QUAIS AS EMPRESAS DO COMPLEXO DE DEFESA (ARMAS E EQUIPAMENTOS MILITAR) NO MUNDO
Se nós negros fossemos pessoas normais com a consciência no lugar, esse acto de terminaria o fim, ou pelo menos a decadência da Igreja Católica em Moçambique. Quer dizer, se fossemos pessoas racionais a igreja gastaria bilhões por muitos anos para se recuperar. Ao menos, se esse artigo chagasse aos de mais saberiam algo importante do que não foi um acto puramente simples. Mas prontos...
A fotografia correu o país como fogo em capim seco e gasolina: um jovem de joelhos, de cabeça baixa, diante de dom Atanasio Amisse Canira, bispo de Lichinga, que lhe nega o sacramento da Confirmação porque o rapaz ousou apresentar-se com tranças no cabelo. O ano era 2025, mas lembra-nos os contos que davam conta sobre Jawas ou Yaos que dizem que se alimentavam da carne dos corpos de padres mortos em resistência a submissão na altura da penetração colonial, e, em pleno século XXI, a Diocese de Lichinga decidiu que a graça do Espírito Santo pode ser bloqueada por um penteado africano. Será retaliação?
Ora vejamos. Não foi um caso isolado nem um deslize momentâneo. Foi a aplicação pública de uma orientação diocesana não escrita, mas rigorosamente cumprida: rapazes com tranças, dreadlocks ou qualquer penteado considerado “tradicional” não recebem Batismo, Crisma nem Matrimónio. A justificação? As tranças seriam “sinal de pertença aos ritos de iniciação macua/yao” e, portanto, incompatíveis com a fé católica. Em bom português: o bispo viu feitiçaria onde só havia cultura.
O Código de Direito Canónico é cristalino. O cânon 879 estabelece que o sacramento da Confirmação deve ser administrado a quem “o pede livremente, está convenientemente preparado e disposto”. Não fala de cabelo. O Ritual do Crisma (edição típica de 1971, revista pós-Vaticano II) reforça: o único impedimento dirimente é a falta de uso da razão ou a ausência de fé (cânon 889 §2). Penteado nenhum é mencionado, nem nas rubricas, nem nas normas complementares da Conferência Episcopal de Moçambique.
Mais grave ainda: o cânon 213 recorda aos pastores o dever de “procurar que os fiéis possam receber os auxílios dos bens espirituais da Igreja, sobretudo a palavra de Deus e os sacramentos”. Negar um sacramento por causa da aparência física é, em linguagem técnica, abuso de poder eclesial (cânon 1389). Em linguagem de rua: prepotência clerical.
O decreto Ad Gentes 22 manda expressamente que a Igreja “incorpore na liturgia os elementos autênticos da cultura dos povos”. João Paulo II, na exortação Ecclesia in Africa (n.º 59-62), foi ainda mais longe: pediu que os penteados, tecidos, danças e símbolos africanos fossem assumidos na liturgia, depois de purificados quando necessário. O Sínodo Africano de 2009 reforçou: “A inculturação é uma exigência teológica”.
Em Lichinga, fizeram o contrário. Em vez de purificar, demonizaram. Em vez de inculturar, colonizaram de novo. O bispo agiu como os missionários do século XIX que obrigavam os catecúmenos a cortar o cabelo e a vestir calça, porque “nu era coisa de gentio”. A diferença é que agora o bispo é negro e moçambicano. A mentalidade, porém, continua branca e colonial.
Nas mesmas celebrações, jovens com telemóveis de 100 mil meticais, calças rasgadas de marca ou tatuagens de dragões não foram chamados à frente. Só o cabelo africano escandalizou. É o que os estudiosos chamam de “racismo estético internalizado”: quando o próprio negro rejeita no outro aquilo que lhe lembra a sua negritude não “domesticada”. É o mesmo mecanismo que faz algumas mulheres negras alisarem o cabelo para “parecerem profissionais” ou alguns homens negros olharem de lado para quem usa capulana na cidade. Quer dizer, o branco pode deixar o cabelo crescer não há problemas, é santo. Mas o negro não!
O rapaz saiu da igreja sem o Crisma e com a alma ferida. Dezenas de jovens da catequese anunciaram que não voltam mais. Padres da própria diocese, em privado, confessam vergonha. E a imagem da Igreja Católica junto da juventude moçambicana – já fragilizada por escândalos financeiros e silêncio sobre a guerra em Cabo Delgado – desabou mais um pouco.
Se até um bispo negro, filho desta terra, tem tanto medo de um penteado africano a ponto de negar o Espírito Santo a um jovem…Este não será um sinal óbvio do que os panafricanistas tenham razão, que a igreja quer arrancar a nossa identidade, tirar a nossa essência, perturbar a nossa alma e trancar o nosso ser para aprisionar-nos aos que realmente o abismo?
