Como pode um Deus ter "Dedo Podre"?
Nesta, convidámos ao leitor a reflectir criticamente sobre as intersecções entre religião, política e moralidade, especialmente no contexto africano e moçambicano em particular.
Como pode um Deus ter "Dedo Podre"?
A expressão "Dedo Podre" é comumente usada no seio dos mais velhos, anciãos ditos como as bibliotecas móveis e guardiões da essência do modo de vida e preservação das nossas tradições, ao se referirem àqueles que escolhem parceiros incompatíveis no seu casamento. O que significa, diga-se, 'escolher errado'.
Mas também, quando por alguma razão o indivíduo está inocentemente fazendo escolhas erradas em outros aspectos da vida, ou mesmo tomando decisões que resultem em desastres e isso lhe acontecer frequentemente, diz-se que o sujeito tem "Dedo Podre". Daí que, sendo africano, me veio à cabeça a expressão e o questionamento se por acaso Deus também teria esse defeito.
Isso porque já vimos acompanhando há muito, atrocidades perpetradas por altas individualidades de quase todas as religiões. Onde frequentemente temos ouvido e acompanhado que para estarem na posição onde estão e a desempenhar esta ou aquela tarefa, etc., é porque Deus os escolheu ou é porque foram confiados por Deus. Coisas iguais ou ainda mais embelezadas, que muitos dos dirigentes e entidades religiosas alegam que tudo que fazem é pura vontade de Deus.
Numa reflexão concreta, estaria a endereçar mensagens positivas e elevar o nome de quem esteve na direção das eleições autárquicas de outubro de 2023. Ora, também na maioria dos processos eleitorais passados, tanto autárquicos quanto presidenciais, estiveram na direção da CNE cidadãos ligados a alguma religião, seja ela islâmica ou cristã. Porém, sempre se reclamou faltar transparência, dignidade e justiça eleitoral, por conta de casos de fraudes.
Torna-se complicado perceber se não era suposto que os tais gestores fossem exemplares, dando a César o que é de César. Aliás, na mesma linha, provavelmente no entender deles, a vontade popular nunca contou além da vontade de quem os mandasse fazer suas vontades, atropelando todos os valores éticos e morais, dos quais eles seriam os fervorosos defensores.
Fazer a vontade de um Deus não deveria ser algo divino? Ainda que dizem que ele olha mais para os pobres, os oprimidos, que serão exaltados no fim. Agora, dar o poder aos fraudulentos faz parte de quais princípios, ditos divinos? Não é justo julgar as autoridades que dizem fazer a vontade divina então, como dizem, não falo com o cão, falo com o dono do cão, sendo suas ovelhas, optamos por questionar ao dono do rebanho se ele também é vítima dos defeitos das criaturas feitas à sua semelhança em ter algum "Dedo Podre" ao escolher, indicar, nomear, conduzir, etc., ao poder ladrões, pedófilos, injustos e outros criminosos, para decidir e gerir a vida dos pobres ou da população.
Pesa na consciência fazer essa questão. Pois, pesa ainda mais reflectir se os que o representam têm dificuldade em ser boas pessoas, imparciais, transparentes e justos. Um dos nossos grandes homens na questão de santidade vai para a reforma. Mas a mídia o detona pela negativa como conivente de uma das recentes e renovadas fraudes na questão política de Moçambique.
Então, contudo e com todo respeito, com tantos falhados dizendo que ele foi quem lhes confiou, será que Deus também tem algum "Dedo Podre" na escolha de pessoas ideais para cargos certos? Nada pessoal, apenas refletindo.
Em última instância, que os escolhidos encontrem paz e bom descanso depois da cessação das suas funções por qualquer razão conveniente. Contudo, se não poderem ser exemplares, ao menos façam esforços de respeitar o termo DEUS!
Saudações.
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