Lições de Faust sobre a Condição HumanaLições de Faust sobre a Condição Humana

O Canto Sombrio da Ambição

Em 1808, um gênio descobriu por que a ambição destrói mentes brilhantes. Mais de 200 anos depois, esse padrão oculto continua a devastar vidas como nunca antes. A armadilha é tão sutil que nem mesmo os maiores gênios conseguem percebê-la a tempo. Nada mais ou menos que nos referimos ao Dr. Johannes Georg Faust (1480-1540) da lenda popular alemã. 

Isso não é sobre os actuais dirigentes e líderes em Moçambique. É só uma questão de cultura geral e esse conhecimento valerá mais se partilhar esta matéria com mais pessoas nas suas redes sociais, ainda que sem o link desta publicação. Trata-se de albergar na vida pessoal algo quase impossível: a seguinte trindade que parte do Conhecimento ilimitado; das Experiências infinitas; e, do Poder de Transcender as Limitações Humanas. 

A verdade sombria sobre a excelência

Imagine um homem no ápice da realização humana. Um renomado estudioso, médico e teólogo chamado Fausto. Ele dominou todos os campos do conhecimento, conquistou alturas intelectuais que pareciam inalcançáveis e realizou o que outros julgavam impossível.

Ainda assim, em seus aposentos privados, cercado de aclamação e glória, ele fez uma descoberta devastadora: todo o seu conhecimento parecia vazio, todas as suas honras soavam inúteis, e toda a sua maestria se mostrava sem sentido.

Em um momento de desespero existencial, Fausto (Goethe) tomou uma decisão que ecoaria por séculos. Ele convocou Mefistófeles, o próprio diabo, e propôs um pacto. Sua alma eterna seria a moeda de troca pela trindade impossível:

  • Conhecimento ilimitado;
  • Experiências infinitas;
  • E, o poder de transcender as limitações humanas. 

O diabo sorriu e aceitou. Assim começou a descida de Fausto — uma trajectória solitária e sombria que se tornaria o maior estudo psicológico da humanidade, um alerta eterno sobre o verdadeiro preço da ambição infinita.

Os demônios mais perigosos

Nessa senda percorrendo a jornada assegurada por esse diabo, Fausto desce destemidamente e descobre nessas profundezas que cada alma humana existe uma verdade terrível: os demônios mais perigosos não são aqueles que nos tentam com o mal. São os que nos seduzem com a promessa de divindade.

E tem mais, chega-lhe a visualização que lhe lhe leva a concluir que por trás do verniz medieval da história de Fausto, ainda, esconde-se uma verdade psicológica assustadora. Os maiores actos de autodestruição não começam na escuridão. Eles nascem de uma consciência insuportável da luz que não podemos alcançar.

Mesmo assim, Fausto não foi corrompido pelo mal como acontece em muitos que tem tido essa experiência voluntária ou acidentalmente; ele foi apenas atormentado pela excelência. No auge de seus poderes, ele não apenas possuía conhecimento, mas também a devastadora consciência de quão pouco sabia de facto.

O desespero metacognitivo

Mefistófeles não seduz Fausto com prazeres mundanos, mas com potencial. Nesse caso, a promessa embalada em palavras como "tudo isso poderia ser seu..." não se refere à posse, mas à transformação. O maior truque do diabo foi fazer a danação parecer transcendência.

Por tanto, enquanto Fausto buscava o conhecimento supremo, ele descobriu uma verdade aterrorizante: quanto mais se entende, mais se percebe o quão pouco pode realmente ser compreendido. Essa é a vertigem epistemológica, o abismo que o conhecimento desvela. Normalmente seria onde deveria ocorrer a verbalyzação (risos).

O delírio de transcendência

A verdadeira tragédia de Fausto não foi vender sua alma. Não. Mas sim, foi acreditar que sua alma era negociável. Ele caiu na armadilha de achar que poderia escapar da condição humana através de um pacto. Quer dizer, concretamente não conseguiu exactamente, enganar o diabo com tanta inteligência que possuía?

Hoje, essa mesma tentação ressurge em formas modernas. Empreendedores obcecados com o status de "unicórnio", criadores perseguidos pela genialidade e líderes obcecados por construir legados estão, muitas vezes, negociando com sua própria necessidade desesperada de transcender os limites humanos.

O que Fausto aprendeu na danação

A salvação de Fausto não veio da transcendência. Ela emergiu quando ele finalmente aceitou as limitações que tanto tentou superar. Essa é a lição mais profunda: a verdadeira grandeza não está em escapar da condição humana, mas em habitá-la plenamente. Daí que um dos mais conselhos ecoa frisando que a aceitação é uma espécie de iluminação plena sobre o que nos assusta na vida .

Sabedoria final

Antes de fazer seu próprio pacto fáustico, lembre-se: a maior vitória do diabo não é fazer você vender sua alma, mas convencê-lo de que sua essência humana é algo que pode ser negociado. Portanto, uma saída é possível em beleza e longe da pretensão para com qualquer pacto igual ou semelhante, basta que:

  1. Abrace seus limites — eles são o cadinho da verdadeira criação;
  2. Aceite a incerteza — ela é a fonte da verdadeira sabedoria;
  3. Ame sua humanidade — ela é a nascente do poder autêntico.

Pois a condição humana não é uma prisão a ser evitada. É, na verdade, o portal para a transcendência genuína. Que chegue o dia 09 de Janeiro de 2025 e seja a história que ninguém imagina até então xomo irá contar devido às limitações que fomos impostos ao longo dos 50 anos. 

Créditos: Todd Jacob

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