Educação Prática vs. Trabalho Infantil

Um Debate Necessário para o Desenvolvimento Africano

Enquanto o mundo corre e Moçambique ao seu tempo segue a onda na tamanha incerteza e incredulidade ao mesmo tempo, ao benefício das redes sociais nos chegam imagens em vídeos, que mostram cenários tais como crianças e jovens em uniformes ou sem, trabalhando com diferentes peças e instrumentos de trabalho cá e no mundo fora. 

Nesta publicação nos dedicamos a analisar um vídeo onde crianças de uniforme azul brincam? Ou, estão lidando com peças mecânicas, aparentemente em um ambiente industrial. Isso levantou questões complexas sobre educação, trabalho e desenvolvimento econômico que merecem uma análise cuidadosa, especialmente no contexto africano.

Uma vez que, às vezes quando é na África crianças fazendo trabalhos de "adultos" o Ocidente evoca exploração infantil e quando é no Ocidente?

Assim fomos desafiados a dar uma opinião equilibrada, fazendo uma análise importante, no qual reside em distinguir entre educação prática e exploração infantil. Ou melhor, a mesma actividade mal empregada séria vista como exploração infantil e numa outra visão dir-se-ia que trata-se de educação prática. Será essa sugestão que falta nos países africanos e ainda pode ser considerada como tradição no hemisfério norte?

Ora vejamos. Programas educacionais que oferecem experiências práticas podem ser valiosos para o desenvolvimento de habilidades, desde que priorizem o bem-estar e os direitos das crianças. No entanto, o trabalho que interfere na educação ou coloca crianças em risco é inaceitável.

Para os países africanos, o desafio é encontrar um equilíbrio que promova o desenvolvimento econômico e de habilidades, mantendo fortes protecções contra a exploração infantil. É difícil descurtinar a separação, mas é possível que as crianças cresçam em um ambiente que sejam dotadas de saber fazer qualquer coisa útil, que tenha um enquadramento na vida adulta. 

Aliás, há relatos que dizem se a escola manda as crianças cuidarem das suas salas e ambientes de aulas, os encarregados se indignam com a postura da direcção da escola. Porém, para se ter uma noção mediática há que ter em conta algumas considerações importantes nas observações de cada tipo de situações expostas aos petizes:

    1. Contexto cultural e econômico

É preciso haver consideração de que as realidades socioeconômicas variam entre países e regiões. É crucial adaptar as políticas às necessidades e valores locais.

Apesar de sempre dependermos do exterior para desenhar os nossos programas de ensino, o qual, muitas das vezes não atendem as nossas necessidades de sobrevivência muito menos do nosso próprio mercado de trabalho para atingirmos algum progresso em algo. Devesse considerar que ensinar as crianças a ter noção sobre determinadas actividades com peso concreto no quadro sócio económico é fundamental. 

    2. Educação holística

Priorizar uma educação que combine teoria e prática, preparando jovens para oportunidades futuras com base na realidade local e estreitamento integrado ao mundo. 

    3. Regulamentação e fiscalização 

Não basta apenas politizar, é necessário estabelecer e fazer cumprir leis claras que protejam os direitos das crianças. Deve haver exemplaridade na observação das normas que velam a defesa e segurança da criança sem no entanto ferir os valores tradicionais que perfazem a cultura de onde ela pertence. 

Quer dizer, apresentar a criança o mundo, mas não lhe retirar a sua identidade em detrimento de lhe impor a globalização por pura satisfação das agendas externas que promovem a criação de regulamentos e leis que demonizam suas raízes. 

    4. Parcerias público-privadas

Uma das chaves da gestão equilibrada de visões do género que debatemos, residem em ter dirigentes com habilidades e capacidades de desencadear no concreto colaborações entre governo, empresas e escolas. Pois isso pode criar programas de treinamento responsáveis.

    5. Investimento em infraestrutura educacional

Sem antes termos que demonizar o ensino geral, há que se investir numa visão soberana virada para melhoraria das escolas e centros de formação profissional ou técnicas. Pois, estás, de alguma forma, preparam as crianças e jovens desde cedo a uma atitude de intervenção e acção face aos problemas à soluções dos desafios enfrentados pelas suas comunidades e eleva a competência destes na vida adulta. 

    6. Conscientização

Educar comunidades sobre os benefícios da educação e os riscos do trabalho infantil. Sem no entanto mutilar a transmissão de conhecimentos dos trabalhos básicos caseiros que em regra geral todo homem deve saber e até, se calhar, fá-los em algo que gere auto sustento ou condição favorável ao auto emprego.

    7. Desenvolvimento econômico sustentável

Criar oportunidades de emprego para adultos, reduzindo a pressão econômica sobre as famílias.

Enfim, o objectivo deve ser criar um ambiente onde crianças e jovens possam aprender, crescer e se desenvolver de forma segura, adquirindo habilidades valiosas sem comprometer sua educação ou bem-estar. 

Claro que isso requer um diálogo contínuo entre governos, empresas, educadores e comunidades para desenvolver soluções que beneficiem as gerações futuras e impulsionem o progresso econômico de forma ética e sustentável

Aliás, muitos adultos de hoje nos países africanos, especialmente em Moçambique, aqueles que vêm das zonas recondidas cresceram e estudaram construindo suas próprias salas de aulas e bancos. Infelizmente, poucas ilações foram retiradas desse exercício, pura e simplesmente porque na altura nenhum adulto ousou interpretar-lhes o significado daquele acto. 

Sem mencionar que uns dividem ainda nesses dias, tarefas domésticas como machamba - trabalho no campo ou na caça, carpintaria, culinária, venda em barracas, hotelaria, etc com a escola formal, a do ensino geral. No fim das contas acabam se profissionalizanto nessas áreas ou mesmo fazendo disso uma ganha-pão permanente. 

Pecam os nossos políticos em não conseguir materializar certas actividades económicas realizadas de forma informal e fazer um arranjo de enquadramento de certas habilidades no quadro profissional com reconhecimento baseado no saber fazer nato, que provêm da aparente exploração infantil. O que felizmente parece estar na agenda de algum candidato à presidência à 09 de Outubro de 2024. 



Comentários

  1. O problema é que nós os moçambicanos não sabemos fazes os nossos conceitos. Pôr as crianças a fazer este tipo de tarefas, você vair responder pelo crime de "exploração de mão de obra infantil". Mas nós esquecemos que um indivíduo com esta faxa etária assimila com facilidade em relação a ao adulto.
    Como nação que debate-se com problemas de falta de emprego, o governo devia rever os conceitos e buscar esta experiência que ao médio prazo, irá se livrar da pressão popular de exigência de emprego do governo. Teremos muitos empreendedores, pequenas e médias empresas criadas por estes que irão aprender a fazer as coisas enquanto crianças.

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  2. Certamente. Mas haja fé que um dia as coisas se alinham

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