidades das comunidades. Em Moçambique , onde mais de 80 por cento das moradias rurais ainda recorrem à autoconstrução com materiais locais , estas casas não são apenas abrigos, mas expressões vivas de identidade e harmonia com a natureza. Porém, às vezes levantam-se questões de casos onde paira a dúvida, se se trata sobre pobreza ou cultura.  Este artigo inspira-se numa visão impactante partilhada por Yator Boss , um africano que, além de romantizar o que chamam de pobreza, ele inova a formar de preservar o legado da ancestralidade antes de entrar em confronto com o advento das ou...

QUANDO A FÉ TRANSCENDE A RAZÃO, RESULTADO: TERMINADA A NOVA "ARCA DO EBO NOAH"

A “Arca Moderna” do profeta Ebo Noah e o velho poder humano de acreditar

A recente construção da “Arca Moderna” pelo profeta ganês Ebo Noah — duas embarcações gigantes, cada uma alegadamente capaz de acolher cinco mil pessoas — reacende um velho dilema humano: por que continuamos a acreditar tão profundamente em mensagens que desafiam a ciência, a evidência e a própria realidade empírica?

Durante 11 meses, Noah dedicou-se ao projecto que, segundo afirma, lhe foi ordenado por Deus para proteger o seu povo do “fim muito próximo”. Muitos riem, tal como — lembra ele — riram de Noé na narrativa bíblica. Outros acreditam com devoção. Outros ainda observam com espanto, conscientes de que este fenómeno não é apenas religioso, mas psicológico, sociológico e universal.

A fascinante arquitectura da fé humana

A psicologia social sempre estudou o impacto das crenças na percepção da realidade. William James, um dos pais da psicologia moderna, dizia que a fé pode produzir “factos interiores” tão fortes que se tornam mais reais do que o mundo exterior.

Da mesma forma, Leon Festinger, ao estudar seitas apocalípticas, concluiu que quando a crença é ameaçada por factos, os crentes podem até reforçar a sua convicção — um fenómeno conhecido como dissonância cognitiva.

O caso de Ebo Noah encaixa-se nesta linha: a fé opera como uma lente, não como um espelho da realidade. Ela molda o que vemos, o que tememos e aquilo em que confiamos.

Por que as pessoas seguem profetas apocalípticos?

Crise económica, frustração social, ausência de Estado e vulnerabilidade emocional são ingredientes que historicamente amplificam a busca por explicações sobrenaturais.

Em contextos de incerteza, a fé torna-se não apenas um acto espiritual, mas um engenho de sobrevivência psíquica.

É por isso que projectos como a “Arca Moderna” não devem ser vistos apenas como irracionalidade, mas como sintomas de sociedades onde a esperança é escassa e a autoridade da ciência é frágil.

Ciência, sociedade e a necessidade de sentido

A neurociência moderna não descarta a fé; pelo contrário, mostra como ela acende áreas cerebrais responsáveis por recompensa, pertença e calma emocional.

As pessoas não aderem a estas visões por ignorância, mas porque procuram sentido — e sentido é algo que nem a ciência, nem a política, nem a economia têm conseguido oferecer plenamente.

A ironia da modernidade

Nas redes sociais, o caso tornou-se meme:

“Que ele ponha tomadas na Arca… o homem precisa de carregar o telefone.”

Mas por detrás da piada está uma verdade amarga:

a nossa sociedade está perdida entre dois mundos — a tecnologia que promete tudo e a fé que ainda explica tudo o que a tecnologia não resolve.

A Arca de Ebo Noah pode ser uma obra de fé, loucura, engenharia ou desespero. Mas é sobretudo um espelho: mostra-nos a eterna necessidade humana de acreditar quando a realidade se torna demasiado pesada.



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