Ou ainda é por isso que os próprios negros, no Vaticano e em todo mundo, não apoiam que outros negros tomem poderes tão altos na Igreja Católica, cargos como o Papado, por exemplo, pois os ancestrais também não estão satisfeitos com esse comportamento de rejeitarem-se de mais?
Porque, no fundo, o problema não é o cabelo.
É o medo de sermos, de facto, africanos diante de Deus.
Eu não sou católico e nem pretendo ser. Mas, desde quando o dread virou cultura Yao, Macua ou Nyanja?
ResponderEliminarVocês inventam vosso modernismo e querem dizer que isso é cultura macua ou yao. Até a década 90 nenhúm jaua, macua ou nyanja do sexo masculino ousava trançar dreads.
Eu vi um jovem rejeitado numa entrevista por ter feito um punk artistico e perdeu a vaga, apesar de ter passado com 18 valores nas provas escritas, psicotécnicas e pearl alguém com 12 valores.
Esse é o problema de normalizatem vossos desastres compprtamentais e charm que todos seven seguir essas babuzeiras.
No passado a igreja, o unhagó e a madrassa foram sempre convidadas para participar na educação e formação da mocidade. Os actuais jovens fazem o que querem, nem respeitam os conselhos dos mais velhos, fazem o qui querem e, sobretudo na estrutura dos seus cabelos. Porquê não cortam, penteiam e se apresente como homem comum? Haah! Só se for a polícia ou a tropa ou ao manicómio, sair em de unyagó, aí sim, sentir-se-ão obrigados a cortar o cabelo.
Bom trabalho desse bispo.
Não o conheço. Sinta-se honrado por esse papel educativo da nova geração. Sinta-se estar a exercer a verdadeira missionação e a representar bem a igreja católica e a cultura macua, yao e nyanja.
Assanthe baba!
Podia estar equivocado, quando o autor do texto de forma anónima enviou-nos essa opinião. Mas depois, de uma mergulhada, em algumas resposta que ele deu sobre outras questões que levantamos, achamos que ele teve sim razão para escrever. Acredito que ele vai lhe responder
EliminarAh esse chefe se atrapalhou de mais. O problema é que os adultos e velhos actuais, são tão retardados quanto desenformados e ignorantes de mais. Acham que a educação que tiveram é mais correcta e branco é superior que qualquer outra raça. O bispo errou é errou feio de mais. Nem parece que fez teologia ou tem algum conhecimento antropólogo. Aliás, devia ele ter feito o esforço de aceitar o jovem e com o tempo molda-lo. Logo mostra que a igreja está recheada de demónios ao invés dos anjos. Aparência exterior não revela o que o interior é. Quantos padres com batinas violaram MIÚDOS e Mulheres?
EliminarBom, escrevo-lhe em Anónimo, porque sou directamente parte da igreja católica e já frequento a uns 27 anos, graças a minha mulher. Mas há questões que me fizeram dar liberdade dos meus filhos terem educação diferente da minha e aprendo muito com eles.
EliminarEscrevi ao Verbalyzador este posicionamento e confrontei-me com o Evaristo sobre o caso. Mas a si digo o seguinte, resposta curta e directa ao seu comentário:
1. Dreadlocks/tranças não são invenção dos anos 90. São penteado milenar africano (Maasai, Himba, Egito antigo, guerreiros Yao e Ngoni pré-coloniais). Quem os proibiu foram os colonizadores e missionários brancos, não os ancestrais macua ou yao.
2. Nos ritos de iniciação macua (unyango) e yao o cabelo é rapado durante o ritual, não proibido para sempre. Depois do rito, o homem adulto decidia o seu penteado.
3. O jovem com “punk artístico” perdido numa entrevista é exemplo de racismo estético, não de “respeito à cultura”. O bispo fez exatamente a mesma coisa: julgou o interior pelo cabelo.
4. Direito Canónico (cân. 879 e 889): o Crisma só exige preparação e pedido livre. Cabelo não é impedimento. Ponto final.
5. Aplaudir o bispo por humilhar um jovem diante de todos não é “educar a mocidade” nem “defender a cultura macua/yao”. É repetir o colonialismo com cara preta.
Resumindo: o problema não é o cabelo, é o medo de ser africano. Os ancestrais não estão orgulhosos disto. Assanthe.
Para mim, está muito certo. Nem tudo que se aplica nas nossas igrejas estam inscritos no cânon
ResponderEliminar. Porque tem regulamento interno?
O Exce
Não normalizemos o anormal. Nota 1000 para o bispo.
ResponderEliminarÉ estranho um homem psicológicamente são apresentar-se num acto solene como este de tranças.
O bispo ao dizer que os macuas e nanjas não é ritual. Mais cada Diocese tem normas e regulamento sem precisar do cânon. Também todo igreja católica não admite essa situação de dred.
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