A Linha Tênue entre Justiça Popular e Violência: Um Reflexo da Sociedade Contemporânea

A Linha Tênue entre Justiça Popular e Violência: Um Reflexo da Sociedade Contemporânea

Poucas pessoas apoiam actos de violência extrema ou qualquer tipo de violência física. A maioria possui um instinto de tolerância, optando por outras formas de repressão. No entanto, as acções de alguns indivíduos neste mundo cruel têm obrigado os bons cidadãos a se alinharem com práticas bárbaras em actos de repúdio contra certos comportamentos ditos "intoleráveis".

Agredir uma pessoa até deixá-la debilitada pode ser visto como um mau exemplo perante a justiça, principalmente porque existem leis específicas que condenam tais actos. Contudo, quando as vítimas não veem outra forma de demonstrar seu desagrado contra determinadas condutas, o impulso as leva à violência por intolerância.

Muitos ladrões e assaltantes domésticos envolvidos em furtos e roubos em residências, têm tido pouca sorte de serem entregues às autoridades policiais em bom estado físico. Outros, mesmo quando flagrados sem ter roubado algo, apenas por demonstrar tendência criminosa, são torturados até quase a morte.

Casos de mutilação de membros, lesões permanentes, fraturas e fissuras, além de outras formas de desfiguração física e psicológica do acusado, são frequentes em nossas comunidades. É lamentável ver filhos, pais ou familiares em estado físico deplorável como resultado da violência em repúdio aos actos relacionados a roubos ou outras atitudes rejeitadas pela sociedade.

O engraçado, até terroristas em Cabo Delgado e aqueles que põem voluntariamente milhões de moçambicanos na pobreza extrema não são assim maltratados depois de descobertos.

Se não fossem as repetidas libertações daqueles que se acredita que deveriam permanecer presos, talvez a raiva ao lidar com indivíduos de conduta desviante, orientada para o roubo e furto doméstico, fosse reduzida. De facto, é doloroso o que os ladrões fazem na calada da noite, causando um retrocesso enorme na vida das famílias e proprietários dos bens que, com sacrifício, puderam adquirir certos produtos que os criminosos se apoderam, às vezes até com violência.

E se essas medidas fossem aplicadas aos políticos que, durante seu mandato, se caracterizaram pela incompetência, resultados desastrosos na maioria das decisões e desvios notórios de fundos e orçamentos destinados ao bem comum em detrimento do seu enriquecimento pessoal e de seus grupos? Não teríamos um país mais alinhado?

Aliás, há quem diga que as cadeias e celas são destinadas aos autores de roubos domésticos e àqueles despojados de poderes políticos e financeiros. Pois quem possui uma dessas duas condições, independentemente do seu nível acadêmico, decência ou educação, dificilmente é alvo das malhas da polícia, a menos que haja outro poderoso em seu encalço por questões de rivalidade.

Mesmo que os direitos humanos condenem qualquer tipo de violência e promovam a preservação da vida humana com dignidade, justiça e respeito, não seria correcto em nenhuma abordagem tratar outros violentamente, seja física ou verbalmente. É chocante. Nem mesmo Deus deveria punir nossos semelhantes com violência.

Porém, há histórias que mostram que as religiões foram, em tempos passados, especializadas em várias técnicas de tortura. Além disso, existem masoquistas e outros indivíduos perturbados psicologicamente que sentem prazer na violência contra outros, directa ou indirectamente, ou contra si próprios: 

A espécie humana é repleta de imperfeições. 

Portanto, parece que algumas culturas seculares, ainda sem muita influência global, não são tão violentas. Elas têm outras formas de repreender seus desviantes, de maneira exemplar, contribuindo para uma coexistência equilibrada e construtiva. No entanto, há comportamentos que também merecem sanções extremas.

Complexos são, todavia, casos como os de linchamento ou qualquer outra forma de tirar a vida por simples acusações baseadas em desconfiança. Já houve registros de lesão à vida de inocentes, os azarados que estavam nos locais certos em momentos errados. Afinal, uma vez tirada, a vida não pode ser restituída.

Agora, é necessário que as autoridades competentes e especializadas mostrem seriedade no tratamento dessas questões. Caso contrário, a onda de violência que resulta em desfiguração física e psicológica continuará sendo a medida adotada pelas vítimas de roubos, furtos, abuso sexual de menores e até sequestros, bem como outros comportamentos repudiáveis nas comunidades.

Por outro lado, é fundamental que cada um seja responsável por seus actos e pense nas consequências caso seja pego, especialmente em flagrante delito, em situações onde residem pessoas intolerantes e violentas. A polícia e pessoas de boa-fé podem chegar tarde. A população está saturada e insatisfeita. 

Tanto que a fúria resultante da má governação, impotência sexual, falta de oportunidades, mau funcionamento das instituições do Estado e outros problemas sociais inexplicáveis, que não se consegue cobrar do culpado por ter protecção da justiça e da polícia, pode ser descarregada sobre o indivíduo errado.

Um jovem atacado pela população em revolta aos actos de roubo doméstico. 

Comentários

  1. Lamentável sim ver como é que um ladrãozinho de “ nada” é tratado pelo fúria da população quando o ladrão do futuro e de sonhos está aí a passear a sua classe. Outrossim se coloque do lado da vítima do roubo, a pessoa trabalha durante anos e perde tudo em uns minutos. Isso deixa igualmente frustração permanente às vítimas. Imagine você criar seus animal durante 5 a 10 anos e numa noite acordar que todo esforço foi multiplicado a zero!. Você fica sem norte…

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  2. Razão pela qual se disse no texto, acabamos descarregando tudo sobre aquele gatuno que for encontrado. Coisa parecida

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