FALHA O BOICOTE DO G20 - 'NOVA' ORDEM MUNDIAL SE FIRMA EM JOANESBURGO
Durante esta semana, fui surpreendido por um padrão inquietante que se repetia nas conversas, nos posts e nos pequenos desabafos espalhados pelas redes sociais. Brigas entre casais, acusações recíprocas, insatisfações íntimas, reclamações sobre a “performance” dos parceiros e, por vezes, desilusões construídas a partir de expectativas mal definidas. Tudo isto era apresentado como se alguém, algures, tivesse obrigação de possuir a resposta certa, o gesto certo, a posição certa, a atitude certa — uma espécie de manual emocional que ninguém escreveu, mas que todos parecem exigir, pois, até algumas televisões e rádios propalaram sobre isso.
Ao observar este mosaico de inquietações, concluí que não se trata apenas de crises individuais. É o reflexo de algo maior: o impacto da mídia, da cultura de exibição e da forma distorcida como as redes sociais moldam as nossas relações. Nunca tive uma opinião definitiva sobre este fenómeno — e talvez ninguém deva ter —, mas sempre procurei manter um ponto de equilíbrio. Contudo, tudo ganhou mais clareza quando encontrei uma declaração da autora Corissa Marie, que parece desmontar, com simplicidade e lucidez, as ilusões que estão a arruinar a beleza de viver a dois.
A sua mensagem é um convite à recuperação da intimidade natural, espontânea, vulnerável — algo que, aos poucos, estamos a perder. Traduzi o texto com fidelidade e rigor, porque acredito que merece ser lido na sua plenitude:
“Quando o sexo se transforma numa produção ou numa performance, é aí que ele perde o seu valor.
Sejam mútuos. Sejam barulhentos. Sejam desajeitados. Façam barulho, fiquem em silêncio, façam confusão. Mordam, arranhem, empurrem, puxem, segurem, avancem. Tirem a pressão do momento. Amem o momento. Abracem-no.
Apreciem o vosso corpo; apreciem o corpo do vosso parceiro. Suem, sejam naturais, despertem os vossos sentidos, rendam-se ao prazer. Choquem cabeças, falhem o beijo, riam quando isso acontecer.
Falem com palavras, falem com o corpo, falem com a alma do outro. Toquem na pele, beijem a carne arrepiada, brinquem com o cabelo. Gritem, implorem, murmuram, suspirem, deixem os dedos dos pés enrolarem, percam-se.
Corram atrás do fôlego; deixem as luzes acesas, olhem nos olhos quando o outro explodir. Esqueçam a preocupação com pele a mais, tamanhos, medidas e outras coisas sem significado.
Guardem as expectativas, vivam cada segundo à medida que ele chega. Borrem a maquilhagem, desarrumem o cabelo, libertem a masculinidade rígida e abandonem o ego.
Detonem juntos, colapsem juntos e derretam um no outro.”
— Corissa Marie
Depois de ler isto, percebi: não é a intimidade que está a desaparecer — somos nós que a estamos a matar. A cultura do espetáculo transformou o acto íntimo numa prova de competência, numa performance destinada a agradar, impressionar ou provar valor. Mas, ao tentarmos actuar, deixamos de sentir. E quando deixamos de sentir, deixamos de viver o que é essencial.
ninguém consegue amar com medo de falhar.
O sexo — enquanto expressão maior de entrega, conexão e humanidade — perdeu espaço para a comparação, para a insegurança e para o desejo constante de validação. É um paradoxo cruel: quanto mais tentamos “acertar”, mais nos afastamos da experiência real.
O texto de Marie resgata aquilo que é humano: o erro, o improviso, o riso inesperado, o toque genuíno, a respiração que tropeça, o corpo que não foi treinado para o palco, mas nasceu para o encontro.
Relembra-nos que o sentido do amor não está na perfeição, mas na sinceridade.
Não está no desempenho, mas na presença.
Não está no controlo, mas na entrega.
Num tempo em que tudo é performance — desde conversas a fotografias —, recuperar a naturalidade tornou-se um acto revolucionário. E talvez seja esse o primeiro passo para salvar os relacionamentos, e até a saúde emocional da humanidade, num mundo onde tudo é ensaio, pose e artifício.
É o lugar onde, finalmente, deixamos cair todas as máscaras.
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| @Maxpein (X) |
Esso conta o que vivi
ResponderEliminarE como te saíste?
EliminarEu amei alguém do jeito que não consigo ficar passar o dia sem pensar nela, mas ela tá já me bloqueou, o que faço?
ResponderEliminarAs pessoas não são máquinas. As verdades não são absolutas e muita coisa nos humanos é relativa: Se ela te bloqueou, mano, aceita e não insistas. Amor é mútuo — se só tu sentes, vira sofrimento. Cuida de ti, ocupa a mente e segue. Ninguém morre por alguém que já te fechou a porta. VOLTE AVTI É ESTEJA ATENTO AOS QUE VALORIZAM.
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