A Crise de Governança e a Urgência de Reconciliação em Moçambique
Não é onde queríamos chegar, mas ainda podemos ir mais longe, caso algo seja feito de forma certa.
A incerteza torna-se cada vez mais clara, e a solução para a actual situação de Moçambique está cada vez mais distante, especialmente por parte de quem deveria, por direito, agir com responsabilidade. O problema já não se resume a Venâncio Mondlane como candidato à presidência ou a Manuel de Araújo como governador da Zambézia. Trata-se, antes, da falta de seriedade, integridade, transparência, justiça e respeito por parte de algumas instituições cruciais para com o povo moçambicano.
Se o STAE, a CNE e o Conselho Constitucional tivessem demonstrado, ao longo dos anos, imparcialidade, transparência e justiça nos processos eleitorais, Moçambique poderia ter experienciado diferentes formas de governação. Além dos "venancistas", há 10 ou 20 anos atrás, poderíamos ter tido um governo da Renamo, uma possível maioria do MDM, ou mesmo novas forças políticas emergentes, enquanto outras desapareceriam naturalmente.
Entretanto, criou-se um teatro de corrupção, legitimado como um sistema funcional, na esperança de que ninguém ousasse combatê-lo ou tentar derrubá-lo. Hoje, vivemos em um cenário de desconfiança generalizada nos juízes, no sistema de saúde e, ainda mais, no sistema de educação.
No que diz respeito à integridade, sobra apenas o Exército moçambicano como último reduto. Contudo, sempre existiu o receio de que as forças armadas se voltassem contra o governo, caso este fosse percebido como incompetente. Para evitar tal risco, o exército foi deliberadamente desestruturado, com base em acções de oficiais ou altas patentes que restaram como residuais após o Acordo Geral de Paz. Hoje, vemos ruínas onde antes haviam quartéis e fardados assalariados no lugar de soldados da pátria.
Essa falta de respeito e compromisso não se limita às forças armadas. É um reflexo do comportamento de altos dirigentes das instituições do Estado, sob o actual governo. Não há espírito patriótico nem senso de responsabilidade. A palavra "patriotismo" tornou-se apenas um slogan vazio, usado para conter subordinados diante dos estragos provocados por líderes corruptos e incompetentes.
O país não tem líderes, mas paus-mandados e oportunistas incapazes de formular um pensamento nacional a longo prazo. Esses indivíduos agem como parasitas do Estado, ignorando a responsabilidade de servir à nação. Hoje, é difícil convencer a juventude de que, em algum momento, existiu patriotismo entre os dirigentes moçambicanos, especialmente quando símbolos nacionais, como a bandeira, são tratados com negligência e respeito apenas em ocasiões formais.
Por que confiar nas instituições de um governo cujos líderes ignoram as necessidades básicas da população e a vontade popular? Como esperar justiça de uma polícia que protege os poderosos, ao invés de exigir deles responsabilidade e respeito pelo país?
Para aqueles que defendem reformas, cresce o desespero. Muitos chegam a estimular o caos, acreditando ser a única forma de remover parasitas que não se preocupam com Moçambique. Participar de um governo ou alcançar posições de poder não deveria ser um passe livre para corrupção, sabotagem e pilhagem.
O caos actual não é causado pelos jovens frustrados nem pelas crianças abandonadas. Essa crise é fruto da irresponsabilidade de instituições como o STAE, a CNE, o Conselho Constitucional e até a PGR, que, por sua influência, poderiam mudar o curso da história do país. A situação educacional também reflecte essa decadência: os melhores alunos são ignorados, enquanto os piores, aprovados por métodos fraudulentos, ocupam posições estratégicas, sem demonstrar competência mínima ao longo da vida.
Estamos à mercê de um disparate total. O povo, outrora alertado sobre a possibilidade de acordar para essa realidade, agora se vê impotente, com manifestações populares silenciadas e ridicularizadas pelos meios de comunicação controlados pelo partido dominante.
Essa escalada de problemas não foi uma surpresa. Havia sinais e alertas. Talvez tenha sido mesmo intencional permitir que a situação chegasse a esse ponto. Agora, mais uma vez, parece que precisaremos recorrer a forças externas para promover uma reconciliação entre um governo corrupto e inapto e o povo moçambicano. Pior que os académicos, mergulhados na cegueira partidária não podem formular argumentos imparciais e lúcidos que contribuam para um pensamento reconciliador e construtivo.
Que haja paz e ordem, com urgência, na República de Moçambique.
SALVE MOÇAMBIQUE 🇲🇿 VIVA VENÂNCIO 💪 POVO NO PODER
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