A Ilusão da Mudança Política em Moçambique: Além das Aparências

Optando em passar a sexta-feira de 19 de Julho de 2024 longe do álcool e outras distrações, resolvi reflectir sobre uma antiga proposta ao debate da questão que concerne a pergunta seguinte: como combater covardes e medrosos diante de uma revolução que aspira mudanças significativas e importantes em Moçambique, apesar dos actuais desafios?

No exercício de pensar em satisfazer essa questão, iam correndo ideias como, para combater covardes e medrosos em Moçambique, diante de uma revolução por mudanças significativas, requer uma abordagem estratégica e educativa. Com o risco de até, se falhar essa abordagem, ser preso, descriminado ou mal rotulado e na pior das hipóteses, morto.

Uma vez que muitos são também potencialmente ignorantes. E todo esforço para reverte-los é infrutífero. Apesar de que a história da luta pela independência, liderada pela FRELIMO, mostra que a mobilização popular e a conscientização são essenciais para superar o medo e a opressão. 

E como fazer compreender essa visão aos demais moçambicanos? 

Promover a educação, incentivar o debate público e fortalecer a coesão social são passos fundamentais. Além disso, é crucial criar um ambiente seguro onde os cidadãos possam expressar suas opiniões e participar activamente na construção de um futuro melhor, enfrentando desafios actuais com coragem e determinação. 

Mas interrompi esse pensamento quando correu-me a foto por acaso do autor Edson Macuacua entre o antigo e ex-presidente da República de Moçambique. O qual sugeria uma possível visão de quem seria o futuro Secretário Geral da Frelimo. Aliás, segundo como davam conta algumas especulações. E isso associava-se a mudanças importantes dentro da Frelimo e para o resto do panorama político nacional.

Por que além das aparências se exige mais a mudança de mentalidade geral? 

Na cena política moçambicana, a mera substituição de figuras políticas ou o surgimento de novos partidos muitas vezes cria a ilusão de mudança. No entanto, essa percepção superficial raramente se traduz em transformações profundas e duradouras. O verdadeiro cerne da questão reside na mentalidade colectiva que permeia as estruturas de poder e a sociedade como um todo.

A rotatividade de lideranças, por si só, frequentemente perpetua práticas enraizadas e dinâmicas de poder já estabelecidas. A cultura política do país, moldada ao longo de décadas, não se altera simplesmente com a chegada de novos rostos ao cenário político. 

Por exemplo na foto tida, remete-nos a observar que grupos de interesse consolidados continuam a exercer sua influência, muitas vezes cooptando novos actores políticos para a manutenção do status quo. Que é a especulação que também norteia as opiniões em tornos dos últimos anúncios do CNE e criaram mau estar em boa parte dos moçambicanos. 

Além disso, se a população não exigir ou esperar mudanças substanciais, os novos líderes podem não sentir a pressão necessária para implementá-las. É crucial reconhecer que as verdadeiras transformações ocorrem nas estruturas e sistemas subjacentes, não apenas na troca de indivíduos no poder ou existência de mais um partido ou formação política.

Para que Moçambique experimente uma mudança genuína e significativa, é imperativo um esforço multifacetado. O mesmo também serve para reduzir abstenções em interesses pessoais na política moçambicana como fundamento para participar activamente na construção do país que queremos ter. Isso começando por:

1. Transformação da cultura política e administrativa, promovendo valores éticos e democráticos;

2. Implementação de reformas institucionais profundas que alterem as bases do funcionamento do Estado;

3. Investimento em educação cívica e política, capacitando a população para uma participação mais activa e consciente. Embora que nesse quesito, a religião traga grandes entraves para a sua efectivação; 

4. Fortalecimento da sociedade civil, criando mecanismos de controle e participação cidadã efectivos;

5. Combate sistemático e implacável à corrupção e ao clientelismo em todas as esferas do poder, denunciando e expondo aos público as práticas e os envolvidos. De modo a desencoraja-los.


Entretanto, mais que um desejo, é um processo a se obedecer 

A verdadeira mudança em Moçambique requer uma transformação profunda que vai além da superfície e figuras políticas. É um processo complexo e de longo prazo que envolve a reestruturação da mentalidade colectiva, das instituições e da própria cultura política do país. 

Somente através desse esforço abrangente e sustentado será possível alcançar um progresso real e duradouro, capaz de atender às aspirações e necessidades do povo moçambicano.

Saudações e bênção de Paulino Intepo ao Verbalyzador®

Antigo PR Joaquim Chissano, autor Édson Macuacua & Ex-Presente Armando Guebuza. 


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