Queimadas Descontroladas em Moçambique - Uma Questão Ardente

Queimadas descontroladas, um desafio secular. 

Seguíamos a viagem numa dessas estradas que além de cheio de buracos, são perfiladas pela nossa Polícia da República, a tristeza dos condutores, quando deparamo-nos com um fogo numa mata que até beijava a berma da estrada que devíamos percorrer. Pois, em Moçambique é assim: sempre há factos, mas não há culpados.

Para o caso das queimadas do género, descontroladas, não há excepções. O mato arde e são pouquíssimas vezes que foram identificadas indivíduos por detrás dessa demonstração danosa do ambiente por pura preguiça. Pois às vezes, queimam hectares e quilómetros de mata, atrás de uma ratazana e entre outros animais selvagens que se julga que sejam muito bons, na caça. 

Pois, Moçambique, particularmente em regiões recondidas, enfrentam uma grave crise ambiental: incêndios ou queimadas descontroladas. Estas queimadas estão a devastar a paisagem, causando danos significativos a nível ambiental, social e económico. Este artigo analisa as causas fundamentais, as implicações e as potenciais soluções para este problema premente.

A Tempestade Perfeita: Factores que Alimentam os Incêndios

Além da ignorância e negligência alimentada com a falta de seriedade ao encarar as queimadas descontroladas, aliada ao facto de que, qualquer bem que tenhamos que fazer até para com o bem natureza, o meio ambiente de que dependemos para sobreviver há hábito de sempre esperar uma recompensa ou remuneração para o efeito, existem ainda vários factores interligados. 

Estes tais factores contribuem significativamente para a prevalência e intensidade dos incêndios descontrolados em Moçambique, fora da caça de animais como ratos e entre outros. Levando a certas pesquisas e observações a concluirem que isso se deve também à:

1. Práticas agrícolas tradicionais os quais fazem com que comunidades dependam da agricultura de subsistência, usando o fogo como ferramenta para limpar terrenos e preparar o solo para novas culturas.

Embora historicamente comum, esta prática tornou-se cada vez mais problemática face às mudanças climáticas. Aliás, piora ainda mais quando o SUSTENTA não reflecte aos grupo alvo o qual se havia designado, segundo o manifesto da sua promoção. 

2. As secas prolongadas criam alterações climáticas que têm agravado as condições de seca na região. Períodos secos prolongados deixam a vegetação ressequida e altamente inflamável, criando condições ideais para a ignição e propagação rápida de incêndios.

3. Os ventos fortes sazonais que começam em Agosto em Moçambique, podem rapidamente transformar um pequeno fogo num inferno incontrolável, espalhando as chamas por vastas áreas em pouco tempo.

4. Expansão das actividades mineiras que apontam para o crescimento de indústrias como a extração de carvão em Moatize, por exemplo, tem aumentado os riscos de incêndio. Embora no interior haja algum tipo de controlo para debelar qualquer chama resultante da actualidade. 

Uma vez que, as operações mineiras podem inadvertidamente provocar incêndios, e a desflorestação associada torna o terreno mais suscetível a queimadas. Apesar de os locais de exploração terem um alguns mecanismos para debelar o fogo. 

5. Recursos limitados para gestão de incêndios, já que Moçambique enfrenta desafios na implementação de estratégias abrangentes de prevenção e gestão de incêndios devido a restrições de recursos e prioridades de desenvolvimento concorrentes.

As Consequências Devastadoras

O impacto destes incêndios descontrolados estende-se muito além das áreas imediatamente queimadas, uma vez que a expansão das chamas ultrapassa a capacidade dos promotores nas zonas rurais e quando ocorrem acidentalmente, dificilmente há preocupações colectivas para interrupção da corrente de fogo que soma e segue as plantas secas, causando impacto ambiental negativo. 

Impacto Ambiental

Degradação do Solo

Os incêndios removem a camada superficial do solo rica em nutrientes, levando à redução da fertilidade e ao aumento do risco de erosão.

Perda de Biodiversidade

A destruição da vegetação nativa ameaça inúmeras espécies de plantas e animais, algumas das quais podem ser endémicas da região.

Contribuição para as Alterações Climáticas

Os incêndios de grande escala libertam quantidades significativas de gases com efeito de estufa, agravando o aquecimento global.

Poluição do Ar

O fumo dos incêndios pode viajar longas distâncias, afetando a qualidade do ar tanto em áreas rurais como urbanas.

Impactos Socioeconómicos

Perdas Económicas

Os incêndios destroem culturas, pastagens e infraestruturas, causando graves prejuízos às economias e meios de subsistência locais.

Riscos para a Saúde

A inalação de fumo leva a problemas respiratórios, irritação ocular e outros problemas de saúde, afetando particularmente as populações vulneráveis.

Ameaças à Segurança Alimentar

A perda de terras agrícolas e habitats naturais pode ter impactos a longo prazo na disponibilidade de alimentos e na nutrição das comunidades afetadas.

Traçando um Caminho a Seguir: Soluções e Estratégias

Abordar a crise dos incêndios florestais em Moçambique requer uma abordagem multifacetada:

1. Gestão Comunitária de Incêndios

Capacitar as comunidades locais com conhecimento e recursos para prevenir e gerir incêndios de forma responsável.

2. Práticas Agrícolas Sustentáveis

Promover alternativas à agricultura de corte e queima, como a agroflorestação e a agricultura de conservação.

3. Sistemas de Alerta Precoce

Implementar tecnologias avançadas de deteção e monitorização de incêndios para permitir uma resposta rápida a ameaças emergentes.

4. Restauração da Paisagem

Investir na reflorestação e restauração de terras degradadas para aumentar a resiliência contra incêndios e proporcionar benefícios ec8ológicos.

5. Política e Fiscalização

Desenvolver e aplicar políticas abrangentes de gestão de incêndios a nível nacional e local.

6. Colaboração Intersectorial

Fomentar parcerias entre agências governamentais, ONGs, entidades do setor privado e organizações internacionais para reunir recursos e conhecimentos especializados.

7. Adaptação às Alterações Climáticas

Integrar a gestão de incêndios em estratégias mais amplas de adaptação às alterações climáticas para abordar as causas fundamentais do aumento do risco de incêndio.

Enfim, para terminar com esta reflexão concluímos que os incêndios ou queimadas descontroladas em Moçambique, particularmente em regiões recondidas, representam um desafio complexo na intersecção de questões ambientais, sociais e económicas, muita das vezes desconhecidas pela população.

Enfrentar esta crise requer um esforço coordenado de todos os sectores da sociedade, desde as comunidades locais até aos governos nacionais e parceiros internacionais. Implementando estratégias abrangentes que combinem o conhecimento tradicional com tecnologias modernas e práticas sustentáveis, Moçambique pode trabalhar para um futuro onde os incêndios sejam geridos de forma responsável, protegendo tanto o seu património natural como o bem-estar do seu povo.

Comentários