A Responsabilidade Individual na Construção de um Moçambique Melhor

Que o país está mal, todos sabemos. Mas o que é que cada um faz para melhorá-lo, individualmente?

Moçambicanos levantando as vozes em repúdio ao actual estágio do país. 

Parece importarmo-nos mais do que devíamos. O domingo é para relaxar. Mas as declarações de certos cidadãos nos levam a esta pequena  reflexão sobre a presente situação do país. O estado actual de Moçambique é uma preocupação compartilhada por muitos nativos e simpatizantes. No entanto, a questão crucial que se coloca é: o que cada cidadão está fazendo, individualmente, para melhorar a situação do país?


A Fuga da Responsabilidade Colectiva

Ciente que este assunto é sensível, mas devemos aborda-lo e fazer compreender aos demais o quão fundamental é e se deve tomar em consideração prioritária. Observamos diferentes abordagens que as pessoas adotam diante dos desafios nacionais. 

1. Os "Sábios" Alheios

Enquadram-se nesse grupo, aqueles que aconselham aos demais desorientados e indecisos ou inocentes na sociedade a não interferir na vida alheia, evitando críticas a figuras públicas, mesmo diante dos factos e de actos questionáveis.


2. Os Focados no Sucesso Individual

Associam-se nesse clube aqueles que promovem o investimento pessoal e a busca por oportunidades de negócios como solução universal. Não que seja errado, mas desinquadrado ao contexto actual do país, sim, há reparos a serem feitos e prioridades que propomos integrarem no seu foco. 


3. Os Que Buscam Refúgio na Religião

Terminamos com estes irmãos o qual verosmente sugerem que a fé é a resposta para todos os problemas. Ainda que se esteja inerte e passivo de qualquer acção. Basta a fé que tudo virá na direcção dos nossos desejos e mediante o ritmo das nossas orações e louvores. 

Nada mal para o posicionamento dos três ou mais grupos que podermos encontrar por aí. O que estes grupos têm em comum é a tendência de se esquivar das responsabilidades fundamentais do exercício da cidadania plena e dos deveres cívicos para o bem da nação.

Parecendo que não, há mais ilusão na vida destes que na mentalidade dos indivíduos que defendem interesses colectivos associados a participação política e activa nas comunidades, regiões e ao nível nacional. Independentemente das suas convicções e graus académicos, que lhes suscita impossibilidades de realização de qualquer acto pessoal de sucesso sob véu de um sistema falhado, como se "aparenta ser o de Moçambique". 


A Ilusão do Sucesso Individual em um Sistema Falho

O perigo dessas abordagens individualistas é que elas podem levar-nos, ou mesmo instalar-nos em três estados psicológicos que podem ser perturbadores quando se tomado a consciência deles. Dos quais:

- Frustração e autocrítica excessiva;

- Conformismo e resignação; e, 

- Desperdício de tempo e recursos. 

Isso tudo porque o nosso sistema de educação familiar, escolar e informal nunca esteve a altura de incutir a importância dos valores que permitissem desencadear o patriotismo como algo fundamental para o desenvolvimento comunitário, regional e nacional. Que dele depende o vigor e a inspiração de lutar para o bem-estar comum. 

A Importância do Bem-Estar Colectivo

Queiramos ou não, mas é crucial entender que o progresso individual sustentável só é possível em um ambiente social equilibrado. Como afirmou Nelson Mandela:

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar."

Esta citação nos lembra que a mudança positiva é possível, mas requer um esforço inclusivo, colectivo e educação contínua e alinhada aos desafios concretos do país, que é nosso. Temos que ter a mesma vibração ao tratar os assuntos nacionais. 

Estarmos em sintonia e na mesma frequência para facilmente acharmos as soluções práticas e duradouras dos problemas que nos afligem para alcançarmos um futuro próspero de verdade. 


O Caminho para um Moçambique Melhor

Para alcançar um futuro próspero, Moçambique precisa daquilo que muitos sabem e parafraseam, ainda que faltando entregarem-se de corpo e alma no compromisso de desencadear as tais:

1. Reformas Fundamentais, onde seja por meios pacíficos ou não, mudanças significativas são necessárias;

2. Desencadeamentos do Pensamento Crítico e Participação, onde todos os moçambicanos devem se envolver activamente na reformulação do cenário actual. Que a proposta de muitos que têm a oportunidade de perfilar em televisões, rádios e mudas-surdas salas de aulas universitárias;

3. Manutenções de Foco nas Prioridades Nacionais, em que é essencial concentrar esforços em questões fundamentais como produção, defesa da soberania e combate à corrupção.

4. E, Envolvimentos em Acções Concretas, como disse Samora Machel inspirado pela visão do Amílcar Cabral:

"A libertação do povo é um acto de cultura."

Pois, esta afirmação ressalta a importância da educação e da acção cultural na transformação social, que deve partir de baixo do tecto de cada família, nas escolas ao todos níveis e nos diversos ambientes de interacção onde partilhamos o mesmo ar. 


Conclusão

Enfim, não é utopia depois destes parágrafos e frases feitos com muito rigor e compromisso para com o país, descobrir e estar-se ciente de que, o futuro de Moçambique depende da acção conjunta de seus cidadãos. É hora de superar o individualismo e trabalhar colectivamente para um país mais justo, transparente e verdadeiramente independente. Como disse Paulo Freire:

"Ninguém luta contra forças que não entende, cuja importância não mede, cujas formas e contornos não discerne."

Portanto, é crucial que cada moçambicano entenda seu papel na construção de um futuro melhor e aja de acordo, combinando reflexão crítica com acção concreta para o bem comum.

Jovem indignado com a situação actual do seu país: Moçambique. 

Nota: Joe Biden desiste da corrida eleitoral nos EUA, ajudando assim os Democratas a serem mais proativos e arrastando aos que preferiam ficar em casa ao invés de ir votar, se fosse ainda Biden como candidato. Para nós, a CNE devia se abster em ser concorrente nas eleições e posicionar-se apenas como entidade que gere processos eleitorais, apenas: deixando qual um e grupos concorrerem desde que tenham alguma aceitação popular de alguma região dentro do território nacional. 

Saudações! 



Comentários

  1. Excelente texto!
    Há um certo conformismo que enferma os nossos concidadãos em discutir a realidade do país, em problematizar tudo. Algumas coisas acontecem porque nós, como sociedade, como povo deixamos acontecer, não reivindicamos nada, olhamos e calamos, autêntico Individualismo (como plasmado no texto). Contudo, sem mudança de atitude, mudança de actuação, não seremos uma sociedade democrática, aquela que analisa, confuta e tira soluções.

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    1. Obrigado pela atenção. Porém insistem dificuldades de compreensão do papel do cidadão comum nas mudanças políticas de países como Moçambique. Nesse caso, há uma necessidade de reforçar a educação cívica e incentivar os cidadãos moçambicanos de todos estratos sociais a participarem na na vida política das suas comunidades, regiões e no país inteiro.

      Saudações

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